segunda-feira, 31 de março de 2014

31 DE MARÇO: VIVA A DEMOCRACIA!

Nada devemos à esquerda armada além de violência, mortes, sequestros, assaltos e indenizações milionárias. O regime de liberdades é obra dos que fizeram a luta pacífica

Jornal do Brasil ditadura

Por Reinaldo Azevedo
Oficialmente, o movimento militar que derrubou João Goulart faz hoje 50 anos — o assunto, como sabem, está em todo canto. A quartelada, com amplo apoio civil, se consumou, de verdade, no dia 1º de abril, mas se quis evitar a coincidência com o chamado Dia da Mentira. Hoje, com a tal Comissão da Verdade federal em funcionamento — e algumas outras estaduais ou até corporativas (em universidades, por exemplo) —, prospera a farsa sobre aqueles tempos. A extrema esquerda armada perdeu a batalha porque era minoritária e porque não dispunha de força bélica para enfrentar os militares. Os extremistas, no entanto, venceram a guerra de propaganda, desta feita sem precisar dar um tiro: seus epígonos, isto é, seus seguidores intelectuais, ocuparam a imprensa, o meio universitário, os centros culturais, as escolas, fatias importantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário para inventar o confronto que nunca existiu.
E qual é o confronto que nunca existiu? Aquele que oporia, de um lado, os defensores da liberdade e, de outro, os que a recusavam. Se, durante o regime militar, vivemos sob a mentira de que o golpe foi desfechado para defender a democracia, hoje, 50 anos depois, vive-se a outra face do engodo, que, no caso, é igualmente trapaceira, mas com o sinal trocado. Comecemos do óbvio: em 1964, João Goulart e os que com ele se alinharam não tinham a democracia como um valor universal e inegociável; tampouco era essa a convicção dos militares e dos organismos civis que lhes deram apoio. O regime de liberdades individuais e públicas morreu de inanição; morreu porque faltou quem estivesse disposto a alimentá-lo. Ao contrário: assistiu-se a uma espécie de corrida rumo ao golpe. Golpista, na prática — e escandalosamente incompetente —, era Jango. Golpistas eram aqueles que o depuseram. Ainda que pudesse haver bem-intencionados em ambos os lados, não foram esses a ditar o rumo dos acontecimentos.
Outras farsas influentes se combinam para fabricar um confronto entre vítimas e algozes que é não menos trapaceiro. Não é verdade, por exemplo, que os atentados terroristas e a luta armada tiveram início depois da decretação do famigerado AI-5, o Ato Institucional que implementou a ditadura de fato no país. Ao contrário até: a muita gente essa medida de força, que deu ao estado poderes absolutos, pareceu até razoável porque a extrema esquerda decidiu intensificar a rotina de ataques terroristas. O AI-5 só foi decretado no dia 13 de dezembro de 1968. A VPR, a Vanguarda Popular Revolucionária, explodiu uma bomba no Consulado Americano, no Conjunto Nacional, em São Paulo, no dia 19 de março daquele ano. Em abril, novas explosões no Estadão e na Bolsa de Valores de São Paulo. Essas são apenas algumas de uma sequência. No dia 18 de julho, o presidente Costa e Silva ainda recebeu uma comissão de estudantes para negociar. Inútil.
O que pretendiam os movimentos de extrema-esquerda? É certo que queriam derrotar o regime militar inaugurado em 1964; mas que fique claro: o seu horizonte não era a democracia. Ao contrário. Como costumo lembrar, não há um só texto produzido pelas esquerdas então que defendessem esse regime. Ao contrário: a convicção dos grupos armados era que os fundamentos da democracia eram apenas um engodo para impedir a libertação do povo. Os extremistas de esquerda também queriam uma ditadura — no caso, comunista.
Cumpre indagar e responder: o regime democrático que temos hoje é um caudatário, um devedor, dos extremistas que recorreram à guerrilha e ao terrorismo? A resposta mais clara, óbvia e evidente é “Não”! Devemos a democracia aos que organizaram a luta pacífica contra a ditadura militar. Qual foi a contribuição da Ação Libertadora Nacional, a ALN, do terrorista Carlos Marighella, à civilidade política? Nenhuma! A eles devemos sequestros e cadáveres. Qual foi a contribuição da VPR, a Vanguarda Popular Revolucionária, do terrorista Carlos Lamarca, à tolerância política? Nenhuma! A eles devemos violência e mortes. Qual foi a contribuição da terrorista VAR-Palmares, de Dilma Rousseff, à pluralidade política? Nenhuma. A eles devemos assaltos, bombas e sequestros.
Mas devemos, sim, a democracia a Paulo Brossard, a Marcos Freire, a Itamar Franco, a Franco Montoro, a Fernando Henrique Cardoso, a Mário Covas, a José Serra, a Alencar Furtado, entre outros. Devemos a democracia até a ex-servidores do regime que resolveram dissentir, como Severo Gomes e Teotônio Vilela. Outros ainda, dentro do aparelho de estado, tiveram papel relevante para trincar o bloco hegemônico que comandava o país, como Petrônio Portella, Aureliano Chaves e Marco Maciel.
História
O ambiente está viciado. Mistificadores e prosélitos, mais ocupados com a guerra ideológica do que com a realidade, atropelam os fatos. Pretendem inventar uma narrativa que justifique tanto as ações doidivanas do passado como certas safadezas do presente (ainda voltarei a este ponto). O que fazer? Se você não quer se deixar levar pela mera discurseira inconsequente, sugiro que leia este livro.
Ditadura à brasileira 















