sexta-feira, 30 de setembro de 2016

PETROLÃO - E-MAIL COMPROMETE LULA

EM E-MAIL DE 2005, ODEBRECHT DIZ QUE LULA PROMETEU ‘DESTRAVAR’ PROJETOS


Estadão

Em um e-mail de janeiro de 2005 enviado por Marcelo Bahia Odebrecht – preso pela Operação Lava Jato há 1 ano e 3 meses – para executivos do grupo ele afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria se disponibilizado para “ajudar a destravar qualquer dificuldade para fazer acontecer”. O documento em poder da força-tarefa, em Curitiba, integra o pedido de conversão da prisão do ex-ministro Antonio Palocci, feito nesta sexta-feira, 30, de temporária (de 5 dias) em preventiva (sem prezo). Ele foi detido alvo da 35ª fase, batizada de Omertà, acusado de receber R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht para o PT, entre 2008 e 2013.

“Lula ficou de eleger 3 projetos e conduzir o assunto através de um grupo (Palocci, Dilma e Min. Transportes) ficando disponível para ajudar a ‘destravar’ qualquer dificuldade para fazer acontecer”, escreve Odebrecht, em e-mail de 19 de janeiro de 2005, para 9 executivos do grupo. O assunto tratado era da agenda que o pai, Emílio Odebrecht, teria acertado com o ex-presidente. “Segue a agenda que meu pai repassou com Lula em sua reunião de 6ª.”

Para a Lava Jato, Palocci, que era tratado como “Italiano” nas mensagens cifradas da Odebrecht, seria um dos canais do grupo com o governo federal na obtenção de vantagens na Petrobrás – e em outras áreas de negócios -, mediante o pagamento de propinas.

“Pediu para que nós liderássemos os três projetos (acertou-se que envolveríamos outras empresas junto com a ABDIB). Ele ficou de retornar via o Italiano para nós, de como conduziríamos os próximos passos”, complementa Odebrecht, na mensagem. “(Se o italiano não retornar eu o procuro semana que vêm).”

O delegado Filipe Hille Pace, que pediu a prisão preventiva de Palocci, destaca de no e-mail Odebrecht também relata que o próprio Lula se prontificou a “destravar” qualquer dificuldade que a Odebrech tivesse “junto à estes projetos que lhe foram prometidos.”

Lula, nem a ex-presidente Dilma Rousseff, são alvos desse inquérito. O documento, segundo o delegado, foi anexado para comprovar que Palocci era interlocutor do Grupo Odebrecht em supostos negócios escusos com o governo federal.

“Marcelo Odebrecht obteve de seu pai, Emilio Alves Odebrecht, a informação de que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha ficado de escolher três projetos, possivelmente da esfera federal, para serem entregues para execução/contratação pela/da Odebrecht, tendo designado Antonio Palocci e outros para conduzirem o assunto”, interpreta o delegado.

‘Amigo’

O delegado da Lava Jato reuniu ainda um e-mail de 2014 para mostrar que “amigo do pai” seria referência ao ex-presidente Lula.

“Deve ser ressalvado que o documento investigativo foi utilizado, neste momento, apenas para expor os motivos que permitiram concluir que o ‘amigo do pai’ de Marcelo Bahia Odebrecht é Luiz Inácio Lula da Silva.”

Lula virou réu da Lava Jato em Curitiba na última semana, mas é alvo de outras apurações. No documento em que pediu a conversão da prisão de Palocci, Pace registrou “as novas análises – especialmente o e-mail que segue abaixo – corroboram parte da acusação criminal feita recentemente pelo Ministério Público Federal em face do ex-Presidente da República, por meio da qual lhe imputam ter se utilizado de pessoas próximas a ele para a prática dos crimes pelos quais é processado”.

Para o inquérito de Palocci, o delegado destaca que novos relatórios trouxeram dados dessa ligação do ex-ministro com Lula e que “eventuais desdobramentos e investigações a partir do conteúdo” serão repassados para investigadores da equipe da Lava Jato.

Na denúncia do Ministério Público Federal que levou Lula para o banco dos réus pela primeira vez, na 13ª Vara Federal, em Curitiba, do juiz federal Sérgio Moro, o petista é acusado de ser o “comandante máximo” da organização criminosa que teria atuado na Petrobrás, entre 2004 e 2014 – gerando um desfalque de mais de R$ 40 bilhões.

A imputação do crime de associação criminosa a Lula no esquema de fatiamento político da Petrobrás entre PT, PMDB e PP, para arrecadação de percentuais fixos de propinas em conluio com um cartel de empreiteiras, será alvo de denúncia ainda no Supremo Tribunal Federal (STF), a ser feita pela Procuradoria Geral da República (PGR). Em Curitiba, os processos tratam sobre supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

DOS TRÊS PORQUINHOS SÓ RESTOU UM

“A nova etapa da guerra” e outras cinco notas de Carlos Brickmann

Dos Três Porquinhos, um, Dutra, morreu há um ano; outro, Palocci, está preso. Como no clássico livro de mistério O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie, dos Três Porquinhos só restou um


Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Depois da prisão de Palocci, o grande articulador da aliança entre o PT e parte do grande empresariado, alguns dias de folga: não pode haver prisões, exceto em flagrante, até dois dias depois das eleições. Mas este colunista, mesmo não sendo nenhum Alexandre de Moraes, pode garantir que, passado o prazo de calma imposto pela lei eleitoral, a Lava Jato volta às atividades externas. Até lá, dedica-se às atividades internas – como a leitura e análise do rico material apreendido na Odebrecht. É muita coisa.

Por exemplo, foi determinado o bloqueio de R$ 10 milhões na conta de Guido Mantega, mas só foram encontrados R$ 4 mil. Ou os R$ 10 milhões nunca existiram – e a fonte da informação passa a ser suspeita – ou existiam e foram distribuídos. No caso, para quem?

Um detalhe: ainda não houve a delação premiada de Marcelo Odebrecht e de alguns de seus executivos. Por enquanto, o que se analisa é o material apreendido – que entre outras coisas indica a transferência de R$ 128 milhões da Odebrecht para Palocci. A apreensão de papéis de Palocci e Mantega pode trazer novos subsídios à investigação, talvez com novas ordens de prisão. Outro detalhe: o pedido de prisão de Palocci não partiu dos procuradores, mas da Polícia Federal – que não se limita portanto, a cumprir ordens, mas age ativamente na investigação. Se alguém quiser controlar a Lava Jato, terá de convencer o juiz, os procuradores e a Federal.

Curiosidade

Os três homens-chave da campanha de Dilma eram chamados por ela, nos seus raros momentos de bom-humor, de Três Porquinhos: José Eduardo Dutra, Antônio Palocci e José Eduardo Martins Cardozo. Dos Três Porquinhos, um, Dutra, morreu há um ano; outro, Palocci, está preso. Como no clássico livro de mistério O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie, dos Três Porquinhos só restou um.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

OMERTÀ: SEM TER COMO SE DEFENDER, O PT ATACA

FICHA DE PALOCCI É SUJA DESDE QUANDO FOI PREFEITO


A prisão de Antônio Palocci, ex-ministro de Lula e de Dilma, levou o PT a fingir “indignação” outra vez, como se os ladrões fossem heróis e os culpados estivessem na força-tarefa da Lava Jato. Palocci é chamado de “ladrão” pelos adversários desde quando foi prefeito de Ribeirão Preto (SP) e acusado de envolvimento no escândalos como da “máfia do lixo”. Como ministro, foi acusado de multiplicar sua fortuna.

Rogério Buratti, ex-assessor, revelou que a “máfia do lixo” da prefeitura de Ribeirão Preto pagava mensalão de R$ 50 mil a Antonio Palocci.

O caseiro Francenildo sofreu perseguição implacável após confirmar que Palocci ia muito a mansão frequentada por prostitutas, em Brasília.

Condenada a pagar R$ 400 mil ao caseiro, a Caixa alegou não ter havido quebra, mas somente a “transferência” do sigilo a Palocci.

Leia mais na coluna do jornalista Claudio Humberto

LAVA JATO ATUAÇÃO DE PALOCCI EM FAVOR DA ODEBRECHT FOI "INTENSA E REITERADA", DIZ MPF

SEGUNDO O MPF, A EMPREITEIRA REPASSOU R$ 128 MILHÕES AO EX-MINISTRO

A PROCURADORA LAURA GONÇALVES DESTACOU QUE REPASSES REGISTRADOS PARA O ITALIANO NÃO OCORRERAM APENAS EM PERÍODO ELEITORAL. (FOTO: ANTÔNIO CRUZ/ABR)
Em coletiva para detalhar a 35ª fase da Operação Lava Jato, a procuradora da República Laura Gonçalves Tessler disse que o ex-ministro Antônio Palocci teve atuação “intensa e reiterada” na defesa de interesses da empreiteira Odebrecht na administração pública federal. Segundo a procuradora, a empreiteira repassou R$ 128 milhões a uma conta que seria gerida pelo ex-ministro. Palocci foi preso preventivamente na manhã de hoje (26) quando a Polícia Federal deflagrou a nova fase da Operação, chamada Operação Omertá.

De acordo com Laura Gonçalves, haveria um conta destinada ao recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht e Palocci seria o gestor dessa conta. “Se verificou uma atuação intensa e reiterada de Palocci na defesa de interesses da empresa perante a administração pública federal envolvendo contratos com a Petrobras, questões veiculadas e medidas legislativas. Essa atuação se deu mediante a pactuação e recebimento de contrapartidas em favor do Partido dos Trabalhadores. Palocci, ao que tudo indica, atuava como gestor dessa conta tendo atuado desde 2006 até pelo menos novembro de 2013, comprovadamente, com pagamentos documentados nessa planilha”, disse a procuradora.

Os valores discriminados na planilha da construtora eram registrados em nome de "Italiano”, segundo a Polícia Federal (PF). O delegado da PF Filipe Pace disse que não há “sombra de dúvida” de que o “Italiano” que aparece nas planilhas de Marcelo Odebrecht é o ex-ministro Palocci.

A procuradora Laura Gonçalves destacou que repasses registrados para o Italiano não ocorreram apenas em período eleitoral. “O que revela mais claramente se tratarem de propina, já que não havia em curso qualquer campanha eleitoral que subsidiasse esses pagamentos”, disse.

Para o Ministério Público Federal, há indicativos de que Palocci tenha atuado em outros casos em defesa dos interesses da empresa. Segundo a procuradora Laura Gonçalves, foram registrados quase 30 encontros pessoais entre Palocci e executivos da empresa, muitos deles na casa do ex-ministro e no escritório de sua empresa.

Laura Gonçalves afirma ainda que, mesmo no curso da Operação Lava Jato e em 2014 e 2015 foram verificados contatos entre Palocci e executivos da Odebrecht, inclusive com o uso de e-mails criptografados. “O que indica a possibilidade de que continuassem essas tratativas ilícitas já que obviamente para realização de reuniões para assuntos triviais não se precisa ter essa preocupação de criptografia”, disse a procuradora.

Defesa

O advogado de Palocci, José Roberto Batochio, criticou a prisão de seu cliente, dizendo que tudo ocorreu de maneira secreta, ao estilo ditadura militar. “Estamos voltando aos tempos do autoritarismo, da arbitrariedade. Não há necessidade de prender uma pessoa que tem domicílio certo, que foi duas vezes ministro, que pode dar todas as informações quando for intimado. É por causa do espetáculo?”, questionou.

Ele ainda negou as acusações contra Palocci. “Isso é uma coisa absolutamente vaga, vazia. Para quem quer pretexto, isso é pretexto, mas o fato é que o ministro da Fazenda tem que ter uma interlocução com o setor empresarial, com a cadeia produtiva do Brasil, para que se estabeleçam as políticas públicas. Se um ministro conversa com alguém da iniciativa privada, já é suspeito de praticar crime?”, perguntou Batochio. (ABr)

PT QUER TIRAR MORO DO SÉRIO PARA DEPOIS ALEGAR ‘SUSPEIÇÃO’

ORDEM DO PT É PROVOCAR ATÉ MORO PERDER A PACIÊNCIA E REAGIR

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Diário do Poder

A estratégia foi definida em reunião reservada do PT e segredada por Lula, há dias, em sua visita ao Ceará: provocar ao máximo o juiz Sérgio Moro a fim de que ele perca a paciência e reaja com declaração forte contra o ex-presidente Lula. O objetivo da estratégia, recomendada por advogados petistas, é criar pretexto para alegar “suspeição” do juiz que faz Lula tremer de medo, conseguindo tirar o processo das suas mãos. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

Lula teve reuniões dramáticas com seus advogados, aos quais pediu uma única coisa: conseguirem, a qualquer preço, livrá-lo de Moro.

Foram destacados para provocar Sérgio Moro o próprio Lula, seus advogados, parlamentares, sindicalistas e o presidente do PT.

Lula difunde a fantasia de que virou réu por “razões políticas”. Diz apostar que ninguém terá “coragem” de prendê-lo.

O SETOR DE PROPINAS DO PT

O Antagonista

Andréia Sadi, da GloboNews, teve acesso aos depoimentos de Fernando Migliaccio, gerente do Setor de Propinas da Odebrecht.

De acordo com ele, Marcelo Odebrecht mandava entregar o dinheiro sujo diretamente a Antonio Palocci.

A mulher de João Santana reclamava de atrasos nos pagamentos de propina e dizia que procuraria Guido Mantega, a fim de cobrá-lo.

Em 2014, durante a campanha de Dilma Rousseff, Dona Xepa procurou Fernando Migliaccio. Ela estava preocupada com a Lava Jato e queria saber se ele havia depositado dinheiro da Odebrecht em sua conta no exterior.

Sim, o dinheiro havia sido depositado.

domingo, 25 de setembro de 2016

‘MOVIMENTO INTERNACIONAL’ DE APOIO A LULA NADA TEM DE ESTRANGEIRO

MOVIMENTO PRÓ-LULA, LANÇADO EM NOVA YORK, É BANCADO PELA CUT


Petistas agora são acusados de fraudar até a campanha “Stand With Lula”, em Nova York, supostamente promovida por “entidades internacionais” em defesa do ex-presidente que é réu por corrupção. O suposto “movimento internacional”, lançado simultaneamente à abertura da assembleia geral da ONU, é bem brasileiro, chefiado por um João Felício, sindicalista fundador do PT e ex-presidente da CUT. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

A central sindical petista CUT, que ganhou orçamento milionário nos governos do PT, é patrocinadora do “movimento internacional”.

No Brasil, o evento foi divulgado como iniciativa de líderes estrangeiros solidários a Lula, mas eram apenas dois advogados do ex-presidente.

A iniciativa, ordenada pelo PT, tenta minimizar os danos à imagem de Lula no exterior, hoje vinculada a notícias de roubo do dinheiro público.

O tal “movimento” foi lançado no Rockfeller Center, ícone da pátria do capitalismo localizado na 5ª Avenida, região tomada por grifes de luxo.

Leia mais na coluna do jornalista Claudio Humberto.

sábado, 24 de setembro de 2016

OPERAÇÃO ARQUIVO X PODE TER VAZADO PARA MANTEGA

MANTEGA ÀS 4H30 EM HOSPITAL GEROU DESCONFIANÇA NA LAVA JATO



A estranha chegada do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega às 4h30 da madrugada no Hospital Albert Einstein, onde sua mulher faria um procedimento não explicitado, provocou a desconfiança de setores da Lava Jato, em Curitiba, sobre eventual vazamento da 34ª fase da operação. A suspeita é a ida de Mantega ao hospital pode ter sido planejada, e o objetivo seria provocar uma “comoção” com a prisão. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

Mantega parecia preparado para ser preso: usava casaco pesado, boné e até cavanhaque, truques de disfarce.

Oficialmente, Mantega acompanhou sua mulher para internação no hospital, às 4h30, com objetivo de se preparar para o “procedimento”.

“Nem paciente do SUS precisa chegar aqui às 4h30 para qualquer coisa”, diz um desconfiado funcionário do Albert Einstein.

Se a PF concluir que há elementos suficientes para estabelecer a suspeita vazamento, um inquérito deve ser aberto para apurar.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

OS LIMITES DE LULA

Editorial do Estadão

Ex-presidente e seus advogados decidiram simplesmente denunciar o sistema judicial brasileiro, como se aqui vigorasse a mais grossa ditadura

Por: victoriraja (23/09/2016)

O ex-presidente Lula se considera um perseguido político. Essa será sua linha de argumentação no processo em que é acusado de auferir vantagens do esquema do petrolão, flagrado pela Lava Jato. Isso significa que, agora transformado em réu pelo juiz federal Sergio Moro, Lula exercerá seu direito de defesa além da mera formalidade, uma vez que atende às exigências do devido processo legal e ao mesmo tempo nega sua validade, pois considera o processo ilegítimo e vê o tribunal e os promotores como integrantes de um complô para impedir sua volta à Presidência da República.

Assim, Lula e seus advogados decidiram simplesmente denunciar o sistema judicial brasileiro, como se aqui vigorasse a mais grossa ditadura. Para Lula, o processo nem deveria existir, dado que sua inocência é clara como a luz do dia e só é questionada por quem tem má-fé. Por esse raciocínio, a Justiça só provará sua isenção se absolver Lula e se lhe pedir desculpas, algo que o ex-presidente, aliás, já cobrou.

Tal estratégia mal esconde a aflição de Lula com o risco de vir a ser preso. A denúncia que Moro aceitou já é a segunda relativa ao petrolão – a primeira, que corre na Justiça Federal de Brasília, o acusa de obstrução de Justiça. No caso que está na 13.ª Vara Federal de Curitiba, Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema de assalto à Petrobrás, do qual, segundo o Ministério Público Federal, o ex-presidente é o “comandante supremo”.

A acusação afirma que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propina da empreiteira OAS entre 2006 e 2012. Moro considerou haver “indícios razoáveis” de que um triplex no Guarujá foi dado pela OAS a Lula, embora a empresa tenha se mantido como proprietária formal. A empreiteira realizou melhorias no apartamento sob orientação da mulher de Lula, Marisa Letícia, razão pela qual a ex-primeira-dama também foi denunciada. Ademais, a empreiteira custeou o armazenamento do acervo que o ex-presidente alega ser seu, acomodado em 14 contêineres. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto – outro denunciado –, reconheceu esse pagamento, mas insistiu que não se trata de crime. Okamotto não disse qual foi a contrapartida para tanta generosidade.

A acusação de que Lula chefiou o petrolão não consta do processo, embora tenha sido enfatizada pelos procuradores na apresentação da denúncia. Moro entendeu que essa omissão se justifica porque a acusação de associação criminosa consta de processo que, por envolver agentes com foro privilegiado, corre no Supremo Tribunal Federal. Mesmo assim, o juiz considerou que a acusação dos promotores sobre o papel proeminente de Lula no esquema é relevante, uma vez que as vantagens materiais dadas pela OAS ao ex-presidente só se justificariam no contexto do petrolão.

Moro também deixou claro que este ainda não é o momento de fazer um exame das provas, mas apenas de analisar se a denúncia tem justa causa. Isso significa que a aceitação da denúncia não representa qualquer julgamento sobre a culpa do réu, que “poderá exercer livremente sua defesa”.

Mas o direito à ampla defesa não parece interessar a Lula. Confrontado com tão evidentes sinais de que não é a “viva alma mais honesta deste país”, como certa vez se jactou, o ex-presidente parece intuir que será irremediavelmente condenado caso se submeta apenas ao devido processo legal. Assim, Lula desencadeou uma campanha mundial para caracterizar o processo como político.

No Brasil, Lula mandou que os candidatos petistas nas eleições municipais, que já enfrentam enormes dificuldades para superar a hostilidade do eleitor, usem a campanha para defendê-lo. Assim, o chefão petista atrela o seu destino e o do partido no que pode ser o abraço dos afogados. No exterior, a tigrada deflagrou uma campanha constrangedora intitulada “Stand with Lula” (“Estamos com Lula”), que pede apoio internacional ao ex-presidente, caracterizado como “pai do Brasil moderno”.

Como sempre, Lula refugia-se em mentiras e fabulações, ofendendo a inteligência alheia e a própria democracia, para não ter de responder por seus atos. Felizmente, porém, sua margem de manobra parece se estreitar cada vez mais.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ARQUIVO X: AGENDA CONFIRMA ENCONTRO ENTRE EIKE E MANTEGA

O Antagonista

Eike Batista anexou ao processo que pediu a prisão de Guido Mantega a agenda oficial do ex-ministro em 1º de novembro de 2012. Às 12h daquele dia, os dois se encontraram no Ministério da Fazenda, duas horas após Mantega ter se reunido com Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.

Foi nesse encontro que teria sido negociado o repasse de R$ 5 milhões para o PT.

"ARQUIVO X" CADA VEZ MAIS PERTO DO CHEFÃO

Eike fala à Lava Jato: Assista ao depoimento que entregou Mantega

Empresário afirmou que ex-ministro pediu doação ao PT, no valor de 5 milhões de reais, em forma de quitação de campanha

Eike Batista


O depoimento prestado espontaneamente pelo empresário Eike Batista à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foi crucial para a prisão, nesta quinta-feira, do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Ainda que o juiz Sergio Moro tenha decidido liberar o ex-ministro para que acompanhe o tratamento da mulher contra uma grave doença, as investigações prosseguem normalmente – e a colheita de provas já foi realizada.

Eike prestou depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato, no qual explicou em detalhes como Mantega pediu doação ao PT, no valor de 5 milhões de reais, em forma de quitação de campanha. A reunião foi no dia 1 de novembro de 2012, fora de período eleitoral. Assista a seguir:




PRIVILÉGIO DE ELITE AO PARTIDO "DUSPOBRI"

Moro manda soltar Mantega

Decisão se deu em decorrência do fato de o ex-ministro ter sido preso quando acompanhava a mulher em uma cirurgia. Mas as investigações prosseguem

Por Carolina Farina - VEJA

Guido MantegaO ex-ministro Guido Mantega chega à sede da Polícia Federal, em São Paulo, após ser preso temporariamente durante a 34ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Arquivo X - 22/09/2016 (Nacho Doce/Reuters)

O juiz Sergio Moro decidiu há pouco revogar o mandado de prisão contra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Isso porque o ex-ministro foi preso quando acompanhava a mulher numa cirurgia no Hospital Albert Einstein, na capital paulista – fato do qual não sabiam o juiz ou a Polícia Federal.

Escreveu o juiz em seu despacho: “Com base nesses fatos e para preservar as buscas e apreensões, acolhi pedido do MPF para decretação da prisão temporária dele e de outros investigados. Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia”.

Leia também:
Mantega usou cargo de ministro para favorecer amigo empresário, aponta Zelotes

E prossegue: “Tal fato era desconhecido da autoridade policial, MPF e deste Juízo. Não obstante, considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o ex-ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento. Procedo de ofício, pela urgência, mas ciente de essa provavelmente seria também a posição do MPF e da autoridade policial”. Moro ressalta que a decisão se dá sem prejuízo das demais medidas e a avaliação de medidas futuras.

Os agentes federais pretendiam prender o ex-comandante da Fazenda na casa dele, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, mas no local só estava o filho de Mantega, que é menor de idade. Por isso, seguiram para o hospital. Chegando lá, entraram em contato com o ex-ministro por telefone e ele se apresentou espontaneamente na portaria do edifício. Em seguida, Mantega e os policiais foram até o apartamento, onde foi cumprido o mandado de busca e apreensão. A PF informou que, tanto na casa de Mantega, quanto no hospital, o procedimento foi “discreto, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado”.

A Arquivo-X, como foi batizada essa nova ação, apura irregularidades em dois contratos assinados entre a Petrobras e o consórcio Integra Offshore, formado pela OSX e Mendes Júnior, para a construção das plataformas P-67 e P-70 para a exploração das reservas do pré-sal. Segundo a investigação, em meados de 2012, Mantega negociou com as empresas contratadas pela estatal para repassar recursos para pagamentos de dívidas de campanha. Entre as suspeitas de crimes, estão a prática de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

O ex-comandante da Fazenda foi citado em depoimento prestado pelo empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, ao Ministério Público Federal (MPF). Segundo Eike, ele recebeu, em novembro de 2012, um pedido de Mantega, que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, para que fizesse um pagamento de 5 milhões de reais para o PT.

Conforme revelou VEJA, Mantega também foi citado na proposta de delação premiada do marqueteiro João Santana e de sua esposa Mônica Moura. De acordo com o casal, o ex-comandante da Fazenda foi designado pela ex-presidente Dilma Rousseff para cuidar da arrecadação do caixa dois da campanha de 2014 junto aos empresários. O nome da operação é uma referência à empresa OSX, de Eike, que costumava batizar as suas companhias sempre com a letra “X”, um sinal de multiplicação de riquezas, segundo ele.

DILMA: QUANDO SERÁ A VEZ DELA?

E a Dilma?”, pergunta Ronaldo Caiado

Por: Severino Motta


Após saber da prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, nesta manhã, pela Polícia Federal em nova fase da Lava Jato, Ronaldo Caiado (DEM), acredita que a ex-presidente Dilma deverá ser a próxima investigada na Lava Jato. “Mantega sempre agiu sob ordens diretas do PT. O ex-ministro foi presidente do Conselho da Petrobras e isso foi crucial para que a investigação chegasse à sua prisão temporária. Dilma também presidiu o conselho da empresa e na época em que a estatal comprou a Refinaria de Pasadena. Se essa for a lógica da investigação, podemos esperar a ex-presidente nas próximas fases da investigação?”, perguntou ele aos colegas.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

LULA VIRA RÉU NA LAVA JATO (LULAPRAJAULA)

O Antagonista



Lula, finalmente, virou réu na Operação Lava Jato em Curitiba.

Sérgio Moro acaba de aceitar a denúncia do MPF que aponta o ex-presidente como "comandante máximo" do petrolão. Ele e sua mulher, Marisa, responderão por corrupção e lavagem de dinheiro.

O MPF acusa Lula de receber propina de contratos da OAS com a Petrobras na forma de bens e outras benesses, como a reforma do triplex do Guarujá e o pagamento pela armazenagem de itens que recebeu como presidente num depósito da Granero.

Além do casal, também viraram réus Paulo Okamotto, Léo Pinheiro e os executivos Agenor Franklin Medeiros, Paulo Gordilho, Fábio Yonamine e Roberto Moreira.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

"REALIZÁTICO" EM AÇÃO

Serra quer acordo com União Europeia em até dois anos

De acordo com o ministro das Relações Exteriores do país, José Serra, “Espanha, Portugal, Suécia, Itália estão amplamente a favor”

A próxima etapa de negociação ocorrerá em outubro em Bruxelas, quando os dois lados discutirão suas ofertas de redução de barreiras (Henry Romero/Reuters)

Os chanceleres do Mercosul conclamaram no domingo os países da União Europeia a acelerarem o processo de negociação de um acordo de livre-comércio entre os dois blocos. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, disse que a expectativa é concluir o processo em até dois anos.

“Existem resistências na União Europeia por causa de mobilizações que eu diria protecionistas em alguns países”, afirmou Serra, depois do encontro com os chanceleres do Mercosul em Nova York. “Mas Espanha, Portugal, Suécia, Itália estão amplamente a favor. Confio que consigam maioria para acelerar o processo.”

A próxima etapa de negociação ocorrerá em outubro em Bruxelas, quando os dois lados discutirão suas ofertas de redução de barreiras. Segundo Serra, o Uruguai vai “pilotar” as conversas do lado do Mercosul. As negociações se arrastam desde 1998 e sofreram um revés com a decisão da Inglaterra de sair da União Europeia.

A reunião de chanceleres em Nova York foi a primeira de que Serra participou desde que assumiu o cargo. O ministro afirmou que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a transição política no Brasil não foram objeto da discussão. A situação da Venezuela no bloco também não foi tratada, segundo Serra. “Não chegou a ser cogitado. Não se falou sobre Venezuela. O que se falou foi do desejo de não ficar com o assunto Venezuela pela frente.”

O presidente Michel Temer chegou no fim da tarde de domingo a Nova York, onde participará da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira. Na quarta-feira, Temer terá encontro com presidentes de grandes empresas americanas e um almoço com analistas de mercado e investidores. A comitiva de Temer é integrada pelos principais ministros da área econômica, que terão a missão de apresentar os projetos de concessão de obras de infraestrutura divulgados na semana passada.

(Com Estadão Conteúdo)

CADÊ OS "MORTADELAS"?

Protesto contra Temer na Paulista encolhe e vira ‘ato cultural’

Manifestação reúne público muito menor do que as anteriores. E não fará caminhada desta vez. Houve princípio de confusão

Mainfestantes protestam contra o governo Michel Temer na Avenida Paulista, em São Paulo

Por Felipe Machado - VEJA


O domingo de sol na cidade de São Paulo levou o público neste domingo à Avenida Paulista para andar de bicicleta e passear – mas não para engrossar o protesto anti-Temer organizado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúne movimentos como o dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de centrais sindicais como a Intersindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Um número muito menor de manifestantes em relação ao dos protestos anteriores (11 e 4 de setembro) está reunido desde as 14 horas em frente ao Masp. O público ocupa basicamente apenas a frente do museu.

O grupo ocupa as duas faixas da Paulista na extensão do museu, e músicos e oradores se revezam no uso de um carro de som. Mais cedo, outro grupo, de cerca de 40 pessoas pedia o fim da politização da educação nas escolas, em frente à Faculdade Cásper Líbero, com bandeiras e megafone.

“Esta é uma nova onda, um levante popular pós-impeachment. Todo mundo achava que o pessoal ia para casa, consumado o golpe. Mas nada disso. O que se viu foi uma mobilização não só contra o golpe que foi dado, mas também uma mobilização em torno de muita preocupação em relação às medidas anunciadas pelo presidente Temer como a história das 12 horas [de jornada de trabalho] que o governo voltou atrás e a história da [reforma da] Previdência”, disse à Agência Brasil Raimundo Bonfim, coordenador-geral da Central dos Movimentos Populares e integrante da Frente Brasil Popular.

Os organizadores disseram que pretendem permanecer na Avenida Paulista, com a apresentação de artistas e músicos. “As caminhadas no domingo não encontram muitas pessoas [nas ruas] para se poder passar uma mensagem. Fazemos a caminhada e acabamos dialogando com o nosso público mesmo. E no último protesto, uma parte [dos manifestantes] não desceu. Ficou aqui mesmo pela Paulista. Então decidimos fazer um ato aqui mais cultural, com algumas intervenções políticas, mas menos. Foi um experimento ficar aqui pela Paulista. E ficar aqui também nos dá mais segurança porque a violência da Polícia Militar tem ocorrido após termos saído da Paulista”, disse Bonfim.

Segundo o comandante das operações da PM no local, capitão Malagutti, os manifestantes informaram que não haverá movimentação e a previsão é que o protesto acabe por volta das 18 horas. A PM não divulgou estimativa do número de participantes. A CET planeja liberar a avenida neste horário, mas vai restringir o bloqueio à região onde houver concentração.

Houve um princípio de confusão quando policiais tentaram deter uma mulher que vendia bebidas num isopor. O ex-senador Eduardo Suplicy tentou intervir, mas foi afastado junto com o grupo que cercava os PMs, que usaram gás de pimenta e cassetetes. O político subiu ao palco e discursou contra a violência da abordagem. A ambulante que foi detida na confusão estava com um tablet, e pediram no carro de som para quem achasse devolvê-lo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

LULA É COMANDANTE DO PETROLÃO, DIZ MP

De acordo com procurador, a propina paga ao petista somou 3,7 milhões de reais

Por João Pedroso de Campos e Eduardo Gonçalves, VEJA

infolula

O procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol classificou nesta quarta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “comandante máximo” do esquema criminoso descoberto pela operação – o maior já descoberto na história do país, ressaltou.

De acordo com o procurador, o núcleo político estava acima de todos os outros no esquema operado na Petrobras. E Lula era o grande general. “No centro deste núcleo está o senhor Lula”, afirmou. “Sem o poder de decisão de Lula esse esquema seria impossível”, afirmou.

Lula foi denunciado hoje pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá. De acordo com o MP, a propina paga ao petista somou 3,7 milhões de reais. Os crimes que integram a denúncia desta quarta – e que foram chefiados por Lula – somam 87,6 milhões de reais.

 “O PT e, particularmente Lula, eram os principais beneficiários de esquemas criminosos de macrocorrupção no Brasil”, afirmou o procurador. “Na corrupção envolvendo o ex-presidente Lula e José Dirceu existia um sistema de caixa geral. Isso significa que não precisava ser acertado em cada obra um valor de propina certa. A propina era regra na Petrobras, não precisavam ser ajustadas. Lula, Dirceu e Vaccari podiam sacar valores desse sistema geral”, prosseguiu.


Ressaltou Dallagnol: “Não se trata mais do petrolão. Estamos falando de propinocracia, ou governo regido pela propina”. Ainda segundo ele, o objetivo do esquema criminoso era a perpetuação do Partido dos Trabalhadores no poder de modo criminoso – o mesmo, aliás, por trás do mensalão, afirmou. “Mensalão e petrolão são duas faces da mesma moeda”, diz o procurador.

Justamente dado o tamanho do esquema criminoso desvendado pela Lava Jato, ele não ficou restrito à Petrobras, segundo o Ministério Público Federal. Espalhou-se por Eletrobras, Ministério do Planejamento, Ministério da Saúde e Caixa Econômica Federal. Segundo o procurador, o esquema só se tornou possível porque era operado por alguém com o comando do partido e da máquina do governo. “Lula era o elo comum e necessário entre o esquema partidário e de governo”. Já o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado na Lava Jato, era o braço direito do ex-presidente. Ele ainda salientou que Lula não pode mais afirmar que não sabia de nada. “O petrolão, depois do mensalão, deixa claro que o comandante do esquema não era José Dirceu, e sim alguém que estava acima de José Dirceu. Só havia possibilidade de o comandante estar acima, e aí estava o verdadeiro maestro dessa orquestra criminosa”, afirmou Dallagnol, em referência a Lula.

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Como VEJA revelou, foi o ex-presidente quem convenceu a OAS a assumir as obras deixadas para trás pela Bancoop no Guarujá, cooperativa que foi à bancarrota após desviar o dinheiro de milhares de associados para os cofres do PT. Pedido de Lula, sabe-se agora, era ordem, e a OAS topou. Um dos projetos assumidos pela empreiteira foi justamente o do Edifício Solaris, no Guarujá, onde o ex-presidente teria uma unidade.

A OAS não só evitou o prejuízo a Lula, tirando o projeto do prédio do papel, como aproveitou a oportunidade para afagar o petista. Reservou para ele um tríplex, na cobertura do edifício – e cuidou para que, a exemplo do sítio, o apartamento ficasse ao gosto da família. A empreiteira investiu quase 800.000 reais apenas numa reforma, que deixou o imóvel com um elevador privativo e equipamentos de lazer de primeiríssima qualidade. Sem constrangimento, Lula e a ex-primeira-dama Marisa visitaram as obras na companhia de Léo Pinheiro, o ex-­presidente da OAS. Tudo estava ajustado para que a família logo começasse a desfrutar o apartamento. Mas veio a Lava Jato e os planos mudaram. Lula, então, passou a dizer que tinha apenas uma opção de compra do apartamento – e que desistira do negócio. O argumento não convenceu a polícia. “Em se tratando de lavagem de dinheiro, não teremos aqui provas cabais de que Lula é efetivo proprietário do apartamento, pois exatamente o fato de ele não figurar como proprietário é uma forma de dissimular a verdadeira propriedade”, explicou o procurador Roberson Pozzobon. “Eles (Lula e Marisa) simplesmente pararam os pagamentos (de um apartamento mais simples no Solaris) quando a OAS ficou responsável pela obra. Foi nesse momento, mediante ajustes com Léo Pinheiro e executivos da OAS, que eles recebem a cobertura em pagamento de propinas”, continuou.
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Não se trata mais do petrolão. Estamos falando de propinocracia, ou governo regido pela propina

Deltan Dallangnol, procurador

sábado, 3 de setembro de 2016

MENSALÃO VOLTA A ASSOMBRAR LULA, O CHEFÃO



MENSALÃO - PETROLÃO (QUADRILHÃO), CASO SANTO ANDRÉ (ASSASSINATO DE CELSO DANIEL): Investigadores da Lava-Jato acreditam que, de um jeito ou de outro, todos esses esquemas estejam relacionados entre si — e sob o comando de Lula.


Lula é investigado em outro escândalo de corrupção

STF manda apurar denúncia de que o ex-presidente comprou o silêncio de uma testemunha que ameaçava envolvê-lo no mensalão

Por Thiago Bronzatto, VEJA

Lula nas mãos de Sergio MoroO cerco está se fechando contra o ex-presidnte (VEJA.com/VEJA/VEJA)

Após a era petista no poder ser enterrada com o impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula terá de lidar com alguns cadáveres insepultos. Além de ter se tornado réu e indiciado no petrolão, Lula agora será investigado pelo ressurreto mensalão. O ex-presidente foi acusado na delação do ex-senador Delcídio do Amaral de ter feito parte de um esquema armado para comprar o silêncio do empresário Marcos Valério, operador do esquema de subornos descoberto em 2005. Esse capítulo da colaboração do ex-parlamentar terá novos desdobramentos nos próximos meses.

O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o caso seja enviado à Justiça Federal no Distrito Federal, para a apuração dos fatos, e compartilhado com o inquérito em andamento na Corte apelidado de “quadrilhão”, que escarafuncha todo o esquema de corrupção na Petrobras. Essa é a primeira vez em que o petrolão se encontra com o mensalão numa mesma investigação, tendo como elo Lula e o PT.

Teori atendeu a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em petição enviada ao STF, os investigadores da Lava-Jato solicitaram a apuração do relato feito por Delcídio que se refere à “participação de personagens centrais do Partido dos Trabalhadores, entre os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Antonio Palocci e Paulo Okamotto, nas tratativas voltadas ao pagamento de valores ilícitos para manter o silêncio de Marcos Valério no denominado caso do ‘mensalão’”.

O ex-senador contou que, quando presidia a CPI dos Correios entre 2005 e 2006, foi procurado por Valério. Naquela ocasião, o operador do mensalão ameaçava entregar o PT se o partido não pagasse uma dívida de 220 milhões de reais, referente aos recursos utilizados para comprar o apoio de parlamentares durante o governo Lula. O assunto, que já era de conhecimento de Paulo Okamotto, braço-direito do ex-presidente, foi levado por Delcídio até Lula, que ficou transtornado. Alguns dias depois, de acordo com Delcídio, Palocci entrou em contato e disse que iria resolver o imbróglio. O ex-senador ainda relata que ouviu dizer que as empreiteiras do petrolão ajudaram a comprar o silêncio de Valério.

O ex-presidente também está sendo investigado em outra frente do mensalão. Os procuradores da Lava-Jato em Brasília estão apurando as acusações feitas por Marcos Valério num depoimento prestado ao Ministério Público Federal em setembro de 2012. Naquela época, o então empresário, condenado a 37 anos de prisão, chegou a negociar uma delação, mas acabou recuando do acordo.

Segundo o operador do mensalão, a empresa Portugal Telecom saldou uma dívida de 7 milhões de dólares de campanhas do PT. A transação foi realizada no exterior por meio de fornecedores da companhia de telecomunicação sediados em Macau. Como prova, Valério entregou quatro folhas com dados de contas bancárias fora do Brasil, que teriam sido utilizadas pelo PT para quitar despesas das eleições de 2002 e 2004.

A Polícia Federal e o MPF instauraram um inquérito para checar as acusações feitas por Valério, que se recusou a prestar novas informações. Após três anos, concluíram que seria inviável avançar nas pistas dadas pelo empresário, pois os fatos eram antigos – e pediram o arquivamento das investigações. No entanto, o juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara federal em Brasília, determinou que o caso fosse retomado.

De acordo com o magistrado, há contradições nos depoimentos dos suspeitos e algumas dúvidas que ainda precisam ser esclarecidas. Por isso, determinou uma série de novas diligências. O processo foi direcionado aos procuradores do grupo de trabalho da Lava-Jato, que devem utilizar as informações levantadas ao longo do inquérito para aprofundar as investigações sobre a conexão entre o petrolão e o mensalão.

No próximo dia 12 de setembro, Marcos Valério deverá prestar depoimento ao juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato em Curitiba. O operador do mensalão será questionado sobre o empréstimo de 12 milhões de reais feito entre o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, e o banco Schahin.

Segundo o próprio Valério declarou ao MPF em 2012, uma parte dos recursos foi utilizada para comprar o silêncio de Ronan Maria Pinto, empresário que ameaçava envolver dirigentes do PT com o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel, em janeiro de 2002. Investigadores da Lava-Jato acreditam que, de um jeito ou de outro, todos esses esquemas estejam relacionados entre si — e sob o comando de Lula, que nega as acusações.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

MAIS DE 83 MILHÕES DESTITUÍRAM DILMA DO CARGO

Os 61 senadores que aprovaram o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (31), foram eleitos por um total de 83,1 milhões de votos, em todos os estados e no Distrito Federal. Em 2010, foram eleitos dois senadores em cada unidade da federação e um senador em 2014. A representatividade popular dos 61 senadores supera em mais de 29 milhões a votação que reelegeu Dilma em 2014.

A soma de votos representa todos os votos individuais recebidos por senadores que se encontram no exercício do cargo.

Os votos de alguns senadores não foram considerados: caso de José Serra, eleito com 11 milhões de votos, mas agora licenciado do cargo.

Somente a votação dos senadores paulistas e mineiros pró- impeachment representa impressionantes 48 milhões de eleitores.

Leia mais na coluna do jornalista Claudio Humberto.