segunda-feira, 30 de junho de 2014

A OCUPAÇÃO FANTASMA DOS SEM-TETO EM SP

Relatório da PM atesta que invasão no terreno próximo ao Itaquerão fica 'quase totalmente desocupada' à noite. Ministério Público constatou a presença de cerca de vinte pessoas – mas o MTST diz ter 2.000 famílias

Eduardo Gonçalves - VEJA

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupam calçada em frente à Câmara Municipal em São Paulo

Nos últimos meses, o chamado Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a versão urbana do MST, transformou-se em uma pedra no sapato dos paulistanos. Não pelas bandeiras vermelhas estendidas em janelas de propriedades privadas invadidas, mas pelas passeatas diárias que impedem o trânsito em avenidas importantes e pelos diversos acampamentos que interditam calçadas e vias públicas da maior cidade do país. Atualmente, o principal pleito do movimento é a aprovação do Plano Diretor Estratégico (PDE), cujo texto beneficiará quatro invasões. Emparedado, o prefeito Fernando Haddad (PT) impeliu os sem-teto contra os vereadores. Na semana passada, o MTST avisou que invadirá um imóvel por semana se a Câmara Municipal não atender seu desejo. Até agora, os vereadores não cederam. Mas quando analisaram o texto pela primeira vez, os sem-teto arrebentaram as vidraças da Câmara e montaram barricadas de fogo nas ruas.
As invasões de propriedades privadas viraram rotina em São Paulo, mas uma delas causou preocupação especial às autoridades. Antes do início da Copa do Mundo no Brasil, os sem-teto tomaram um terreno de 150.000 metros quadrados, a três quilômetros do estádio do Itaquerão, palco de jogos e entregue à administração da Fifa até o término do Mundial de futebol. A "ocupação", como o líder do MTST, Guilherme Boulos, chama quando finca sua bandeira em área privada, foi batizada de Copa do Povo. No local, o movimento informou ter instalado 2.000 famílias e abriu guerra com os proprietários da área, a incorporadora Viver S.A., e a prefeitura. Um documento da Polícia Militar, anexado ao inquérito civil do Ministério Público de São Paulo, entretanto, desmonta a versão dos sem-teto. O laudo, obtido pelo site de VEJA, aponta que a ocupação é fantasma. “Vale salientar que a observação da ocupação durante o período noturno permite atestar que a área fica quase que totalmente desocupada, permanecendo apenas algumas pessoas cuidando do acampamento", diz o relatório assinado pelo tenente coronel da PM Marcelo Cortez Ramos de Paula, no dia 22 de maio – dezenove dias depois da invasão. Os sem-teto só aparecem durante o dia quando são alertados que autoridades vão vistoriar o local.
Os promotores de Habitação e Urbanismo também atestaram que o número de invasores “não chega nem perto” das 2.000 famílias. Segundo o termo de diligência de uma visita, também incluído no inquérito, foi verificada a “presença de vinte pessoas na entrada da ocupação”. O promotor Marcus Vinicius Monteiro dos Santos afirmou que “visivelmente o número de pessoas é muito inferior ao propalado pelo movimento”. No mesmo dia da visita, os promotores divulgaram uma nota: “A resistência dos líderes da ocupação em permitir que o poder público municipal, por meio da Secretaria Municipal de Habitação, realize a identificação e qualificação das famílias que ocupam a área, só serve para reforçar a dúvida da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo sobre o número real de ocupantes divulgado pelo MTST”.
A multiplicação fictícia de famílias não foi o único dado que chamou a atenção: os promotores também constataram que os líderes do MTST impediram a prefeitura de cadastrar os sem-teto em programas de habitação da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), do governo estadual. O motivo? O comando do MTST tem sua própria lista e organiza a fila de espera de beneficiários dos programas habitacionais. E a lista é justamente a forma como o líder do MTST exerce domínio sobre seus comandados: há planilhas contabilizando a presença diária de cada integrante em acampamentos e invasões – uma espécie de lista de chamada. Logo, quem participa ativamente dos atos do MTST, passa na frente na fila de espera.
"Há mais de 130.000 pessoas esperando por uma casa, algumas há mais de dez anos. 
(...)

domingo, 29 de junho de 2014

DE BRAÇOS ABERTOS PARA O INFERNO

Pergunto, as câmeras foram colocadas na cracolândia para monitorar os escravos do vício, a fim de reprimir ou punir quem fosse flagrado nas imagens praticando crimes, ou servem apenas para patrulhar os policiais e impedir que perturbem os "meninos"?





Haddad viabiliza o uso de drogas na “cracolândia” e deve ser processado por improbidade administrativa


Tudo errado – Prega a Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, mas não é essa não é a regra que vale no Brasil, onde alguns são mais iguais que os outros. Mais um fato inaceitável surgiu para explicar esse descalabro.

Na quinta-feira (26), o príncipe Harry, da Grã-Bretanha, esteve na cidade de São Paulo e visitou o programa “De Braços Abertos”, da prefeitura paulistana, que dá aos viciados em crack moradia supostamente digna e trabalho, sem a necessidade de se submeterem a tratamento contra o vício. Ou seja, Fernando Haddad, que criou o tal programa, acredita que dando aos viciados um local para dormir, três refeições diárias e dinheiro para comprar a crack é suficiente para acabar com o problema que vem devastando a cidade.

Como sabem os brasileiros, a região conhecida como “cracolândia”, no centro da capital paulista, é a vitrine da degradação, sem que as autoridades tomem alguma medida efetiva para acabar com o tráfico e o consumo de drogas no local. O tratamento de um dependente químico passa obrigatoriamente por processos de desintoxicação e sessões psiquiátricas, dentre outras.

Para receber o príncipe britânico, as ruas da “cracolândia” foram lavadas, o lixo foi retirado e os viciados se aprumaram para receber o representante do Reino Unido. Por questões óbvias, os traficantes foram convidados a se retirar, mas após a saída do membro da realeza britânica os marginais retomaram seus negócios. Em suma, a região passou por uma oficial e mentirosa maquiagem, para mostrar a Harry que no Brasil funciona a expressão “para inglês ver”.

Pois bem, no momento em que Haddad e seu secretariado proporcionam aos dependentes uma maneira de obter dinheiro, por meio de trabalho, sem ao menos exigir uma contrapartida (tratamento), o que a municipalidade está a fazer é fomentar a venda de drogas na “cracolândia”. A questão é simples e merece atenção. No programa “De Braços Abertos” há o emprego de dinheiro público, sem que o aludido objetivo do projeto esteja sendo alcançado (a recuperação do dependente). Como a grande maioria dos viciados acaba usando o dinheiro (R$ 15 por dia) conseguido através da varrição de ruas na compra de drogas, fato que é de conhecimento das autoridades municipais, cabe no caso em questão um processo por improbidade administrativa.

Fazemos um paralelo para ilustrar a situação. O pagodeiro Belo acabou na cadeia porque em telefonema dado a um traficante carioca teria encomendado arma de fogo. A polícia fluminense chegou a essa conclusão a partir de trecho da conversa em que o músico fala em comprar “tecido fino” (cocaína) e um “tênis” (fuzil AR-15). O pagodeiro não falou de forma explícita que desejava adquirir cocaína e arma de fogo, mas a polícia entendeu que esse era seu objetivo. Belo sabia que o interlocutor era traficante e que sua conversa nada tinha de inocente, por isso sucumbiu à acusação de associação ao tráfico, que lhe rendeu seis anos de prisão.

Fernando Haddad e seus sequazes na administração da maior cidade brasileira sabem o que se passa na “cracolândia” e qual é o destino dado ao dinheiro público empregado no programa “De Braços Abertos”. Por isso deveriam ser responsabilizados de alguma forma, impossível em um país pouco sério e com autoridades nem sempre dispostas ao cumprimento do papel que lhes cabem.

Vale lembrar que recentemente o prefeito Fernando Haddad fez um escândalo midiático por conta da incursão de policiais do Denarc na “cracolândia”, alegando que a ação atrapalhou o programa municipal de recuperação (sic) de drogados. Ao final da operação descobriu-se que envolvido no tráfico de drogas estava um servidor da prefeitura de São Paulo.

CORTES ORDENADOS POR DILMA DEIXARAM ITAMARATY VULNERÁVEL A INVASÕES

FALTA DE INVESTIMENTO EM TECNOLOGIA DEIXA ITAMARATY VULNERÁVEL A INVASÕES

Palacio do Itamaraty

A vulnerabilidade do Ministério das Relações Exteriores, que permitiu recente invasão de hackers, destruiu a confiança nas comunicações da Casa. O problema decorre da falta de investimentos e dos constantes cortes de recursos ordenados pela presidenta Dilma. Embaixadas e consulados agora preferem trocar informações de Estado, reservadas, por meio de Gmail, Hotmail ou Yahoo, que acham mais confiáveis.
Dilma materializa seu pouco-caso por diplomatas cortando-lhes as verbas, como se pretendesse matar o Itamaraty de inanição.

Diplomatas morrem de medo de retaliações, e tratam os números da pindaíba, na área de tecnologia, como “segredo de Estado”.

O Itamaraty avisou que só forçado pela Lei de Acesso à Informação dirá os valores destinados ou retirados da sua área de tecnologia.

O desprezo de Dilma pelos diplomatas é correspondido. Referem-se a ela, no serpentário, até por e-mail, com apelidos impublicáveis.

TAMBÉM NO PLANALTO: À MODA DA CASA
Morder ela ainda não mordeu. Mas assessores vítimas dos esculachos sussurram nos corredores do Planalto o nome de “Dilma Suárez”.

NÃO É NOVIDADE: LULA USA DADOS ERRADOS EM DISCURSO PARA EMPRESÁRIOS



Para tentar reconquistar a confiança do empresariado nacional e internacional no governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu nesta semana a uma enxurrada de números e indicadores para sustentar a continuidade das conquistas sociais e econômicas de seu governo na gestão de sua sucessora.

Uma análise feita pelo GLOBO do discurso que ele fez num evento da Câmara de Comércio França-Brasil mostra, no entanto, que o ex-presidente cometeu vários deslizes em sua fala. Indicadores como investimento externo direto, dívida bruta e corrente de comércio, citados por Lula como “êxitos dos últimos 12 anos”, na verdade pioraram durante o governo Dilma.

O ex-presidente se enganou ainda ao citar dados sobre reajuste salarial, informações sobre exportação de alimentos e também a posição do PIB do Brasil no mundo, em especial na comparação com outras nações emergentes.

Leia mais em Lula usa dados errados em discurso para empresários

sábado, 28 de junho de 2014

FORA DILMA E LEVE O PT JUNTO


Foto de ontem.

Coturno


Dilma Rousseff com uma peça publicitária que lembra os seus tempos de membro ativo de organização terrorista, envolvida em assaltos a bancos, sequestros, assassinatos, atentados à bomba e outros crimes contra a segurança nacional. Muito animada, a presidente, com o resgate do seu passado.

SÓ RESTA AO PT O DISCURSO DO ÓDIO

Se algum dia os marqueteiros conseguiram convencer nosso povo que Lula e seu partido eram os "salvadores da Pátria", a mentira mostrou suas pernas curtas, pois petistas graúdos, incluindo Lula, são réus, e alguns já estão cumprindo pena na papuda.

De acusador a réu

Ruy Fabiano

Em entrevista ao SBT, anteontem, Lula, com ares de Conselheiro Acácio, disse, entre outras coisas, que “o PT vai ter que enfrentar o debate da corrupção”. Ontem, em Salvador, no lançamento da candidatura de Rui Costa ao governo da Bahia, voltou a falar em reforma “para moralizar a política”.

O que se percebe é que o PT ainda crê na possibilidade de retomar a bandeira da moralidade, que o levou ao Planalto, e assumir novamente o comando dessa discussão. Não percebeu que, em quase doze anos no poder, passou de acusador a réu.

Seu alto comando está (ainda) na Papuda. O debate se processará (já está, aliás, se processando) queira ou não o partido. A rigor, não queria, mas tornou-se inevitável. As manifestações que precederam a Copa do Mundo tinham menos a ver com o evento que com o ambiente em que as obras se desenvolveram.

Obras sem licitação, superfaturadas e inacabadas, constituem um velho padrão brasileiro, mas, na Era PT, mostraram-se sistêmicas; ganharam o cunho do oficialismo.

O Mensalão, que Lula diz jamais ter existido – o que colocaria o Supremo Tribunal Federal, que condenou os infratores, no banco dos réus -, não tem precedentes.

Não foi um roubo isolado, mas a tentativa de embolsar um Poder da República – e que só fracassou graças à inconfidência de um dos cúmplices, o ex-deputado Roberto Jefferson, do PTB, que se sentiu enganado. Chegou-se a tal extremo que não há exagero em afirmar que, para descobrir novas falcatruas, basta escolher aleatoriamente uma repartição qualquer do Estado.

O empenho do governo em impedir investigações na Petrobras equivale a uma confissão de culpa. O partido, que fazia das CPIs o seu principal palanque, hoje as evita a todo custo. Ao longo do exercício do poder, viu, um a um, os seus principais quadros intelectuais o abandonarem, em meio a desabafos de decepção. Restaram-lhe figuras que mais se amoldam a uma delegacia policial que a uma tribuna parlamentar.

Não será fácil a Lula enfrentar esse debate, já que ele próprio está no centro de algumas acusações. Tanto o Mensalão como a absurda compra da refinaria de Pasadena ocorreram sob seu governo. E há ainda casos constrangedores, como o de Rosemary Noronha, a namorada que chefiava a Presidência em São Paulo, e que, nessa condição – de chefe e namorada -, nomeava figurões da República e fazia bons negócios.

Lula até hoje não emitiu uma palavra sequer sobre o assunto, o que torna seu silêncio mais eloquente que as palavras.

Difícil imaginar um debate sobre corrupção que passe por cima desses temas. A estratégia até aqui exibida é a de tentar implicar o concorrente em acusações similares, na base do “eles também roubaram”. Não há como cobrar, mais de uma década depois, atos que cabem a quem estar no poder punir.

Lula ensaiou um discurso pacifista e autocrítico na entrevista do SBT, ao reconhecer que os insultos do Itaquerão não decorreram apenas da tal elite branca de São Paulo. São bem mais amplos e foram reproduzidos em outros ambientes. Gilberto Carvalho já havia dito isso em entrevista a blogueiros chapa-branca.

O partido sabe que perdeu o encanto junto à classe média e ao empresariado, sustentáculos consideráveis em sua ascensão e permanência no poder. Resta-lhe a clientela do bolsa-família, nada desprezível do ponto de vista estatístico, mas insuficiente para garantir um segundo mandato de Dilma.

Também nesse segmento, a inflação dos alimentos preocupa, semeia insatisfações e impõe perdas. E os demais candidatos também irão se comprometer com a continuidade daquele benefício, que, aliás, foi herdado da administração tucana.

O discurso do ódio, na base do nós x eles, não parece eficaz e é desaconselhado pelos marqueteiros. Mas o partido não parece ter outro. Tanto assim que ontem, em Salvador, Dilma voltou a proferi-lo, acusando seus adversário de apelar “para o ódio, os xingamentos e a política desqualificada”.

São palavras que não resistem a um exame superficial. Política desqualificada? Que tal examinar os quadros da base parlamentar governista? Xingamentos? E o que Lula disse do ex-presidente Itamar Franco, ao ofender publicamente sua mãe? E o que o PT fez com a blogueira cubana Yoani Sánchez quando de sua visita ao Brasil? E com a deputada venezuelana Maria Corina? E o apoio ao regime venezuelano?

Há bem mais: o financiamento ao porto cubano, o perdão das dívidas de regimes totalitários africanos sem audiência ao Congresso etc. etc. Por aí, não será fácil estabelecer o debate que Lula acredita ter ainda sob controle.

PROGRAMA DE "ÍNDIO' PRA INGLÊS VER

Por essas e outras é que celebridades e realezas vêm ao Brasil fazer "programa de índio".
O mundo não nos vê como um país civilizado e suas "aventuras' em terras tupiniquins equivalem a visitas a zoológicos humanos, como também fazem em países africanos.
Como escreveu Sandro Vaia em seu artigo de ontem: "Assim que o show terminar, o País vai ter a oportunidade de voltar a discutir o que quer ser quando crescer. "


Foto: E ?


O príncipe e o plebeu das ideias: Haddad transforma a degradação de São Paulo em ponto turístico. Ou – A confissão do secretário do prefeito: programa “Braços Abertos” ignora a lei e aceita a venda de crack. Pior: na prática, Prefeitura financia a operação

O príncipe e o servil plebeu das ideias; desnecessário explicar quem é quem
O príncipe e o servil plebeu das ideias; desnecessário explicar quem é quem
Por Reinaldo Azevedo
A nobreza europeia gosta de paisagens e países exóticos, uma herança, vá lá, cultural das duas grandes ondas colonialistas, a do século 16, que se fixou nas Américas e nas costas africanas, e a do século 19, que buscou o interior da África, com as potências fazendo a partilha formal das terras ignotas. O que está fora da Europa é o “outro”. Antes, imaginava-se que aqueles mundos estranhos pudessem ser civilizados; hoje em dia, com o triunfo do pensamento politicamente conveniente, que classificam, impropriamente, de “politicamente correto”, há um troço que eu chamaria de “tolerância antropológica”. Os europeus se divertem com os hábitos dos exóticos. Não pensem que isso é só virtude. O pai de Harry, por exemplo, o príncipe Charles, é um ecologista convicto. Está entre aqueles que acham que o nosso papel é conservar macacos e florestas, deixando a tecnologia para os europeus…
Mas não vou me perder no atalho. Não sou do tipo que se envergonha de ser brasileiro. Nem me orgulho. Indivíduos são indivíduos em qualquer parte. Há coisas no Brasil que adoro. Há outras que abomino. Mas também as haveria de um lado ou de outro se meu país fosse a Suécia. A cada vez, no entanto, que vejo autoridades brasileiras se orgulhando da nossa miséria, da nossa degradação, da nossa desgraça, sinto revirar o estômago de puro constrangimento. E foi precisamente essa a sensação que tive ao ler as várias reportagens sobre a visita de Harry à Cracolândia, em São Paulo, devidamente escoltado pelo prefeito Fernando Haddad, com seu ar de deslumbramento servil, depois de ter esperado pelo príncipe por longos 45 minutos.
O rapaz foi levado para conhecer o programa “Braços Abertos”. Ninguém poderia ter dado melhor definição do programa do que um de seus formuladores, o secretário de Segurança Urbana, Roberto Porto, um dos queridinhos de certa imprensa descolada. Ele resumiu assim o espírito da visita do príncipe à Cracolândia: “Pelo contato que tive, que foi limitado, ele gostou do que viu. Ele quis saber a lógica de se ter um local monitorado, com as pessoas continuando a venda de crack”. Ele é promotor. Deve conhecer o peso das palavras. A venda de uma substância ilegal se chama “tráfico”; se tal substância é droga, é “narcotráfico”. Dr. Porto diz que o nobre inglês gostou de saber que há um pedaço no Brasil em que não se respeitam a Constituição e o Código Penal.
Sempre afirmei neste blog que o programa “Braços Abertos” era, na prática, uma ação coordenada de incentivo ao consumo de drogas. Talvez Harry tenha ficado mais espantado ainda ao saber que a Prefeitura garante o fluxo de dinheiro a uns 400 e poucos viciados, aos quais oferece moradia gratuita — em nome da dignidade, é claro! Quando foi informado, se é que foi, de que os dependentes não precisam se submeter a nenhuma forma de tratamento, deve ter pensado: “Como são estranhos esses brasileiros! Na Inglaterra, nós recuamos até das liberalidades que haviam sido criadas para o consumo de maconha”. Ao olhar a paisagem que o cercava, deve ter dado graças aos céus pelo vigilante trabalho dos conservadores de seu país.
Sim, senhores! Antes da visita do príncipe, a Cracolândia passou por uma rápida maquiagem, com lavagem das ruas, coleta de lixo, retirada do entulho que os zumbis vão largando por ali. Assim como deveríamos ter Copa o ano inteiro para que as autoridades fossem um tantinho menos incompetentes, a realeza europeia poderia nos visitar amiúde. As ruas seriam mais limpas, eu acho. Nem que fosse apenas para inglês ver.
O príncipe, o prefeito, seus auxiliares e os outros deslumbrados se foram — antes da hora prevista porque teve início um tumulto. Meia hora depois, os dependentes retornavam para o tal “fluxo”, aquele perambular contínuo marcado por consumo, tráfico, escambo, degradação pessoal, desordem pública… Um dos viciados sentenciou, informa o Estadão, pouco antes de ameaçar a reportagem com uma pedrada: “Venha quem vier, mas a Cracolândia sempre vai ser nossa”.
Eis o programa de combate ao crack que Haddad prometeu implementar na campanha eleitoral de 2012. Não sei quantos anos vai levar para a cidade se recuperar das consequências trágicas da gestão deste senhor. Para encerrar: em qualquer democracia do mundo, o Ministério Público — ou seu homólogo — levaria o prefeito Fernando Haddad e seu secretário de Segurança Urbana aos tribunais. Basta ler a Constituição. Basta ler o Código Penal. Basta ler a lei antidrogas. 

Quem responde por essa tragédia moral? Em primeiro lugar, os que a promovem. Em segundo lugar, os que, com o seu voto, puseram Haddad onde ele está.

CRIMINALIDADE QUE ENVERGONHA O BRASIL

O ex-zagueiro inglês e comentarista de futebol Chris Kamara, de 56 anos, perseguiu e prendeu um ladrão que, na manhã desta sexta-feira, havia furtado o cordão de seu cunhado, em Ipanema. Kamara estava de folga com o cunhado no Rio, depois de participar de ações publicitárias de patrocinadores britânicos junto à seleção inglesa. Ele revelou a história em seu perfil no Twitter, onde também postou fotos do episódio.

Após registrar queixa na 14ª DP (Leblon), o ex-jogador deu detalhes do caso. Segundo Kamara, ele e o cunhado caminhavam na pista junto aos prédios da orla quando o ladrão se aproximou.

— O rapaz passou pelo meio da gente, arrancou o cordão do meu cunhado e fugiu. Na hora, minha reação foi persegui-lo. Corri por cerca de 800 metros e consegui segurá-lo. Outras duas pessoas que estavam na praia me ajudaram a detê-lo até a chegada da polícia, que não demorou — contou Kamara.

Leia mais em Ex-jogador inglês persegue e imobiliza ladrão na Zona Sul do Rio

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Ex-jogador inglês imobiliza assaltante- Reprodução Internet

"BLACK BLOCS DO CARVALHO!"

Por Reinaldo Azevedo

Enquanto o país amargava muitos milhões de prejuízo com a ação de bandidos mascarados, fantasiados de rebeldes, o ministro Gilberto Carvalho batia um papinho com eles, conforme confessou à repórter Natuza Nery, desta Folha. O petista incorre, assim, nas alíneas 9 do artigo 7º e 4, 5 e 7 do artigo 8º da Lei 1.079: é “crime de responsabilidade”. Pena: perda da função pública e dos direitos políticos por cinco anos. Estão à disposição os respectivos arquivos desta coluna, do meu blog e do programa diário que mantenho na rádio Jovem Pan. Evidenciam o que penso sobre black blocs e manifestações violentas. Por mim, a canalha tem de ser enquadrada nos artigos 15 a 19 da Lei 7.170, a de Segurança Nacional.

Carvalho e seu partido, então, é que passam a mão na cabeça de bandidos. Com quem mais ele pretende conversar? Fernandinho Beira-Mar? Marcola? A propósito: aquele encontro do deputado estadual petista Luiz Moura (SP) com membros do PCC fazia parte dessa rotina de diálogos? O site do PT publicou uma lista negra com os respectivos nomes de nove jornalistas, eu entre eles. Consta que nossos “paroxismos odientos” se revelariam “com mais clarividência na Copa do Mundo”. O texto é de Alberto Cantalice, vice-presidente da legenda. Esse outro apedeuta certamente ignora o que seja “clarividência”. Se clarividente eu fosse, não seria Cantalice a perceber.
(…)
FRONTEIRAS
Janio de Freitas lamentou que a entidade Repórteres Sem Fronteiras tenha expressado seu repúdio à lista negra de jornalistas feita pelo PT. Não criticou a existência da dita cuja, preferindo destacar que há, sim, “repórteres e comentaristas com fronteiras entre si, sejam filosóficas, sejam éticas, sejam outras”. O comentarista tem razão. Se ele fosse alvo de macarthismo de direita ou de esquerda, eu protestaria. Não por ele, cujo pensamento abomino, mas por sua liberdade de dizer o que pensa. Defendendo-o, pois, com ou sem a sua concordância (não dependeria dele), eu ajudaria a preservar a liberdade. Ele, no entanto, prefere endossar o paredão e atacar a entidade que reagiu. Não está agredindo a mim e aos outros oito. Agride a liberdade. Fronteiras.
Para ler a íntegra da coluna, clique aqui

O PT FORA DO EIXO

José Serra
O PT não é um partido muito tolerante já a partir de seus próprios pressupostos originais e de seu nome: quem se pretende um partido “dos” trabalhadores, não “de” trabalhadores, já ambiciona de saída a condição de monopolista de um setor da sociedade. Mais ainda: reivindica o poder de determinar quem pertence, ou não, a essa categoria em particular. Assim, um operário que não vota no PT, por exemplo, não estará, pois, entre “os” trabalhadores; do mesmo modo, o partido tem conferido a “carteirinha” de operário padrão a pessoas que jamais ganharam o sustento com o fruto do próprio trabalho.
A fórmula petista é conhecida: a máquina partidária suja ou lava reputações a depender de suas necessidades objetivas. Os chamados bandidos de ontem podem ser convertidos à condição de heróis e um herói do passado pode passar a ser tratado como bandido. A única condição para ganhar a bênção é estabelecer com o ente partidário uma relação de subordinação. A partir daí não há limites. Foi assim que o PT promoveu o casamento perverso do patrimonialismo “aggiornado”, traduzido pela elite sindical, com o patrimonialismo tradicional, de velha extração.(…)
Não tendo mais auroras a oferecer, não sabendo por que governa nem por que pretende governar o País por mais quatro anos, e percebendo que amplos setores da sociedade desconfiam dessa eterna e falsa luta do “nós” contra “eles”, o petismo começa a adentrar terrenos perigosos. Se a prática não chega a ameaçar a democracia – tomara que não! –, é certo que gera turbulências na trajetória do País. No apagar das luzes deste mandato, a presidente Dilma Rousseff decide regulamentar, por decreto – quando poderia fazê-lo por projeto de lei –, os “conselhos populares”. Não por acaso, bane o Congresso do debate, verticalizando essa participação, num claro mecanismo de substituição da democracia representativa pela democracia direta. Na Constituição elas são complementares, não excludentes. Por incrível que pareça – mas sempre afinado com o bolchevismo sem utopia –, o modelo previsto no Decreto 8.243 procura substituir a democracia dos milhões pela democracia dos poucos milhares – quase sempre atrelados ao partido. É como se o PT pretendesse tomar o lugar da sociedade.
Ainda mais detestável: o partido não se inibe de criar uma lista negra de jornalistas – na primeira fornada estão Arnaldo Jabor, Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Guilherme Fiuza, Danilo Gentili, Marcelo Madureira, Demétrio Magnoli e Lobão –, satanizando-os e, evidentemente, expondo-os a riscos. É desnecessário dizer que tenho diferenças, às vezes severas, com vários deles. Isso é parte do jogo. É evidente que o regime democrático não comporta listas negras, sejam feitas pelo Estado, por partidos ou por entidades. Mormente porque, por mais que se possa discordar do ponto de vista de cada um, em que momento eles ameaçaram a democracia? Igualmente falsa – porque há evidência dos fatos – é que sejam tucanos ou “de oposição”. Não são. Mas, e se fossem? Num país livre não se faz esse tipo de questionamento.
Acuado pelos fatos, com receio de perder a eleição, sem oferecer uma resposta para os graves desafios postos no presente e inexoravelmente contratados para o futuro, o PT resolveu acionar a tecla da intolerância para tentar resolver tudo no grito. Cumpre aos defensores da democracia contrariar essa prática e essa perspectiva. Não foi assim que construímos um regime de liberdades públicas no Brasil. O PT está perdendo o eixo e tende a voltar à sua própria natureza.
Leia a íntegra aqui

EM VEZ DE EXPLICAR DENÚNCIAS, LULA PREFERE ATACAR QUEM AS NOTICIA

LULA USA CONVENÇÃO REGIONAL DO PT PARA ATACAR A IMPRENSA


A convenção regional do Partido dos Trabalhadores na Bahia serviu de palco para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defender a contratação sem licitação da Petrobras para explorar o volume excedente de óleo em campos de petróleo do pré-sal. Além de defender Dilma Rousseff, sua afilhada política, Lula fez seus costumeiros ataques a atuação da imprensa brasileira.
“Essa mulher (Dilma), antes de ontem, anunciou uma coisa extraordinária para a Petrobras”, defendeu Lula, e prosseguiu “a presidente Dilma pegou uma área de petróleo, essa área que demos como cessão onerosa, que tinha muito mais que 5 bilhões de barris de petróleo, e ela fez outra concessão para a Petrobras. E a Petrobras vai pagar por isso R$ 15 bilhões ao governo até 2018. Ou seja, a Dilma fez o que 98% dos brasileiros quer que ela faça, que é fortalecer a empresa mais importante que nós temos neste país”, discursou o ex-presidente, ao lado de Dilma, em Salvador.
Jornais brasileiros classificaram a operação como uma manobra para auxiliar o Executivo federal a cumprir sua meta de superávit primário, o que gerou a reclamação do ex-presidente. “Como a imprensa reagiu? Algumas manchetes dos jornais diziam ‘Dilma faz concessão à Petrobras para resolver seu problema de superávit primário’. Achando que isso foi uma jogada para resolver problema de governo e cumprir superávit. Outro dizia que a Dilma, mais uma vez, burla o mercado porque não faz licitação. Outro dizia ‘cai a desconfiança do governo no mercado internacional”, ressaltou Lula.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

NÓS, OS PATETAS, É QUE PAGAMOS O PATO

Jorge Oliveira

A idéia em princípio parecia boa. O bolivariano Hugo Chávez participaria da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a Venezuela, que ele governava com mão de ferro, dividiria os investimentos de US$ 2,3 bilhões com o Brasil. Chávez morreu sem nunca o seu país ter desembolsado um tostão sequer para tocar o empreendimento, Lula deixou o poder e, hoje, a Petrobrás arca com os custos da refinaria que já beiram os US$ 20,1 bilhões. A obra, que começou em 2003, já é considerada a mais cara do mundo, com custo médio US$ 87 mil por barril de óleo, o dobro da média no mercado internacional.
Não, não se espante.  A Petrobrás, antes a empresa símbolo do país em eficiência e produtividade, nas mãos dos petistas virou uma empresinha de fundo de quintal. Emprega milhares de militantes terceirizados, faz compra de refinarias superfaturadas no exterior e não aguenta uma análise minuciosa do Tribunal de Contas da União que já identificou dezenas de contratos ilegais. Seus ex-diretores são lobistas da própria empresa e um deles está preso por lavagem de dinheiro, envolvido com a máfia dos doleiros.
Agora o Brasil entende porque o PT se alvorou em defender com unhas e dentes a estatal. Chegou a inventar que os tucanos iriam privatizar a empresa se ganhassem as eleições em 2010. É que eles transformaram a Petrobrás em patrimônio do partido, dividiram a diretoria entre os apaniguados e de lá tiravam o suprimento das campanhas. Milhões de reais em contratos ilegais e superfaturados iam parar nas mãos dos doleiros. Estes, limpavam o dinheiro e o depositavam na conta do partido através de empresas de fachadas.
Defender a Petrobrás, portanto, era defender os interesses dos diretores gatunos e manter a quadrilha operando na maior empresa do Brasil. Não era e nunca foi um gesto patriótico nem um ato heroico do PT contra as privatizações.  Era, na verdade, um ato de vandalismo aos cofres da empresa e ao bolso do contribuinte que, com cara de pateta, assiste o dinheiro público sumir pelo ralo nos órgãos estatais dirigidos por sindicalistas incompetentes e despreparados.
A operação bolivariana entre Lula e Chávez para construir a Refinaria Abreu e Lima foi uma das mais danosas ao país. A Petrobrás gastou 770% mais que o previsto com as 141 alterações contratuais até agora. Em qualquer lugar do mundo, os responsáveis por esse desperdício já estariam na cadeia. Veja, por exemplo, esses números: 478 milhões de dólares é o valor a que pode chegar o sobrepreço apenas em quatro contratos, segundo o TCU, e 78 milhões de dólares foram gastos para corrigir um erro no projeto que comprometeu as fundações.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás que está preso é fichinha diante do que outros diretores petista fazem na Petrobrás. Trataram a empresa como o boteco do português de Madureira, sem desmerecer, é claro, a administração dos lusitanos nessa área. À frente do Conselho da empresa, a Dilma não sabia nem o que aprovava, por isso, a Petrobrás também foi lesada na compra da refinaria do Texas. Mesmo assim, a presidente foi vendida ao país como grande administradora apenas por ter apresentado um laptop ao Lula quando era presidente. Esqueceram de lembrar durante a campanha que ela faliu uma loja de R$ 1,99 que montou em Porto Alegre na época das vacas magras. O Lula é outro. Nunca soube administrar nada porque há décadas, desde que deixou de ser metalúrgico, sempre foi sustentado por sindicatos e partido político.
Infelizmente, é nas mãos dessas pessoas que está o destino do país. Portanto, não se engane: a crise econômica apenas começou.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A VELHA ARENA CONTINUA COM O PT

O golpe no PP: A velha Arena adere aos métodos da velha VAR-Palmares! Como diria Ciro Gomes, “que nojo!”

Por Reinaldo Azevedo
Huuummm… Daqui a pouco haverá gente elogiando a sagacidade da presidente Dilma — serão as mesmas penas que atacaram o PTB por ter deixado o governo. E por quê? Porque o Planalto se meteu numa conspirata com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, do Piauí. E em que consistiu a operação?
Ora, o PP, descendente direto da Arena, o partido que apoiou a ditadura militar, aderiu aos métodos de decisão que vigoravam na VAR-Palmares, um dos grupos terroristas a que pertenceu Dilma: o centralismo democrático. Em “esquerdês”, o que quer dizer “centralismo democrático”? É o poder que detém o comando do partido para tomar decisões terminativas, sem espaço para contestação e sem consultar ninguém. Lênin o adotou como um dos pilares do comunismo revolucionário. Qual é a base, digamos, teórica e moral desse método? É simples: o “partido” (no caso, o comunista) representa o povo. Se representa, seus dirigentes são a encarnação máxima desse povo, certo? Logo, quando o comando decide, é como se o povo decidisse. Ainda que dê a impressão do contrário, é o método que vigora também no PT. Adiante.
O PP está rachado. Se o apoio a Dilma fosse posto em debate, seções importantes do partido resistiriam; tenderiam a dizer “não”. Boa parte, com chance de ser a maioria, queria a neutralidade. O que fez, então, o ínclito Ciro Nogueira? Pôs em votação uma resolução que conferiu à Executiva Nacional o direito de tomar a decisão, sem consultar mais ninguém. Deixou lá os convencionais com cara de bobos. É o que se chama “golpe”. E o comando decidiu apoiar Dilma e pronto!
Que coisa espetacular! Diga-se em favor dos comunas que todos os membros do partido concordavam com o centralismo democrático. No caso do PP, não! A reação foi de revolta. Ângela Amin, vice-presidente da legenda, nem foi consultada. Disse que vai recorrer à Justiça contra a convenção, contando com o apoio da senadora Ana Amélia, hoje favorita na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul. Também o atual governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, foi feito de bobo. Ele é um dos que defendem a neutralidade, a exemplo do presidente de honra da sigla, senador Francisco Dornelles (RJ) — na verdade, ele queria o apoio a Aécio, mas achava que um partido neutro contemplaria a maioria.
Quem entregou o jogo foi o ministro das Cidades, Gilberto Occhi. “Houve um almoço com a presidente em que o PP confirmou o seu apoio”. Entenda-se por PP a direção do partido, a mesma que deu o golpe. Ora, se prometeu, tem de entregar, né? E o ministro tentou filosofar: “Divergências acontecem em todos os partidos, é fruto da democracia no país”. Na sua concepção de democracia, quem é contra não tem direito nem a voz nem a voto. Finalmente, a VAR-Palmares impôs seus métodos à Arena.
Como diria o pensador Ciro Gomes, “que nojo!”. E que fique claro, para arrematar: é evidente que aqueles que não querem apoiar Dilma não vão apoiar Dilma. E ponto! O que Nogueira negociou com  o PT, sabe-se lá em quais termos, foi um minuto e pouco no horário eleitoral gratuito.

"CONTA DE PADEIRO", MAS O ROMBO É DE BILHÕES

Abreu e Lima continua a assombrar governo (Editorial)



O Globo
A Petrobras oficialmente insiste que tudo transcorre dentro da normalidade, enquanto o governo atua no front político para evitar qualquer possibilidade de investigação séria no Congresso, onde há uma CPI chapa-branca instalada no Senado e outra, mista, de deputados e senadores, em que existe algum risco para o Planalto.

Mas, apesar de todas as manobras, os gritantes desmandos na execução do projeto da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, continuam a se impor por si mesmos. São tamanhos os desvios que, recorrendo à imagem desgastada do lixo jogado para baixo do tapete, conclui-se que a capacidade de toda a indústria de tecelagem não parece capaz de encobrir tudo que tem sido descoberto nessa história exemplar de como não se pode subordinar a ação do Estado a interesses de partidos, ideologias e pessoas. Houve a conjugação desses três fatores no escândalo de Abreu e Lima.

Não é sempre, mesmo na indústria do petróleo, onde as cifras são contabilizadas em bilhões de dólares, que um projeto orçado há 11 anos em US$ 2,3 bilhões chega a US$ 18,5 bilhões, dado de abril, e pode ter um custo final de US$ 20,1 bilhões.

Reportagens publicadas pelo GLOBO domingo e ontem traçam o roteiro de como o projeto, uma decisão conjunta dos amigos e aliados político-ideológicos Lula e Hugo Chávez, atropelou a sensatez e relatórios técnicos, para fazer surgir uma refinaria cujo preço do barril refinado será de US$ 87 mil, mais que o dobro da média mundial. E pior para o Brasil, pois Chávez morreu, e os venezuelanos, que já não colocavam dinheiro no projeto, deixaram de vez a pesada fatura com a Petrobras. Por tabela, para o Tesouro, sustentado pelo contribuinte.

Cada vez mais se entende o sentido da afirmação do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa à “Folha de S.Paulo”, entre uma prisão preventiva e outra, de que Abreu e Lima foi aprovada a partir de uma “conta de padeiro”. Quer dizer, a Petrobras, à época sob controle do lulopetismo sindicalista e aparelhada por indicações políticas, mesmo de técnicos da casa, se subordinou à vontade política do Planalto e do partido no poder.

Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento, ele próprio apadrinhado (PP, PT e PMDB), conhece a história por dentro, porque presidiu o conselho de administração da refinaria. E nessa condição atuou na aprovação de inúmeros aditivos em contratos com empreiteiras e fornecedores de bens e serviços em geral, causa da explosão dos custos do projeto — em dólares, quase 800% acima do orçado.

Paulo Roberto está preso, de forma preventiva, a pedido da Polícia Federal, enquanto transcorre a Operação Lava-Jato, sobre bilionário esquema de lavagem de dinheiro administrado pelo doleiro Alberto Youssef, antigo conhecido do submundo da política. Impossível não relacionar uma coisa com a outra.

O AVESSO DA COPA

Não há nenhuma contradição entre o evento e a baixa criação de empregos

Por Reinaldo Azevedo
Os idiotas e o subjornalismo dos áulicos — aqueles que jamais irão parar na lista negra do PT, claro! — criaram mistificações às pencas sobre a criação de empregos por causa da Copa do Mundo. O mês de maio, como vocês viram foi o pior nessa área em 22 anos. Não deveria ter havido uma explosão de empregos, às vésperas da Copa do Mundo?
Na VEJA.com.:
O Brasil abriu 58.836 vagas formais de trabalho em maio, pior resultado para o mês desde 1992, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira. Trata-se de uma queda de 18,3% em relação a maio de 2013. Em abril, haviam sido criados 105.384 postos com carteira assinada, sem ajustes.
Pesquisa da Reuters com analistas de mercado mostrou que a mediana das expectativas era de abertura de 93 mil vagas, com as projeções variando entre 52 mil e 100 mil novos postos. Há 22 anos, em maio de 1992, haviam sido abertas 21.533 vagas com carteira assinada. O saldo do mês passado é resultado de 1.849.591 admissões e de 1.790.755 demissões. (...)
Se a economia fosse outra, sim. Com os juros já na estratosfera, inflação em alta e indústria na pindaíba, não existe Copa que faça milagre. Onze dos 12 setores industriais mais desempregaram do que empregaram — a única exceção foi o químico, que nada tem a ver com a competição. O setor mais virtuoso da economia, para não variar, foi o agronegócio, que é também o mais perseguido: gerou 44.105 vagas.
Mas a Copa não cria empregos? Cria alguns nas cidades-sede, mas o Brasil é um pouco maior do que as 12 capitais que abrigam os jogos. Ora, ora… Vamos pegar o caso de São Paulo, que sempre tem um peso importante nas estatísticas. Não tenho as contas, mas creio que a demanda maior pela Copa não chega a compensar a desaceleração brutal que houve no chamado “turismo de negócios”, que parou — e isso tem a ver com a estagnação da economia brasileira, que, numa perspectiva ainda otimista, pode crescer neste ano em torno de 1,5%. Isso quer dizer o óbvio: a Copa do Mundo não tornou o governo Dilma mais competente ou ofereceu respostas para o que resposta não tinha.
Este mês de junho e o seguinte devem apresentar uma melhora na geração de empregos, sobretudo por causa da contratação de mão de obra temporária no setor de turismo. A questão é saber o que vai acontecer depois. E, depois, não vai acontecer nada…