O historiador Marco Antonio Villa escreveu “Ditadura à Brasileira” (LeYa), que tem um emblemático subtítulo: “1964-1985: A democracia golpeada à esquerda e à direita”. Villa vai ao ponto. Cada ano do período constitui um capítulo do livro e evidencia a escalada da radicalização, num confronto em que quase ninguém podia reivindicar o papel do mocinho. Não se trata de “uma outra leitura do golpe”, favorável ao movimento. O que Villa faz, com rigor e competência, é alinhavar, de maneira seca, objetiva, a sequência de eventos, com os seus devidos protagonistas, que levaram à deposição de João Goulart, à instauração da ditadura, à abertura do regime e, finalmente, à democracia.
É claro que o autor tem um ponto de vista — e, no caso, é um ponto de vista que protege o leitor: Villa é um democrata, e isso faz com que veja com olhos críticos — e, pois, independentes — as várias agressões havidas no período aos valores da democracia , tanto à direita como à esquerda. No seu livro não há bandidos e heróis. Há pessoas de carne e osso fazendo coisas: muitas em favor da civilidade política; boa parte delas, em favor da barbárie. O volume traz uma útil cronologia, bibliografia e índices onomástico e remissivo, o que o torna também um bom manual de consulta. É um bom instrumento para se defender de fraudes influentes.
Encerro este post
Nada devemos, rigorosamente nada!, às esquerdas armadas. A coragem é, em si, um valor. Quando ela é tão suicida como homicida, já não é coragem, mas estupidez, e costuma arrastar outros tantos em sua aventura.

POPULISMO OU REVANCHISMO?

NO DIA EM QUE DILMA ESTÁ SENDO ENALTECIDA COMO "SÍMBOLO" CONTRA OS MILITARES, APOSTO NAS DUAS POSSIBILIDADES

Sede da Embrapa Cerrados: um exemplo positivo num país que carece de investimentos em pesquisa e tecnologiaSede da Embrapa Cerrados: um exemplo positivo num país que carece de investimentos em pesquisa e tecnologia

Leiam matéria de Laryssa Borges, na VEJA.com:
Em um país que há décadas trata com negligência sua política nacional de ciência e tecnologia e despreza investimentos em pesquisa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, é um raro exemplo de sucesso. Criada há quarenta anos, durante o regime militar, a instituição atua em 44 países e desenvolve pesquisas de inovação e transferência de tecnologia em parceria com institutos de ponta nos Estados Unidos, no Reino Unido e na França. Um dos principais braços operacionais da empresa, a unidade do Distrito Federal, instalada às margens da BR-020, é responsável por fazer do cerrado brasileiro um dos principais biomas de produção nacional de carne e soja. Apesar dessas credenciais, o oportunismo do governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), poderá mudar completamente os rumos da empresa. Candidato à reeleição em outubro, o petista quer tomar o terreno da Embrapa Cerrados para construir casas populares – e colher votos.
Alguns campos experimentais da Embrapa foram desenvolvidos em áreas de antigas fazendas desapropriadas na década de 1950 para a construção de Brasília – e legalmente cedidas para o uso da empresa em 1975. O argumento da gestão Agnelo para ficar com a terra é pífio: o governo pretende utilizar o mesmo terreno, independentemente das dezenas de áreas ociosas no Distrito Federal, para construir um condomínio com 5.000 apartamentos populares. Com a perda da área – a gleba exigida pelo governo Agnelo representa 20% da área utilizada pelo Centro de Pesquisas para os experimentos de campo no DF –, a Embrapa afirma que haverá “descontinuidade de pesquisas realizadas há mais de trinta anos, com prejuízos irreparáveis para a sociedade”.
Nos seus 40 anos de funcionamento, a Embrapa Cerrados levou o Brasil à liderança em projetos de agricultura tropical, com investimento de pelo menos 7 milhões de reais na fazenda que o governo do Distrito Federal agora reivindica. Pesquisas em produção animal e vegetal e o desenvolvimento de tecnologias para correção da fertilidade do solo e para sistemas irrigados fizeram com que o cerrado respondesse por 55% da produção nacional de carne bovina, mais de 60% da produção de soja, 41% da produção de leite e 31% da produção de milho.
“Pegar aquele terreno para fazer casas populares é não perceber o que a Embrapa significa para o Brasil. O país chegou ao posto de sexta economia do mundo [em 2012] muito em função da agricultura e pecuária. Mas atitudes como a do governador Agnelo contribuem para que o Brasil fique estacionado na 13ª posição na produção científica mundial”, diz a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader. “Sou totalmente a favor da melhoria das condições de moradia, mas a atitude do governo de construir casas nas fazendas da Embrapa será a completa destruição de pesquisas porque a região tem toda uma história de ciência. Existem outras áreas para fazer residências populares.”
“Até meados dos anos 1970, o cerrado era considerado improdutivo. Hoje, bate recordes sucessivos de produtividade. Sem a pesquisa agropecuária isso jamais teria sido possível”, afirmam os funcionários da Embrapa Cerrados em manifesto redigido após a mais recente investida do governo para tomar a fazenda.
Para a Secretaria da Habitação do Distrito Federal, comandada por Geraldo Magela, companheiro de partido de Agnelo, as moradias populares precisam ser erguidas exatamente na região de atuação da Embrapa. Em 2008, a mesma secretaria alegava que a área era fundamental para a viabilização de um polo de venda de máquinas agrícolas. Na falta das máquinas, o despejo da Embrapa ocorreria agora para abrigar a população carente de moradia e minimizar o déficit habitacional – estimado em 116.000 casas.
O secretário Geraldo Magela vai além: segundo sua assessoria, a área de Planaltina, onde fica a fazenda de pesquisas da Embrapa, está degradada e, por isso, a construção de unidades habitacionais evitaria novos custos ambientais para a população.
Além da negligência em relação às pesquisas em andamento, um fator ambiental também tem sido desconsiderado pelo governo Agnelo na disputa pela região. A área da fazenda fica no entorno da unidade de conservação da Estação Ecológica de Águas Emendadas, fundamental para a proteção do bioma do cerrado e nascente de duas das mais importantes bacias hidrográficas brasileiras: Araguaia-Tocantins e do Paraná.
Centro do poder político e com reconhecido padrão de excelência em qualidade de vida, o Distrito Federal enfrenta há pelo menos cinquenta anos um dos maiores problemas fundiários do país. Pelo menos 20% de todas as moradias, segundo a última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, estão em terrenos não legalizados, assentamentos ou invasões. No ano passado, a ex-presidente na Câmara Legislativa Lúcia Carvalho foi acusada pela Polícia Federal de fraude em demarcação de terrenos e formação de quadrilha. Outros políticos de Brasília também já frequentaram páginas policiais por envolvimento em irregularidades na posse de terras. Porém, é fato que não faltam áreas de propriedade do governo do Distrito Federal aptas a receber o conjunto de casas populares que Agnelo quer erguer. Só a pressa em entregar obras em ano de eleição explica a insistência de Agnelo em tomar os campos da Embrapa.
Em tempo: o Governo do Distrito Federal afirma que respeita as pesquisas da Embrapa e negocia – sem mediação da Justiça – uma outra região para a empresa montar os campos experimentais.

O RESGATE DO BRASIL VERDE E AMARELO

Um vídeo reafirma que o Brasil será o que os brasileiros quiserem que sejaAugusto Nunes


O vídeo divulgado neste domingo pelo blog do ótimo Aluizio Amorim exibe cenas gravadas na sexta-feira no campus da Universidade Federal de Santa Catarina. 

As imagens, especialmente didáticas, podem ter configurado um histórico ponto de inflexão. Conjugadas, reiteram que o Brasil será o que os brasileiros quiserem que seja.

GOLPE SUTIL CONTRA O CONGRESSO, PORTANTO, CONTRA A DEMOCRACIA

Hoje, 31 de março, há um golpe em andamento contra o Congresso. 
PT desafia a democracia e usa terrorismo para impedir a CPI da Petrobras.

No Coturno

Berzoini e Dilma: golpeando a CPI democrática da Petrobras.

Hoje, o ainda não empossado ministro das Relações Institucionais, Antônio Berzoini, um notório envolvido com dossiês mentirosos contra adversários políticos, o ex-ministro da Previdência que botou velhinhos de 90 anos na fila do INSS para fazer prova de vida, o sindicalista que criou uma cooperativa (Bancoop) que lesou milhares de bancários na compra de uma casa própria que nunca foi entregue, promete atacar a CPI da Petrobras, aprovada no Senado. 

A forma como, sob as ordens do Palácio do Planalto e de sua candidata à reeleição, Dilma Rousseff, o PT está manobrando para impedir a investigação de escândalos comprovados, mas obscuros, na maior estatal do país, é um golpe contra a democracia. 

Parlamentares relatam chantagens do governo federal. Ameaças. Ofertas de propina. Gestos que somente regimes chavistas são capazes de perpetrar. O PT corrupto, preso na Papuda, não resistirá, se ficarem conhecidos os detalhes de mais um conjunto de malfeitos que já chegam a bilhões de reais na Petrobras. 

O povo brasileiro vai acompanhar e delatar aqueles que sentarem junto com o Partido do Trambique para conspirar contra o país. Dos petistas, corruptos e golpistas, nada se espera. Que os demais partidos respeitem a democracia.

PROTESTO: POLICIAIS SE RECUSAM A COMEMORAR ANIVERSