domingo, 28 de dezembro de 2014

CARTA AO ARY FONTOURA

Glauco Fonseca

São poucos os atores dos quais gosto tanto quanto do Ary, de ti, Fontoura. Ator completo, seríssimo ou engraçado, sempre na medida certa. Um dos poucos que realmente convence, pois teu talento, este sim, não se pode medir. Vida longa, saudável e lúcida é o que peço que tenhas, com muito carinho.

Já para a Dilma Rousseff, não há muito o que pedir. A renúncia ao perdão que ela oferece repetidamente aos crimes de seus parceiros e comandados a presidente já declarou inúmeras vezes que não pedirá. Que ela governe com os bons não será possível, pois os bons lhe são adversários políticos, éticos e morais. Que ela se afaste de aloprados, mensaleiros, petroleiros e congêneres é o mesmo que pedir a ela que se afaste do poder e principalmente de seu partido. Por fim, pedir à reeleita Dilma que renuncie de fato, que saia do poder, que abdique do trono, é o mesmo que pedir a Lula que confesse saber de algo e, portanto, é pleito inócuo.

O que acontece com essa gente, meu queridíssimo Ary, é mais complicado. Se fôssemos considerar alguns de nossos líderes como portadores de algum transtorno de personalidade, veríamos de imediato que eles possuem alguns sintomas básicos: são altamente egoístas, não se arrependem de seus atos, têm valores morais distorcidos, gostam ou não se incomodam com o sofrimento alheio e muitos mais, nesta mesma linha. São pessoas com conduta não uniforme, quase beirando a insanidade mental. Alguns os chamam de sociopatas, outros de psicopatas mesmo. Ao longo dos teus frutíferos 81 anos, sabes bem que com pessoas acometidas destas enfermidades não se negocia e nelas não se pode confiar.

Lamentavelmente, Ary, eles não têm cura. Podem ser até controlados, mas quando li teu manifesto pedindo que Dilma renuncie à corrupção, aos corruptores, aos corrompíveis, aos corrompidos; renuncie à roubalheira política, aos escândalos na Petrobras e outros, fiquei com uma dorzinha na boca do estômago, daquelas que dá quando a gente perde as esperanças. Em seguida, pedistes que ela renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT e me chegaram duas certezas muito importantes: A primeira é que és muito mais do que uma figura pública querida, pois que mostrastes esperança e fé em algumas mudanças que seriam até possíveis, não fossem os transtornos que mencionei algumas linhas atrás. A segunda é que nada adianta pedir de bom para esta gente, pois que o poder só lhes turbinou seus transtornos “embarcados” por seus almanaques ideológicos. Esta segunda certeza, no entanto, é flexibilizada se a pessoa é “cumpanhêra”. Para eles, senão tudo, quase tudo.

Por fim, Ary querido Fontoura, ainda assim fiquei feliz com a reflexão que propusestes. Espero, contudo, que, de fato, alguém renuncie pela Dilma em 2015. Que as forças da lei entrem ainda mais em ação para coibir a corrupção que ela insiste em patrocinar ao manter dirigentes incapazes ou libidinosos no comando de estatais, bancos e fundos de pensão Que as forças da democracia renunciem por ela à indicação de sabujos para a corte suprema, que os poderes da república renunciem por ela ao desejo de calar a imprensa e a oposição. Eis o que desejo e mais do que isto, EXIJO!

Tenho fé, estimadíssimo Ary Fontoura, de que o Brasil caminhe em direção ao seu destino. Será uma caminhada difícil, com sofrimento e prováveis “devoluções” de algumas conquistas e avanços sociais do povo brasileiro. Este sim, muito em breve, renunciará à Dilma, a Lula e ao PT.
 
Feliz 2015.

MANTEGA ESCAPA DE FININHO DA OPERAÇÃO LAVA JATO

‘Lava Jato’ esquece que Mantega é o presidente do conselho da Petrobras

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Apesar de ser o presidente do Conselho de Administração da Petrobras desde abril de 2010, quando substituiu a então ministra Dilma Rousseff, o ministro pré-demitido da Fazenda, Guido Mantega, foi esquecido na Operação Lava Jato. Todos contratos da Petrobras nos últimos quatro anos passaram pela mesa de Mantega, que é membro do Conselho desde 2006 e também é membro do Conselho da BR Distribuidora.

Presidente do Conselho da BR e membro na BR Distribuidora, Guido recebe R$ 19,7 mil/mês para “compor” seu salário de R$ 26,7 mil.

O Conselho de Administração da Petrobras tem dez membros, sete dos quais são indicados pelo governo, o acionista majoritário.

Outro esquecido no Petrolão é Luciano Coutinho, presidente do BNDES desde 2007 e membro do Conselho da Petrobras desde 2008.

Leia na coluna Claudio Humberto.

AÇÃO CONTRA O PT E CONTRA LULA, QUE SE JULGA DONO DA CONSCIÊNCIA ALHEIA

Executiva diz na Justiça que PT "exigiu" sua demissão

         
Inconformada com sua demissão da Superintendência de Consultoria de Investimentos Select (clientes de alta renda) do Banco Santander - medida que atribui a uma suposta perseguição política por parte do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, Sinara Polycarpo Figueiredo entrou com ação na Justiça do Trabalho. Ela pede declaração de nulidade da rescisão contratual e sua recontratação no cargo "com todas as vantagens e benefícios", além de pagamento de indenização por danos materiais e morais estimada em 200 vezes o salário integral que recebia - cerca de R$ 50 mil mensais.

Leia mais:
Quatro funcionários do Santander foram demitidos após análise contrária a Dilma


Sinara foi demitida em 30 de julho em meio à polêmica criada em torno de uma correspondência enviada aos clientes do Santander com renda superior a R$ 10 mil, informando-os sobre "os riscos da reeleição" da presidente Dilma Rousseff para a economia do país. A carta circulou no primeiro mês de campanha oficial.

Na ação distribuída para a 78ª Vara do Trabalho de São Paulo, a ex-superintendente afirma que não tinha conhecimento da mensagem e que o texto não foi submetido à sua revisão, tendo sido encaminhado por uma analista financeira "diretamente ao Departamento de Marketing, que providenciou a remessa aos clientes". Além de Sinara, outros dois funcionários foram demitidos.
Ela sustenta que teve ciência da carta "somente 15 dias após, quando um dos clientes reclamou do teor da opinião do banco". Sinara ressalta que "o PT, através de seus máximos dirigentes, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exigiu em manifestações públicas, em entrevistas para toda imprensa do País, a demissão de empregados do Santander".

"Houve imediata subserviência do banco às forças políticas, ao clamor político partidário", assinalam os advogados Rubens Tavares Aidar e Paulo Alves Esteves, constituídos por Sinara. Para eles, o banco "cedeu o poder de comando do empregador ao PT, de modo tão servil que o próprio presidente do partido foi o arauto para a imprensa de que os empregados do setor seriam demitidos".

"Agrava-se a discriminação quando se sabe que ela (Sinara) não praticou, não concorreu, nem tinha o menor conhecimento dos fatos, sendo execrada e covardemente despedida", destacam os advogados. Admitida em 4 de abril de 2006 como assessora de investimentos, Sinara foi despedida "sem justa causa, abruptamente, por meio de telegrama, com aviso prévio indenizado". Seu último salário fixo foi de R$ 32.785,74 - acrescidos de bônus anual de valor variável, perfazia média de R$ 50 mil mensais.

O Santander não se pronunciou. "O Santander informa que não se manifesta em casos sob o exame da Justiça", anotou a instituição, por meio de sua vice-presidência de Comunicação e Marketing. O PT, por sua assessoria de imprensa, informou que "não vai se pronunciar sobre o assunto". A assessoria de Lula não retornou contato por e-mail da reportagem.

(VEJA/ Com Estadão Conteúdo)

PERSONALIDADE E FATO DO ANO

Sergio Moro e petrolão são eleitos Personalidade e Fato do Ano na enquete VEJA-Twitter

Juiz responsável por levar à frente as investigações que trouxeram o escândalo à tona desbancaram outros 15 fatos e personalidades. Confira o resultado

 
O juiz federal de Curitiba Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato
O juiz federal de Curitiba Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato (Ricardo Borges/Folhapress) 
                      
O ano de 2014 ficará marcado como aquele em que o Brasil foi apresentado ao petrolão, maior escândalo de corrupção história da República. Não à toa, o esquema – armado durante os governos do PT com o objetivo de financiar campanhas políticas e, de quebra, enriquecer bandidos do colarinho-branco – foi apontado como o acontecimento mais marcante do ano em enquete especial promovida por VEJA.com em parceria com o Twitter. Já o juiz federal Sérgio Moro, o homem por trás de cada decisão que levou empresários de sucesso para a cadeia na esteira do escândalo, foi eleito Personalidade do Ano.

A votação foi aberta em 11 de dezembro e encerrada na noite desta sexta-feira. Concorriam aos títulos de Personalidade e Fato do Ano, respectivamente, 16 pessoas e 16 acontecimentos indicados pelos editores de VEJA.com que marcaram o ano de 2014.

Foram computadas as mensagens publicadas no Twitter que continham, simultaneamente, o texto #VejaPersonalidade e o nome de um dos candidatos antecedido do símbolo hashtag — por exemplo: #SergioMoro. O mesmo valia para a votação do Fato do Ano, para a qual foram considerados tuítes contendo a hashtag #VejaFato acompanhado de um dos candidatos a evento mais marcante de 2014, como #EpidemiaDeEbola, em referência ao surto da doença que assustou o mundo.

Cada tuíte correspondia a um voto. Mais de 345.000 votos foram computados. Este foi o segundo ano da parceria entre VEJA e o Twitter. Em 2013 o atacante Neymar, do Barcelona e da seleção brasileira, foi eleito com mais de 13.000 dos 57.000 votos computados — ou 22% do total.

Consequências imprevisíveis – Descoberto a partir da Operação Lava Jato da Polícia Federal, o petrolão desviou pelo menos 10 bilhões de reais. As investigações sobre o esquema apresentaram o país ao lado obscuro do funcionamento das empreiteiras – um complexo mundo de negociatas abastecidas cotidianamente com propinas milionárias. Pelo menos 28 políticos já tiveram seus nomes citados por delatores do escândalo, de deputados a ministros de Estado, de governadores ao presidente do Congresso. Com cifras que transformaram o escândalo do mensalão em um caso para tribunal de pequenas causas, como definiu o ministro do Supremo Gilmar Mendes, o petrolão foi eleito Fato do Ano com 23.663 votos, ou 74% do total. E o fantasma do escândalo seguirá a assombrar políticos e empresários ao longo do ano que vem: a Procuradoria-Geral da República apresentará em fevereiro ao Supremo Tribunal Federal os pedidos de abertura de inquérito contra parlamentares e autoridades citados nas delações. Até agora, um deputado foi cassado em decorrência da Lava Jato: o ex-petista André Vargas.

Já as empreiteiras envolvidas no escândalo enfrentam não apenas o risco da punição criminal como a possibilidade de serem declaradas inidôneas a partir de 2015. Desse modo, as construtoras responsáveis por tocar quase todas as grandes obras do país ficariam impedidas de prestar serviços ao governo federal. O cenário imprevisível para o próximo ano inclui ainda os desdobramentos de ações contra a Petrobras instauradas nos Estados Unidos. Diante de tais números, o petrolão ultrapassou na enquete especial fatos como a epidemia de ebola (4.162 votos, 13%), o fenômeno A Culpa É das Estrelas (2.431 votos, 8%), a morte de Eduardo Campos (529 votos, 2%) e a derrota, por 7 a 1, da seleção brasileira para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo (399 votos, 1%).

O ano de Moro – Responsável pelas ações resultantes da Lava Jato em primeira instância, Sérgio Moro é hoje o magistrado mais respeitado pelos colegas na Justiça Federal. E também um ídolo nacional. Se a complexidade dos crimes investigados pela operação colocou o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba diante do maior desafio de sua carreira, representou também sua consagração. Moro venceu a corrida pelo título de Personalidade do Ano com 160.637 votos, ou 47% do total. Ficou à frente de personagens que se destacaram ao longo de 2014 no Brasil e no exterior – e que atuam em áreas tão diversas quanto música, cinema, política, economia, matemática, futebol e tecnologia. A lista dos cinco mais votados tem na sequência a cantora americana Taylor Swift, 143.383 votos (42%), seguida pelo senador Aécio Neves (PSDB), 16.196 votos (5%). A ex-senadora Marina Silva aparece na quarta colocação, com 12.650 votos (4%). E a Nobel da Paz Malala Yousafzai, na quinta, com 6.371 (2%).

Moro terá pela frente um 2015 agitado: como ele mesmo já afirmou, há indícios de que os crimes de corrupção e propinas "transcenderam a Petrobras". As investigações, portanto, continuam. O Ministério Público Federal garante que as denúncias apresentadas até aqui formam apenas "o primeiro pacote". Um dos maiores especialistas do país em crimes financeiros, o magistrado de 43 anos carrega a responsabilidade de levar adiante os processos decorrentes da Operação Lava Jato em primeira instância. Já aceitou as denúncias do Ministério Público contra 39 alvos da operação – entre eles presidentes e diretores das maiores empreiteiras do país, além do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Foi também quem colocou na cadeia os integrantes do Clube do Bilhão, cartel de empreiteiras que decidia o preço das obras na Petrobras. Em maio, contornou o risco de libertação de réus determinada por liminar do ministro Teori Zavascki. Alvo de poderosos cujos interesses foram contrariados em decorrência da Lava Jato, Moro teve a condução dos processos validada em dezembro pelo Supremo.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

RENOVANDO A ESPERANÇA, MESMO QUE RESTE APENAS UM SOPRO


 O BRASIL PRECISA DE NÓS, E PRECISAMOS MOSTRAR FORÇA!!!!

Ao ignorar alertas de corrupção, ser conivente com a roubalheira e ter, inclusive, sido diretamente beneficiada pelos desvios da Petrobrás durante a campanha presidencial de 2010, Dilma ocupa ilegitimamente a posição de Presidente da República... Seria símbolo de amadurecimento democrático a abertura de processo de impeachment contra Dilma. A entrevista no "Fantástico" foi o estopim.

Não é novidade, mas como sempre é chocante o papel ridículo de certos jornalistas ao tentarem mostrar uma isenção que não se sustenta diante dos fatos. Os esquemas de corrupção na Petrobras, que deveriam escandalizar e mobilizar o país,  continuam sendo relegados a segundo plano por setores influentes da imprensa para colocar em evidência, e fazer valer, a máquina de destruir a reputação dos denunciantes.

É um absurdo a entrevista de Graça Foster, presidente da Petrobras, concedida ao Jornal Nacional, na tentativa de desqualificar as graves denúncias de Venina da Fonseca, publicadas no jornal Valor Econômico e reiteradas ao vivo no Fantástico, no último domingo.

O jornal Estado de São Paulo também traz matéria com as conclusões da CPI chapa branca tentando imputar crimes a Venina. É um desaforo a manobra para distorcer dados e informações. Leia aqui.

discurso de Dilma Rousseff, para tentar abafar as denúncias de Venina da Fonseca, é exatamente o mesmo de Graça Foster. É sempre o mesmo enredo, quem denuncia é desqualificado ou é obrigado a se dobrar se for lançada a senha, como "assinar um cheque em branco", em troca de blindagem.

Foi assim que o chefão se safou do mensalão, denunciado por Roberto Jefferson, por quem Lula "assinaria um cheque em branco". Assim também se deu o silêncio dos mensaleiros presos e de Erenice 6% que, embora impune, assumiu a responsabilidade pelo propinoduto da Casa Civil. Assim também está em curso o caso Rose Noronha, sempre se minimiza a ação dos protagonistas.

Uma coisa é certa, mais uma vez, alguém está mentindo. Como em outros casos, além dos já citados, tivemos os denunciantes do dossiê, que tinha como alvo Ruth Cardoso, contra o governo do PT, diga-se Lula e Dilma. Lina Vieira contra o governo do PT, particularmente Dilma. E por aí vai.

Quais versões prevaleceram, afinal, se nada de relevante aconteceu com os denunciados? O que tivemos além de vitórias sucessivas nas urnas, o que faz parecer que o crime compensa?

Mas, no momento em que se aproxima um ano novo e a esperança se renova, mais um fato promete dar trabalho ao bando instalado no poder. Se vai funcionar e ter um resultado favorável, ninguém sabe. O que não pode acontecer é a rendição ampla, total e irrestrita sem o devido combate ao mal que está corroendo o país e contaminando a sociedade.



A Folha de São Paulo, em matéria abaixo, informa que Venina está acionando judicialmente a Petrobras.
*

A ex-gerente da Petrobras Venina Fonseca ingressou com uma ação na Justiça trabalhista na qual acusa a estatal de assédio moral, pede uma indenização sem definir valores e afirma que a companhia promoveu cortes ilegais em seu salário.

A executiva afirma ter alertado desde 2009 a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, de que havia irregularidades na refinaria Abreu e Lima e em serviços de comunicação. Ela relata que comunicou as supostas irregularidades por e-mail e em conversas pessoais.

Graça nega que tenha sido omissa ou que a executiva tenha falado sobre corrupção nas mensagens. Venina trabalhou como diretora-executiva da Petrobras em Cingapura de julho de 2012 até este mês, quando perdeu o cargo após uma comissão interna apontar problemas de "não conformidade" em contratos da refinaria Abreu e Lima, sobre os quais ela teria sido responsável.

A refinaria é apontada pelos procuradores da Lava Jato como uma das fontes de propina distribuída pelo doleiro Alberto Youssef, a partir de contratos superfaturados. Na ação, os advogados de Venina dizem que é ilegal o corte de salário promovido pela estatal, de R$ 69,1 mil para R$ 24,2 mil brutos. Eles alegam que a estatal não pode cortar benefícios que ela recebe há mais de dez anos, segundo casos já julgados no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Ela entrou na Petrobras em 1990 como geóloga e ocupou diversos cargos de gerência, nos quais tinha direito a benefícios.

Graça disse na última segunda (22) à Folha e ao jornal "O Globo" que Venina ganhava mais do que ela quando estava em Cingapura (R$ 167,3 mil mensais, incluindo ajuda de custo para escola e reembolso de aluguel). Em 2013, Graça recebeu uma média mensal de R$ 158,3 mil.

Venina trabalhou como gerente na diretoria de Abastecimento, subordinada a Paulo Roberto Costa, entre 2005 e 2009. Costa foi preso em março pela Operação Lava Jato, sob acusação de comandar um esquema de desvios em obras da estatal e confessou uma série de irregularidades após fechar um acordo de delação premiada para tentar obter uma pena menor.

ASSÉDIO MORAL

No pedido de indenização, os advogados de Venina citam dois casos que caracterizam como assédio moral. A geóloga diz ter sido enviada em 2010 pela primeira vez para Cingapura como uma retaliação às acusações que fez, mas que lá teria sido impedida de trabalhar. Ela diz ter feito um MBA na filial da Universidade de Chicago em Cingapura.

O outro episódio descrito na ação como assédio ocorreu, segundo a ação judicial, entre fevereiro e julho de 2012, quando retornara por um período ao Brasil: Venina diz ter ficado por cinco meses numa sala na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, sem telefone nem computador e sem poder trabalhar.

O QUE APRENDEMOS EM 2014

Em 2014, horror e maravilha!

Reinaldo Azevedo

Estamos chegando ao fim de 2014, ano em que horror e maravilha se encontram. O horror é de todos conhecido a esta altura. O estado brasileiro está sendo assaltado, espoliado, dilapidado.

O estado, meus caros, reúne tudo e nada ao mesmo tempo: nele estão as instituições, o ordenamento jurídico, os direitos assegurados, as expectativas de direito, os valores que nos permitem conviver de forma mais ou menos harmoniosa etc. Mas, quando falamos em estado, as pessoas desaparecem, somem, perdem, como dizia o poeta, a sua carnadura concreta.

Sim, o estado, numa democracia, nada mais é do que o conjunto dos interesses dos cidadãos traduzido numa ordem abstrata. Estados existem para servir aos indivíduos, não o contrário. Ora, mas são tantos os interesses, tão distintas as inclinações, tão diversas as convicções, tão várias as ideologias, que cabe a pergunta: “Pode um ente abarcar tamanha largueza?”.

A resposta: pode, sim! E tanto mais o fará quanto menos fizer. Vale dizer: o estado mais presente é o menos presente. Um estado gigante deixa de ser um árbitro para ser uma parte do jogo. E produzirá injustiças em penca. Precisamos de um estado mais forte e mais presente na segurança pública, na educação e na saúde. E precisamos que ele saia com urgência da operação da economia propriamente dita. Ao fazê-lo, ele deixa de articular as diferenças e passa ser uma espécie de gendarme em favor de uns poucos privilegiados.

A roubalheira na Petrobras, à diferença do que diz a presidente Dilma, não é apenas obra de indivíduos, de pessoas. É mais do que isso: a roubalheira na Petrobras é fruto de um modelo de gestão, de um sistema, de um modo de entender a coisa pública, como deixou claro o ministro Gilmar Mendes em entrevista exclusiva ao programa “Os Pingos nos Is”, que ancoro na Jovem Pan.

Não estamos sendo assaltados apenas por uma quadrilha. Estamos sendo assaltados, também, por farsantes ideológicos — o que significa, então, a farsa dentro da farsa. Sob o pretexto de produzir justiça social, um bando destrói o patrimônio brasileiro e compromete o futuro do país. Pior para todos nós, mas especialmente para os pobres.

Mas eu falei que o ano de 2014 também traz sinais de maravilha. Percebo um saudável despertar das consciências; noto que é crescente o inconformismo como esse estado de coisas; meus radares detectam uma insatisfação saudável com aqueles que se querem donos do nosso destino. Ao mesmo tempo em que as safadezas da Petrobras nos deixam estarrecidos, elas também nos informam que, de verdade, donos do nosso destino somos nós mesmos.

A democracia não comporta salvadores da pátria; a democracia não comporta demiurgos; a democracia não comporta discursos salvacionistas. A cada dia, mais gente se mostra insatisfeita com esse jogo rasteiro do “nós contra eles”, da política exercida como guerra de todos contra todos, o que, como vemos, só atende aos interesses de ladrões e vigaristas ideológicos.

Sabem por que a Petrobras se tornou aquele antro? Porque os que passaram a decidir seus destinos agem como vencedores de uma guerra sem regras. À moda de tempos idos, de pouco apuro moral e ético, acreditam que a vitória lhes dá o direito de saquear, de estuprar, de humilhar, de eliminar os sobreviventes.

A sociedade está aprendendo a reagir e ganha as ruas não para demonizar pessoas, mas para reivindicar o cumprimento das leis definidas pelo jogo democrático.

Este blog é parte dessa luta e se orgulha muito disso. Não serve a este ou àquele, mas pensa e se posiciona sem falsos pudores. Não tem receio de chamar as coisas e as pessoas pelos seus respectivos nomes. Não ofende, mas confronta. Não agride, mas diz “não” quando julga ser o caso. Não concede, mas diz “sim” quando também julga ser o caso. Não trai jamais seus leitores porque não esconde o que pensa; não se refugia no conforto de uma posição nem-nem; escolhe sempre um caminho.

E nós seguiremos adiante: com alegria, com determinação, com destemor — já que a coragem não deve ser tomada como atributo de homens raros. É só uma obrigação.

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Com Regina Helena Bolze Cambero

A presidente tenta inventar o critério do prontuário para reduzir o índice de criminalidade no primeiro escalão

Augusto Nunes

Em nações adultas, ministros de Estado são escolhidos pelo currículo. No Brasil das molecagens bilionárias, algemado pelo primitivismo do PT, Dilma Rousseff resolveu basear-se no prontuário dos pretendentes para remontar o primeiro escalão. Anotações antigas não contam (da mesma forma que evidências veementes de inépcia). Como informou nesta terça-feira o site de VEJA, o único exame eliminatório se limita a avaliar os barulhos e estragos que podem ser causados pela incorporação à ficha policial de novas delinquências, principalmente se vinculadas ao oceano de bandalheiras envolvendo a Petrobras.

O deputado federal Henrique Alves, por exemplo, era um nome certo na lista dos novos ministros. Deixou de sê-lo pela certeza de que logo estará exposto na vitrine do Petrolão. Dilma insiste em manter nos cargos os pecadores de estimação que já estavam por perto quando o escândalo explodiu ─ teimosia que explica a sobrevivência de Graça Foster. Mas não quer ampliar a procissão de problemas com a nomeação de figuras que, antes da primeira linha do discurso de posse, estarão depondo no noticiário político-policial.

A desastrada tentativa de instituir o critério do prontuário assombrou um país que já não se espanta com nada. Não seria outra invencionice da oposição essa história de que a presidente pediu socorro ao procurador-geral para não elevar mais um pouco a taxa de criminalidade do Poder Executivo? Não seria outra molecagem da elite golpista espalhar que Rodrigo Janot rechaçara a maluquice ilegal? Como acreditar que o emissário designado pelo Planalto fora capaz de murmurar que, nesse caso, a chefe se contentaria com uma relação dos réus iminentes, desacompanhada dos delitos atribuídos a cada um?

Pois foi tudo verdade, confessou no começo da tarde José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e estafeta de Dilma. “Fiz ao Janot a ponderação de que gostaríamos de informações sobre nomes que comporiam a nossa equipe independentemente de qualquer detalhamento”, declamou ao som da lira do delírio. “Mas ele ponderou que não poderia fornecer qualquer tipo de informação a respeito da Operação Lava Jato uma vez que essa questão está sob segredo de Justiça”.

Quer dizer: o titular do Ministério ao qual está subordinada a Polícia Federal andou caçando informações que talvez reduzissem a multidão de colegas criminosos. E fez isso por determinação da presidente que, há poucos dias, teve outro chilique ao saber do conselho muito sensato que o procurador-geral lhe dera publicamente: demitir imediatamente a diretoria da estatal, começando pela amiga que chama de Graciosa.

Esse monumento ao surrealismo foi implodido pela mordacidade de  Aécio Neves e pela franqueza de Joaquim Barbosa. “Antes de terceirizar a responsabilidade por seu ministério, Dilma deveria acatar o procurador e trocar já a chefia da Petrobras”, mirou na testa o presidente do PSDB. O relator do julgamento do mensalão usou o Twitter para pegar no fígado: “Que degradação institucional! Nossa presidente vai consultar órgão de persecução criminal antes de nomear um membro do seu governo!!!”.

O lote de novos ministros anunciado no começo da noite de terça avisou que ou Dilma não conseguiu saber o que andarem fazendo os convocados ou desistiu de fingir que agora aprecia ter ao lado gente honesta. A safra de espantos é tão diversificada e surpreendente que faltou espaço no noticiário para que fosse saudada com tambores e clarins a entrada em cena, no palco nacional, do promissor representante da segunda geração da família Barbalho: Hélder, filhote de Jader e Alcione.

O jovem pai-da-pátria ganhou o Ministério da Pesca e Aquicultura como prêmio de consolação pela derrota na disputa do governo do Pará. Já aprendeu muita coisa em casa. (O pai decerto lhe contou, por exemplo, como se faz tanto dinheiro com um ranário). Em Brasília, convivendo com um Gilberto Kassab ou um Cid Gomes, ouvindo com atenção os veteranos, o garotão logo estará pronto para demonstrar que até o mais desdenhado dos ministérios pode ser extraordinariamente lucrativo.

No Brasil, abstraída a população carcerária, a maior concentração de patifes por metro quadrado está alojada na Esplanada de Ministérios. Se quisesse mesmo combater a corrupção cinco estrelas, bastaria que Dilma reunisse o primeiro escalão, estendesse a convocação aos diretores das estatais e, já na abertura do congresso de ‘capivaras’, desse voz de prisão aos presentes.

No segundo seguinte, meio mundo estaria com os dois braços erguidos. O resto já teria saído em desabalada carreira.

VITÓRIA DOS FRACASSADOS - COISAS DE BRASIL

‘Em viés de baixa’

J.R. GUZZO (Publicado na edição impressa de VEJA)

A presidente Dilma Rousseff está fechando o ano de 2014 numa situação curiosa: no momento em que se prepara para começar sua segunda e última temporada no Palácio do Planalto, está em viés de baixa, como se diz – um caso raro de governo que ficou mais fraco, depois de ganhar uma reeleição, do que estava antes da vitória. Esse início de segundo tempo, normalmente, marca o ponto mais alto a que um governo pode chegar. No caso de Dilma, não está sendo assim: a presidente entrou em declínio antes de chegar ao auge, e parece destinada a passar direto da decepção que foi seu primeiro mandato à desesperança que existe em relação ao segundo.

Ao longo dos seus primeiros quatro anos, o governo Dilma nunca chegou realmente a engrenar. Nesse período, o crescimento da economia, uma necessidade absolutamente crítica para o Brasil, ficou em média na casa dos 2% ao ano, o segundo pior resultado desde a proclamação da República, em 1889. Passou do saldo para o déficit nas exportações. A indústria, que alterna períodos de marcha lenta com períodos de marcha a ré, é menor hoje do que era quando Dilma assumiu a Presidênca. Não há praticamente nada que esteja melhor agora do que estava no começo de 2011. Em suma: o desempenho do governo começou a ratear antes de ganhar velocidade, e disso não saiu mais. Hoje o Brasil roda a uma velocidade entre 0% e 1% de crescimento – seu resultado de 2014 e provavelmente de 2015.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

LULA DEVE SER CHAMADO PARA DEPOR NA LAVA JATO

EX-PRESIDENTE TEM MUITO A EXPLICAR SOBRE REVELAÇÕES DA LAVA JATO

Lula e Paulo Hartung

A força-tarefa que desmantelou a roubalheira na Petrobras, no âmbito da Operação Lava Jato, considera inescapável o depoimento do ex-presidente Lula sobre fatos investigados, reforçados em depoimentos sob delação premiada. Discute-se a maneira mais adequada de ouvir o depoimento de Lula, que em princípio ainda não é um investigado. O esquema corrupto começou em 2005, durante seu primeiro governo.
Lula pode ser intimado a depor na Polícia Federal em São Paulo, onde mora, ou convidado a prestar esclarecimentos em local de sua escolha.
Em depoimento sob delação premiada, em outubro, o megadoleiro Alberto Youssef garantiu que Lula e Dilma Rousseff “sabiam de tudo”.
A quadrilha do Petrolão se instalou na Petrobras no primeiro governo Lula enquanto o Brasil estava escandalizado com o “mensalão”.
O ex-presidente Lula agia como se mandasse no dinheiro do Petrolão. O doleiro Alberto Youssef contou à Justiça que certa vez ele mandou o então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, orientar a empreiteira Camargo Correa fazer pagamentos à agência de propaganda Muranno.

PETROLÃO E A EMBROMAÇÃO DO VELHO PETISTA

DE NOVO ATRASADA, CGU ANUNCIA AÇÃO CONTRA COMPRA DE PASADENA



Nove meses depois da deflagração da Operação Lava Jato e pelo menos um ano e meio após as primeiras denúncias da compra superfaturada da refinaria de Pasadena (Texas), nos Estados Unidos, o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou que a Controladoria “vai processar os responsáveis” na Petrobras. O ministro revelou ao programa Fantástico que o relatório concluído pela CGU na semana passada confirmou o que todos já sabiam: houve prejuízo para a estatal e para o País na transação.
Criada para prevenir a corrupção, daí sua denominação, a Controladoria-Geral da União (CGU), comandada pelo velho militante petista Jorge Hage, somente toma providência a reboque de denúncias já tornadas públicas e objeto de investigações na Justiça, no Ministério Público Federal e na Polícia Federal. No caso da Lava Jato, a CGU permaneceu à margem durante meses, enquanto se seguiam as espantosas revelações sobre o maior escândalo de ladroagem da História.
“O relatório está concluído, foi concluído essa semana, a Petrobras já se manifestou sobre ele. Infelizmente não podemos aceitar a maioria das justificativas, estamos confirmando que houve prejuízo e estamos abrindo os processos contra os responsáveis”, afirmou Hage ao Fantástico.
A conclusão da Controladoria é diferente da revelada pela CPMI da Petrobras no Congresso, que em relatório final divulgado na semana passada, afirmou que mesmo que tenha ocorrido pagamento de propina na compra da refinaria de Pasadena, tal compra ocorreu dentro dos parâmetros do mercado.
O ministro afirmou que o Brasil pode baixar os níveis de corrupção e ressaltou que a impunidade no País “começou a acabar”. “A corrupção causa males em todos os níveis e em todos os tamanhos. Não importa que ela seja de bilhões ou que ela seja alguns milhares lá na ponta, em uma prefeitura onde nós costumamos fiscalizar”, disse Hage. O ministro pediu demissão da CGU e deve deixar o cargo no dia 31 de dezembro.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

FORÇA-TAREFA DA LAVA-JATO

Diante das evidências, escandalosas e incontestáveis, procurador geral da República, Rodrigo Janot, finalmente entendeu que não há como fugir da sua responsabilidade, dada a competência dos seus jovens procuradores e do juiz Sérgio Moro na condução da Operação Lava Jato, razão pela qual sua fala tem sido mais firme e determinada no combate à corrupção.

Na apresentação das denúncias contra parte dos acusados na Operação Lava Jato, na última quinta-feira (11), em Curitiba, o Ministério Público Federal avisou que a cúpula da Procuradoria está unida com os membros da força-tarefa e dá apoio ao trabalho.


Clique na imagem para ampliar e confira os nomes da força-tarefa que está saneando o Brasil.

Eles têm entre 28 e 50 anos, são pós-graduados em universidades americanas e europeias, estudiosos da operação Mãos Limpas, que desarticulou a máfia italiana no começo dos anos 90 e atuaram juntos em casos como o Banestado e o mensalão. Os nove procuradores da Operação Lava-Jato fizeram uso inédito das delações premiadas na obtenção de provas para a denúncia a ser oferecida contra aquela que é apresentada como a maior organização criminosa de agentes públicos e privados já desbaratada no país.

Nas últimas semanas, os nove procuradores da operação Lava-Jato chegaram trabalharam 14 horas por dia para concluir a denúncia formal - pedido de abertura do processo criminal da operação Lava-Jato. Trabalharam sob o desafio de produzir provas mais concretas do que aquelas que levaram à anulação da operação Castelo de Areia, em 2009.

Pelo menos 20 executivos de grandes empreiteiras do país deverão ser denunciados por crimes de formação de cartel, fraude à licitações, corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsificação de documentos e outros delitos relacionados a suposto esquema de corrupção na Petrobras. Se o juiz Sergio Moro, titular da 13ª Vara Criminal da Justiça Federal do Paraná, aceitar a denúncia, os executivos, além do doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, se tornarão réus.

Carlos Fernando dos Santos Lima, 50, é considerado por advogados de defesa como "o cérebro" por trás dos acordos de delação premiada. É a maior autoridade em colaboração jurídica internacional da equipe. É vice-secretário de cooperação jurídica internacional da procuradoria geral da República. Especialista em compliance, crimes do colarinho branco e colaboração premiada, fez mestrado em Cornell, nos Estados Unidos.

Comunicativo, moveu as peças da investigação de modo a dar um "xeque-mate" reconhecido até por defensores dos investigados, que o classificam de "duro na queda". É especialista em delação premiada. "Negociar com ele é quase impossível", diz um advogado que representa uma das empreiteiras. "Ele ouve com muita atenção, deixa todo mundo falar. E no fim, diz não."

Foi Carlos Fernando quem disse não a advogados da Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS e a outras duas grandes empreiteiras, na véspera da deflagração da 7ª fase da Lava-Jato, uma quinta-feira, dia 13 de novembro. Eles propuseram pagar até R$ 1,2 bilhão em troca do encerramento das investigações e a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPF. Carlos Fernando considerou a proposta "imoral".

Para os criminalistas que frequentam a sede da PF em Curitiba, onde estão presos os executivos e outros envolvivos na operação Lava-Jato, esta é a "a turma 'sangue nos olhos'"; é assim que eles definem os procuradores da força-tarefa. Já foram chamados também de "Cavaleiros do Apocalipse".

Os procuradores têm experiência no combate à lavagem de dinheiro e ao crime organizado, e estão ligados pela Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), onde lecionam e palestram. O trabalho "Manual de Atuação das Forças-Tarefas", publicado pela ESMPU em 2011, traduz um pouco essa ligação. Foi coordenado por Januário Paludo e preparado por Carlos Fernando - ambos na Lava-Jato - e pelo secretário de cooperação internacional da Procuradoria Geral da República, Vladimir Aras.

A lista de agradecimentos da publicação inclui Dallagnol e Martello, também na Lava-Jato. Os quatro procuradores atuaram juntos na força-tarefa do caso do Banco do Estado do Paraná (Banestado), entre 2003 e 2006. A investigação, segundo o Ministério Público Federal (MPF), apurou o envio de mais de U$ 30 bilhões remetidos ilegalmente ao exterior entre 1996 e 2002 via agência do Banestado em Foz do Iguaçu.

A investigação, que resultou em mais de dois mil inquéritos policiais, virou tema de estudo de caso no trabalho da ESMPU. Na publicação, os procuradores agradecem também ao juiz Sergio Moro, que julgou o caso Banestado e hoje é titular das ações penais da Lava-Jato.

O manual das forças-tarefas inspira-se em congêneres americanas: "Segundo o Agente Especial do FBI James Casey, o elemento crítico de uma força-tarefa é a sua composição. É essencial que existam membros com diferentes habilidades e um acompanhamento constante das atividades do grupo, com coordenação administrativa e operacional, levantamento estatístico e verificação de resultados".

A composição da força-tarefa da Lava-Jato seguiu à risca as recomendações do agente do FBI. Há especialistas em diferentes áreas: tributária, criminal, lavagem de dinheiro, atividade policial e judicialização da política, por exemplo.

(Valor Econômico)

domingo, 14 de dezembro de 2014

'DISQUE-PROPINA'

capa disque-propina

Petrolão: políticos recebiam a propina em domicílio

Confira as revelações do homem que entregava dinheiro da Petrobras na casa de deputados, senadores, governadores, ministros e na sede nacional do PT

Robson Bonin e Hugo Marques - VEJA

Money delivery: Acompanhado de seus advogados, Rafael Ângulo Lopez negocia um acordo de delação premiada com a Justiça. Durante anos, ele distribuiu dinheiro desviado da Petrobras a “clientes” famos do esquema de corrupção (Jefferson Coppola/VEJA)
Money delivery: Acompanhado de seus advogados, Rafael Ângulo Lopez (à esq.) negocia um acordo de delação premiada com a Justiça. Durante anos, ele distribuiu dinheiro desviado da Petrobras a “clientes” famosos do esquema de corrupção(Jefferson Coppola/VEJA)

Depois de tantas revelações sobre engenharias corruptas complexas de sobrepreços, aditivos, aceleração de obras e manobras cambiais engenhosas, a Operação Lava-Jato produziu agora uma história simples e de fácil entendimento. Ela se refere ao que ocorre na etapa final do esquema de corrupção, quando dinheiro vivo é entregue em domicílio aos participantes. Durante quase uma década, Rafael Ângulo Lopez, esse senhor de cabelos grisalhos e aparência frágil da fotografia acima, executou esse trabalho. Ele era o distribuidor da propina que a quadrilha desviou dos cofres da Petrobras. Era o responsável pelo atendimento das demandas financeiras de clientes especiais, como deputados, senadores, governadores e ministros. Braço-direito do doleiro Alberto Youssef, o caixa da organização, Rafael era “o homem das boas notícias”. Ele passou os últimos anos cruzando o país de Norte a Sul em vôos comerciais com fortunas em cédulas amarradas ao próprio corpo sem nunca ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou mais destinatários desse Papai Noel da corrupção o aguardavam ansiosamente.
Os vôos da alegria sempre começavam em São Paulo, onde funcionava o escritório central do grupo. As entregas de dinheiro em domicílio eram feitas em endereços elegantes de figurões de Brasília, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Maceió, São Luís. Eventualmente ele levava remessas para destinatários no Peru, na Bolívia e no Panamá. Discreto, falando só o estritamente necessário ao telefone, não deixou pistas de suas atividades em mensagens ou diálogos eletrônicos. Isso o manteve distante dos olhos e ouvidos da Polícia Federal nas primeiras etapas da operação Lava-Jato. Graças à dupla cidadania — espanhola e brasileira —, Rafael usava o passaporte europeu e ar naturalmente formal para transitar pelos aeroportos sem despertar suspeitas. Ele cumpria suas missões mais delicadas com praticamente todo o corpo coberto por camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daqueles usados para embalar alimentos. A muamba, segundo ele disse à polícia, era mais fácil e confortável de ser acomodada nas pernas. Quando os volumes era muito altos, Rafael contava com a ajuda de dois ou três comparsas.
A rotina do trabalho permitiu que o entregador soubesse mais do que o recomendável sobre a vida paralela e criminosa de seus clientes famosos, o que pode ser prenúncio de um grande pesadelo. É que Rafael tinha uma outra característica que poucos sabiam: a organização. Ele anotava e guardava comprovantes de todas as suas operações clandestinas. É considerado, por isso, uma testemunha capaz de ajudar a fisgar em definitivo alguns figurões envolvidos no escândalo da Petrobras. VEJA apurou que o entregador já se ofereceu para fazer um acordo de delação premiada, a exemplo do seu ex-patrão.

Entre os políticos que recebiam a grana em mãos estão João Vaccari Neto, tesoureiro do PT; o senador Fernando Collor (PTB-AL); Roseana Sarney (PMDB), que acaba de renunciar ao governo do Maranhão; o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP); o deputado Luiz Argôlo (SD-BA);  o deputado Nelson Meurer (PP-PR) e o deputado cassado André Vargas (PR), chefão do PT até outro dia.
Veja dois dos destinatários da propina que Rafael Ângulo Lopez transportava.

Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no tablet, no iPhone ou nas bancas.
Outros destaques de VEJA desta semana

DENÚNCIA-BOMBA CONTRA GESTÃO DA PETROBRAS

Valor Econômico



Defendida pela presidente Dilma Rousseff, a atual diretoria da Petrobras recebeu diversos alertas de irregularidades em contratos da estatal muito antes do início da Operação Lava-Jato, em março deste ano, e não apenas deixou de agir para conter desvios que ultrapassaram bilhões de reais como destituiu os cargos daqueles que trabalharam para investigar as ilicitudes e chegou a mandar uma denunciante para fora do país.

As irregularidades foram comprovadas através de centenas de documentos internos da estatal obtidos pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. Elas envolvem o pagamento de R$ 58 milhões para serviços que não foram realizados na área de comunicação, em 2008, passam por uma escalada de preços que elevou de US$ 4 bilhões para mais de US$ 18 bilhões os custos da Refinaria Abreu e Lima e atingem contratações atuais de fornecedores de óleo combustível das unidades da Petrobras no exterior que subiram em até 15% os custos.

As constatações de problemas nessas áreas foram comunicadas para a presidente da estatal, Graça Foster, e para José Carlos Cosenza, que substituiu o delator Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento e é responsável pela Comissão Interna de Apuração de desvios na estatal.

Para Graça foram enviados e-mails e documentos comunicando irregularidades ocorridas tanto antes de ela assumir a presidência, em 2012, quanto depois. A presidente foi informada a respeito de contratações irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento, sob o comando de Paulo Roberto Costa, e de aditivos na Abreu e Lima, envolvendo o "pool" de empreiteiras da Operação Lava-Jato. Em 2014, foram remetidas a Graça denúncias envolvendo os escritórios da estatal no exterior. Nenhuma providência foi tomada com relação a esse último caso, ocorrido sob a sua presidência.

Cosenza, que em depoimento à CPI mista da Petrobras, em 29 de outubro passado, declarou nunca ter ouvido falar em desvios de recursos na estatal em seus 34 anos na empresa, também recebeu, nos últimos cinco anos, diversos e-mails e documentos com alertas a respeito dos mesmos problemas. As advertências de que os cofres da Petrobras estavam sendo assaltados partiram de uma gerente que foi transferida para a Ásia.

Venina Velosa da Fonseca ( foto) está na estatal desde 1990, onde ocupou diversos cargos. Ela começou a apresentar denúncias quando era subordinada a Paulo Roberto como gerente executiva da Diretoria de Abastecimento, entre novembro de 2005 e outubro de 20009. Afastada da estatal, em 19 de novembro, Venina vai depor ao Ministério Público, em Curitiba, onde tramita o processo da Lava-Jato.

As suspeitas da geóloga tiveram início em 2008, quando ela verificou que os contratos de pequenos serviços - chamados de ZPQES no jargão da estatal - atingiram R$ 133 milhões entre janeiro e 17 de novembro daquele ano. O valor ultrapassou em muito os R$ 39 milhões previstos para 2008 e a gerente procurou Costa para reclamar dos contratos que eram lançados em diferentes centros de custos, o que dificultava o rastreamento. Segundo ela, o então diretor de Abastecimento apontou o dedo para o retrato do presidente Lula e perguntou se ela queria "derrubar todo mundo". Em seguida, Costa disse que a gerente deveria procurar o diretor de comunicação, Geovanne de Morais, que cuidava desses contratos.

Venina encaminhou a denúncia ao então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. Ele instalou comissão sob a presidência de Rosemberg Pinto para apurar o caso. Assim como Geovanne, Gabrielli e Rosemberg são do PT da Bahia. Esse último foi eleito deputado estadual pelo partido. O relatório da comissão apurou que foram pagos R$ 58 milhões em contratos de comunicação para serviços não realizados.

Além disso, foram identificadas notas fiscais com o mesmo número para diversos serviços, totalizando R$ 44 milhões. Dois fornecedores de serviços tinham o mesmo endereço. São as empresas R. A. Brandão Produções Artísticas e Guanumbi Promoções e Eventos. Ambas na rua Guanumbi, 628, em Jacarepaguá, no Rio. O caso foi remetido para a Auditoria. Geovanne foi demitido, mas entrou em licença médica, o que evitou que fosse desligado imediatamente da Petrobras, onde permaneceu por mais cinco anos.

Em 3 de abril de 2009, Venina enviou um e-mail para Graça Foster pedindo ajuda para concluir um texto sobre problemas identificados na estatal. Na época, Graça era Diretora de Gás e Energia. Clique e amplie a imagem.


Paralelamente aos problemas na área de comunicação com contratos milionários sem execução de serviços, Venina verificou uma escalada nos preços para as obras em Abreu e Lima que elevou os custos para US$ 18 bilhões e fomentou dezenas de aditivos para empreiteiras. Os contratos para as obras na refinaria continham cláusulas pelas quais a Petrobras assumia os riscos por eventuais problemas nas obras e arcava com custos extras. Para executá-las, eram feitos aditivos e as empreiteiras suspeitas de cartel no setor venceram boa parte das concorrências.

Apenas na fase 2 das obras da refinaria havia a previsão de contratações de US$ 4 bilhões junto a empreiteiras. Num ofício de 4 de maio de 2009, Venina criticou a forma de contratação que, em pelo menos quatro vezes naquela etapa, dispensou as licitações e, em várias ocasiões, beneficiou as empresas da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), entidade que tem firmas acusadas na Lava-Jato como associadas, como a UTC Engenharia e a Toyo Setal. "Entendemos que não devemos mitigar o problema, mas resolvê-lo pela adoção de medidas corretas, ou seja, com o início das licitações em Abreu e Lima", disse a gerente.

Documento interno da Petrobras de 2009 mostra que Venina fez 107 Solicitações de Modificação de Projetos (SMPs), o que resultaria numa economia de R$ 947,7 milhões nas obras da refinaria. Mas as sugestões da gerente não foram aceitas.

Outra sugestão não atendida foi a de acrescentar uma cláusula chamada "single point responsibility" nos contratos pela qual a construtora se tornaria responsável por eventuais problemas nas obras da refinaria, devendo arcar com os gastos. Mas a área de Serviços, comandada, na época, por Renato Duque, manteve os contratos no formato antigo, sem essa cláusula, transferindo os ônus para a estatal. Duque foi preso pela Polícia Federal na Lava-Jato e Pedro Barusco, seu ex-subordinado na estatal, que também é citado em vários documentos, fez um acordo de delação premiada para devolver US$ 97 milhões obtidos no esquema.

As obras de terraplenagem da refinaria levaram a gastos exponenciais. Elas foram contratadas, em junho de 2007, por R$ 429 milhões junto a um consórcio formado por Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Construtora Queiroz Galvão e Construtora Norberto Odebrecht. Em seguida, vários aditivos foram autorizados pela Diretoria de Engenharia da Petrobras e assinados por Cosenza, presidente do Conselho da Refinaria. Um e-mail obtido pelo Valor PRO mostra que ele foi alertado sobre o aumento nos custos das obras de terraplanagem em Abreu e Lima.

O desgaste de fazer as denúncias e não obter respostas fez com que Venina deixasse o cargo de gerente de Paulo Roberto, em outubro de 2009. No mês seguinte, a fase 3 de Abreu e Lima foi autorizada. Em fevereiro de 2010, a geóloga foi enviada para trabalhar na unidade da Petrobras em Cingapura. Chegando lá, lhe pediram que não trabalhasse e foi orientada a fazer um curso de especialização.

Em 7 de outubro de 2011, Venina escreveu para Graça Foster, na época, diretora de Gás e Energia: "Do imenso orgulho que eu tinha pela minha empresa passei a sentir vergonha". "Diretores passam a se intitular e a agir como deuses e a tratar pessoas como animais. O que aconteceu dentro da Abast (Diretoria de Abastecimento) na área de comunicação e obras foi um verdadeiro absurdo. Técnicos brigavam por formas novas de contratação, processos novos de monitoramento das obras, melhorias nos contratos e o que acontecia era o esquartejamento do projeto e licitações sem aparente eficiência".

Na mensagem, Venina diz que, após não ver mais alternativas para mudar a situação, iria buscar outros meios e sugere apresentar a documentação que possui a Graça. "Parte dela eu sei que você já conhece. Gostaria de te ouvir antes de dar o próximo passo", completa, dirigindo-se à então diretora de Energia e Gás. Em 2012, a geóloga voltou ao Rio, onde ficou por cinco meses sem nenhuma atribuição. A alternativa foi retornar a Cingapura, agora, como chefe do escritório. Clique e amplie e a imagem.



Em 25 de março de 2014, Venina encaminhou um e-mail a Cosenza ( veja vídeo do diretor mentindo na CPI) sobre perdas financeiras em operações internacionais da estatal que ela identificou a partir do trabalho em Cingapura. A Petrobras comercializa combustível para navios, denominados bunkers. As unidades da estatal no exterior recebem óleo combustível feito no Brasil e fazem a mistura com outros componentes para atender à exigências de qualidade para vendê-los a outros países. As perdas ocorrem quando previsões no ponto de carga não refletem o que foi descarregado.

Além desse problema de medição das quantidades de combustível, Venina verificou outro fato ainda mais grave. Negociadores de bunkers estavam utilizando padrões anormais para a venda à estatal. Eles compravam bunkers a um preço e revendiam a valores muito maiores para a Petrobras. A geóloga contratou um escritório em Cingapura que obteve cópias das mensagens das tratativas entre os bunkers com "fortes evidências" de desvios. Mesmo após a denúncia dessas práticas, esses negociadores não foram descredenciados. Pelo contrário, eles mantiveram privilégios junto à estatal, como garantia de vendas para a Petrobras mesmo quando estavam ausentes ou em férias.

Esses problemas da Petrobras no exterior foram comunicados em outro e-mail a Cosenza, em 10 de abril de 2014. Nele, está escrito que as perdas podem chegar a 15% do valor da carga de petróleo e óleo combustível. Esse percentual equivale a milhões de dólares, considerando que apenas o escritório de Cingapura pagou dividendos de US$ 200 milhões, em 2013. O lucro líquido da unidade atingiu US$ 122 milhões até outubro deste ano. Novamente, não houve resposta por parte do diretor sobre o que fazer com relação a perdas de milhões de dólares.

Na tentativa de obter uma orientação da direção da estatal, Venina fez, em 27 de maio, uma apresentação na sede da Petrobras, no Rio, sobre as perdas envolvendo a comercialização de combustível no exterior. Nela, foi alertado que a prática se disseminou pelas unidades da estatal, atingindo vários países. Em junho, Venina propôs a criação de uma área de controle de perdas nos escritórios da empresa no exterior. Nada foi feito.

Uma última mensagem sobre o assunto foi enviada em 17 de novembro. Dois dias depois, a direção da Petrobras afastou Venina do cargo. Após fazer centenas de alertas e recomendações sobre desvios na empresa, ela foi destituída pela atual diretoria, sem saber qual a razão, ao lado de vários funcionários suspeitos na Operação Lava-Jato. A notícia lhe chegou pela imprensa, em 19 de novembro.

Um dia depois, a geóloga escreveu um e-mail para Graça Foster. "Desde 2008, minha vida se tornou um inferno, me deparei com um esquema inicial de desvio de dinheiro, no âmbito da Comunicação do Abastecimento. Ao lutar contra isso, fui ameaçada e assediada. Até arma na minha cabeça e ameaça às minhas filhas eu tive." A geóloga não detalhou no e-mail para Graça o que aconteceu, mas teve a arma apontada para si, no bairro do Catete. Não lhe levaram um tostão, mas houve a recomendação de que ficasse quieta.

"Tenho comigo toda a documentação do caso, que nunca ofereci à imprensa em respeito à Petrobras, apesar de todas as tentativas de contato de jornalistas. Levei o assunto às autoridades competentes da empresa, inclusive o Jurídico e a Auditoria, o que foi em vão", continuou.

Em seguida, ela reitera que se opôs ao esquema de aditivos na Abreu e Lima. "Novamente, fui exposta a todo tipo de assédio. Ao deixar a função, eu fui expatriada, e o diretor, hoje preso, levantou um brinde, apesar de dizer ser pena não poder me exilar por toda a vida", disse, referindo-se a Costa.

"Agora, em Cingapura, me deparei com outros problemas, tais como processos envolvendo a área de bunker e perdas, e mais uma vez agi em favor da empresa (...). Não chegaram ao meu conhecimento ações tomadas no segundo exemplo citado, dando a entender que houve omissão daqueles que foram informados e poderiam agir." A geóloga termina a mensagem fornecendo seu telefone a Graça.

O Valor PRO perguntou à Petrobras quais providências foram tomadas com relação às denúncias, mas a estatal não respondeu até o fechamento dessa edição.

sábado, 13 de dezembro de 2014

PORTAL DA PENUMBRA

Lula falando que combateu a corrupção é o mesmo que o Fernandinho Beira-Mar dizendo que não é traficante de drogas.

Coturno



Lula disse para seus companheiros de organização criminosa que os instrumentos para investigar a corrupção foram criados no governo dele. E citou o Portal da Transparência, como exemplo.

Foi no Portal da Transparência que este Blog denunciou, em primeira mão, as compras da ex-ministra Matilde Ribeiro, ministra da Igualdade Racial, no free shop, usando cartão corporativo. A partir daí, o nosso Blog fez uma devassa no banco de dados e levantou graves denúncias, inclusive sobre as mordomias que a filha de Lula tinha em Santa Catarina, usando dinheiro público. Os fatos acabaram gerando a CPI dos Cartões Corporativos.

O instrumento de transparência mostrou toda a corrupção do PT. E o que o Lula fez? Blindou as despesas presidenciais no Portal da Transparência, que passou a ser o Portal da Penumbra desde março de 2008. Os gastos de Lula com Lurian, Marisa e Rose ficaram secretos.

A gastança continua, só que agora não dá para saber no que a presidente da República torrou R$ 6,5 milhões até setembro de 2014. São R$ 31 mil gastos por dia dentro do Palácio do Planalto que os brasileiros não tem o direito de saber. São compras sem licitação. São saques em caixas eletrônicos para finalidades que ninguém pode conhecer.

Lula é um mentiroso contumaz. Mas suas mentiras não resistem aos fatos.

Observação: aliás, a Oposição deveria perguntar porque chegamos a dezembro e os lançamentos dos cartões corporativos estão ainda em setembro, no Portal da Transparência. Ano eleitoral?

FILHINHOS DOS PAPAIS SÃO UNS PRODÍGIOS







ASSIM COMO ACONTECEU COM LULINHA, QUE TEVE LEI MODIFICADA PELO PAPAI, ENTÃO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, PARA BENEFICIAR "NEGÓCIOS" DO FILHO, EMPRESA DE FILHO DE ALOIZIO MERCADANTE FATURA R$148 MILHÕES NO GOVERNO

Rodrigo Zorzi Glamurama - Aloizio e Pedro Mercadante

A Petra Energia S/A, que tem como vice-presidente Pedro Barros Mercadante Oliva, filho do ministro Aloízio Mercadante, faturou R$ 148,1 milhões do governo federal entre 2013 e 2014, quando o petista se transformou no poderoso chefe da Casa Civil. Segundo o Sistema Integrado de Informações Financeiras do Governo Federal (Siafi), a verba foi empenhada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, que foi comandado pelo mesmo Aloizio Mercadante nos anos de 2011 a 2012.
Da verba empenhada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do ministério, R$ 47,1 milhões já foram pagos à Petra Energia.
Em 2013, o ministério empenhou R$ 42,8 milhões para a Petra Energia em agosto, e mais R$ 47,6 milhões no mês seguinte, setembro.
Fundada em 2008 para explorar petróleo e gás, a Petra virou a maior  concessionária de blocos de terra do País, tem áreas em MG, MA e AM
O presidente da Petra, Roberto Viana, já perfurou 16 poços na Bacia de São Francisco (MG), e tem expandido negócios para África. Hum… 

ATITUDE CIDADÃ - QUE SIRVA DE EXEMPLO

ATLETAS EXIGEM QUE OS ENVOLVIDOS EM CORRUPÇÃO SEJAM SEVERAMENTE PUNIDOS

JOGADORES DE VÔLEI COGITAM BOICOTE DEPOIS DE DENÚNCIAS

Murilo, um dos jogadores mais experientes da seleção,  exigiu explicações sobre as denúncias envolvendo a Confederação Brasileira de Vôlei (Foto: CBV/Divulgação)

As denúncias envolvendo a Confederação Brasileira de Vôlei, comprovadas através de um relatório da Controladoria Geral da União gerou revolta em todos no mundo do vôlei. Por meio das redes sociais, atletas e ex-atletas se mostraram indignados com as irregularidades no esporte mais vitorioso do Brasil nos últimos anos e cogitam um boicote até que tudo seja esclarecido.
“Nós não vamos nos calar”, postou em seu Twitter o levantador da seleção brasileira Bruninho, não escondendo toda a sua tristeza com o cenário do vôlei no Brasil, divulgado através de uma série de denúncias feitas pela ESPN Brasil, que culminou com o encerramento da parceria do esporte com o Banco do Brasil, apoio que já durava 23 anos.

Murilo, um dos jogadores mais experientes da seleção, também fez questão de comentar o fato e exigiu explicações. “Por favor não me venham com nota oficial para comentar sobre a matéria. É hora de dar as caras e se explicar”. O atleta, em entrevista à ESPN, resumiu a situação como “uma grande traição” e que “o mais importante é atuarmos juntos e que as pessoas sejam punidas pelo mal que fizeram ao vôlei”, não descartando um boicote à seleção: “Ainda não tocamos no assunto, vamos esperar… Confio que a nova gestão da CBV possa fazer alguma coisa. Devem se pronunciar diante das câmeras e dizer quais atitudes serão tomadas. Mas, pessoalmente, não descarto a possibilidade. Se nada for feito, um boicote à seleção pode ajudar a pressionar”.

O irmão de Murilo, Gustavo, campeão olímpico com a seleção brasileira em 2004, foi outro a mostrar insatisfação com a situação, compartilhando mensagens enviadas a ele por fãs. “É melhor sofrer agora e cortar o mal pela raiz do que manter essa podridão toda que só mancha a luta e o suor de vocês”

O sentimento é parecido com o da ex-jogadora Ana Moser, que defendeu a seleção durante anos e é considerada uma das grandes referências do vôlei brasileiro. Ela, que hoje em dia trabalha incentivando a prática de esportes e educação para as crianças carentes, quer união para o esporte dar a volta por cima: “O voleibol brasileiro é maior do que isso. Muito maior. Hora da comunidade do voleibol se unir para reconstruir”.

ENTENDA O CASO

A reportagem desta quinta-feira da ESPN cita que o relatório da CGU aponta “contratação de empresas de consultoria sem que se consiga verificar a efetiva contraprestação do serviço; contratação de empresas sem estrutura física e de pessoal; contratação de empresas cujos proprietários são ou foram ligados à CBV; contratação de empresas do mesmo proprietário que executa e audita a prestação de serviço; pagamento de notas fiscais sequenciais que demonstram que a empresa comandada prestava serviço somente para a CBV; pagamento de notas fiscais com descrição genérica do objeto contratado, como “comissionamento” ou “assessoramento”.

O relatório também trata do caso da SMP, empresa de Marcos Pina, ex-dirigente da CBV ligado ao ex-presidente Ary Graça, que a CBV pagou, por “Prospecção de cotas de patrocínio, propriedades e títulos” aproximadamente R$ 3 milhões entre 2012 e 2013. Ainda de acordo com a ESPN, a CGU concluiu que “não há provas da prestação do serviço contratado pela CBV” e que “a empresa não possui infraestrutura física nem pessoal”.

Os pagamentos feitos à SMP continuaram mesmo na nova gestão da CBV, comandada por Walter Pitombo Laranjeiras, Toroca. Ainda de acordo com o relatório citado pela ESPN, a empresa recebeu R$ 188 mil em 2014, a título de “assessoria de gestão administrativa esportiva”. 

(Agência Estado)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

FUNCIONÁRIA DA PETROBRAS DENUNCIA: ATUAL PRESIDENTE SABIA DO PETROLÃO

A revelação de que uma ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás alertou a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, sobre irregularidades na estatal fez com que líderes da oposição pedissem a substituição imediata do comando da empresa.
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), “é inadmissível que não se promova uma mudança radical na Petrobrás”. “Se não há participação direta (no esquema), há o crime de omissão, de conivência e de cumplicidade”, afirmou nesta sexta-feira, 12. “Não há como tolerar essa passividade do governo com relação aos gestores da Petrobrás”.
Reportagem do jornal Valor Econômico publicada nesta sexta afirma que a atual diretoria da Petrobrás foi informada de irregularidades em contratos da petroleira antes do início da Operação Lava Jato, que apura um esquema de desvio de recursos para o pagamento de propina a políticos. Segundo a publicação, a geóloga Venina Velosa da Fonseca, que entre 2005 e 2009 foi subordinada ao ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal e em acordo de delação premiada com a Justiça, apresentou denúncias de malfeitos à diretoria da petroleira, inclusive com e-mails encaminhados a Graça Foster. Em nota, a estatal afirmou ter apurado as informações fornecidas pela funcionária e encaminhado o resultado das investigações internas aos órgãos de controle.
Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), Graça perdeu as condições de permanecer no posto. “Ela vai se transformando numa presidente fraca, que não tomou medidas para conter os desmandos na Petrobrás”, disse.
Nesta semana, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que não há indícios contra a atual direção da estatal e saiu em defesa de Graça Foster. A manifestação foi uma resposta a declarações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, ao falar sobre as denúncias de corrupção na petroleira, sugeriu substituições na direção.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE) voltou a defender a renovação da diretoria. “A oposição tem insistido que a presidente da República renove a diretoria da Petrobrás, para que a empresa possa ter um comando sem histórico de relação com as denúncias”, concluiu.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), não há mais “desculpa” para a presidente Dilma Rousseff manter sua “protegida” na Petrobrás. “É um enredo estarrecedor. Não há mais qualquer desculpa para a permanência de Graça Foster na Presidência da Petrobrás. Se tiver o mínimo de juízo, a presidente Dilma tem a obrigação de demitir sua protegida e toda a diretoria da empresa. Se não o fizer, vai sinalizar que também faz parte da quadrilha que saqueou a Petrobrás”, afirmou Bueno em nota.
O líder sugeriu que Venina Velosa da Fonseca, seja ouvida no inquérito da Operação Lava Jato e passe a ter proteção policial. (Ricardo Della Coletta e Daiene Cardoso/AE)

A OPOSIÇÃO DESPERTOU

O “playboyzinho” contra o “cafajeste”: a oposição despertou

Gilberto Carvalho









O PT é mestre em nos apresentar figuras pitorescas, daquelas que precisam ser digeridas com o auxílio de um bom remédio estomacal. Mas mesmo em ambiente tão competitivo, é inegável que o ministro Gilberto Carvalho se destaca. Representante dos “movimentos sociais” dentro do governo, homem da confiança de Lula, Carvalho é uma das presenças mais lamentáveis em Brasília. Quando ataca alguém, isso conta como pontos positivos no currículo do alvo.
Foi o caso agora, quando Carvalho disse que “morria de medo” de uma eventual vitória do “playboyzinho”, referindo-se ao senador Aécio Neves, líder da oposição, presidente do PSDB, e alguém que recebeu o voto de 51 milhões de brasileiros. Carvalho é (ainda) ministro de Estado, e fez essa declaração chula, repetindo seu mentor, o ex-presidente Lula, que chamou o tucano da mesma coisa durante a campanha.
Os petistas insistem nessa tentativa de pintar os tucanos como elitistas, usando o termo pejorativo “playboy”, para que possam preservar a velha imagem de “homens do povo”. Só tem um detalhe: todos os petistas da alta cúpula estão podres de rico, são milionários, possuem coberturas triplex para veraneio, acumularam milhões com “consultorias”. São os “magnatas do capital alheio”, bebem os melhores vinhos, vivem a vida como nababos. Tudo isso à custa do povo.
Não há nada mais patético do que “acusar” o adversário de ser um “playboy”, tentando, assim, fugir de qualquer debate sério calcado em argumentos. É a antiga tentativa de monopolizar as virtudes, os fins nobres. Só o PT se preocupa com os mais pobres, é o que pretendem dizer. E Carvalho “morria de medo” da vitória de Aécio pois iria romper essa simbiose entre sociedade (povo) e governo. O ministro ignora que a simbiose atual é entre empreiteiras e corruptos!
Mas dessa vez os petistas têm pela frente um tucano diferente, que não passa recibo e não leva desaforo para casa. Aécio rebateu o ataque de Carvalho, inclusive trazendo à tona o caso Celso Daniel, a eterna sombra que paira sobre o petista:
Os termos que o ministro se referiu a um senador da República e presidente de um partido só confirma sua baixa estatura política. Mesmo depois de 12 anos como ministro, a principal marca da biografia do senhor Gilberto Carvalho será sempre seu envolvimento com as graves denúncias de corrupção em Santo André, que culminaram com o assassinato do prefeito Celso Daniel, ainda não esclarecido.
E ainda aproveitou para alfinetar:
O ministro Gilberto Carvalho tem mesmo razões para ter medo. Temia que seu eu fosse eleito, eu iria acabar com a corrupção, colocar ordem no País e acabar com as boquinhas do seu partido, em especial a dele próprio.
Já o senador Aloysio Nunes, que foi candidato a vice na chapa de Aécio e é o líder do PSDB, subiu mais ainda o tom, irritado:
Trata-se de um cafajeste! O fato de um ministro de estado se referir nesses termos a um senador e presidente de partido reflete bem o baixo nível do governo Dilma. Eu não sei de que ele tinha medo, se Aécio ganhasse. Mas ele sabe onde o rabo dele está preso. Especula-se muito sobre isso.
Outros opositores mais aguerridos também não deixaram barato: “O medo do ministro Gilberto Carvalho é que a presidente Dilma Rousseff faça uma delação premiada”, disse o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy; “É melhor ser chamado de playboyzinho do que de homem do carro preto que fazia a coleta da propina em Santo André”, disse Ronaldo Caiado. 
Como fica claro, o “cafajeste” agora precisa enfrentar a reação dos amigos do “playboyzinho”. As pessoas perderam o medo do PT. Nem mesmo a sombra do caso Celso Daniel é capaz de intimidar a oposição que, ao que tudo indica, finalmente despertou de sua sonolência.
Rodrigo Constantino