Delta vai saindo do caminho sem dar um pio.
Por Reinaldo Azevedo
Algo
 de muito estranho está em curso. Há jabutis demais sobre as árvores 
para que consideremos tudo normal. 
Até outro dia, não se ouvia falar da 
Delta e de Fernando Cavendish. Foi VEJA quem tirou a construtora de seu 
espantosamente bem-sucedido ostracismo noticioso em reportagem que
 começou a chegar aos leitores no dia 7 de maio do ano passado. O texto 
informava então o vertiginoso crescimento da empresa. 
De empreendimento 
modesto, chegou, durante o lulo-petismo, à condição de Número Um do PAC.
  
Entre uma coisa e outra, a Delta teve um consultor. Seu nome: José 
Dirceu.
Em entrevista à revista concedida então, os empresários José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado,
 que chegaram a ser sócios de Cavendish em outro negócio, não 
economizaram palavras. Indagados sobre o objetivo da consultoria 
prestada por aquele que a Procuradoria Geral da República chama “chefe 
de quadrilha”, foram claros:
 
“Tráfico
 de influência. Com certeza, é tráfico de influência. O trabalho era 
aproximar o Fernando Cavendish de pessoas influentes do governo do PT. 
Isso, é óbvio, com o objetivo de viabilizar a realização de negócios 
entre a empresa e o governo federal.”
E como Dirceu foi contratado? Justamente por intermédio da empresa de que eram sócios, a Sigma:
“A contratação foi feita por 
debaixo do pano, através da nossa empresa, sem o nosso conhecimento. Um 
dia apareceram notas fiscais de prestação de serviços da JD Consultoria.
 Como na ocasião não sabia do que se tratava, eu me recusei a autorizar o
 pagamento, o que acabou sendo feito por ordem do Cavendish.”
Prestem, agora, atenção, às considerações feitas por eles sobre duas obras nas quais a Delta estava envolvida:
Sobre a Petrobras, afirmou Quintella:
 
Sobre a Petrobras, afirmou Quintella:
“A Delta começou a receber convites de 
estatais para realizar obras sem ter a capacidade técnica para isso. A 
Petrobras é um exemplo. No Rio de Janeiro, a Delta integra um consórcio 
que está construindo o complexo petroquímico de Itaboraí, uma obra 
gigantesca. A empresa não tem histórico na área de óleo e gás, o que é 
uma exigência Ainda assim, conseguiu integrar o consórcio. Como? 
Influência política.”
Sobre o Maracanã, afirmou Romênio
“O caso da reforma do Maracanã é outro exemplo. A Delta está no consórcio que venceu a licitação por 705 milhões. A obra mal começou e já teve o preço elevado para mais de l bilhão de reais. Isso é uma vergonha. O TCU questionou a lisura do processo de licitação. E quem veio a público fazer a defesa da obra? O governador Sérgio Cabral. O Cavendish é amigo último do Sérgio Cabral. A promiscuidade é total.”
(...)“O caso da reforma do Maracanã é outro exemplo. A Delta está no consórcio que venceu a licitação por 705 milhões. A obra mal começou e já teve o preço elevado para mais de l bilhão de reais. Isso é uma vergonha. O TCU questionou a lisura do processo de licitação. E quem veio a público fazer a defesa da obra? O governador Sérgio Cabral. O Cavendish é amigo último do Sérgio Cabral. A promiscuidade é total.”
Algo estranho…
Parece-me que a ordem dos eventos indica que uma maneira de “salvar” a Delta é desmontar a Delta o mais rapidamente possível. Não estou fazendo uma afirmação, mas apenas uma consideração:
Parece-me que a ordem dos eventos indica que uma maneira de “salvar” a Delta é desmontar a Delta o mais rapidamente possível. Não estou fazendo uma afirmação, mas apenas uma consideração:
Fernando 
Cavendish atua como se fosse uma espécie de testa de ferro que 
obedecesse a um comando. É visível o esforço empreendido para tirar logo
 a empresa do caminho — e ela sai, sem oferecer nenhuma resistência. Ele
 próprio deixa claro que não quer ser empecilho. A quem ou quê?
Para o bem 
geral da nação, se a CPI quisesse mesmo prestar um serviço ao Brasil, 
teria de apurar a fundo as relações dessa empresa com o estado 
brasileiro e seu formidável crescimento nos últimos nove anos. Vai 
fazê-lo?
São tantas 
as obrigações da Delta com o PAC que não se descarte que um grupo de 
empresas, sob a supervisão oficial, assuma suas operações para “salvar 
empregos” e as honras da casa…
 

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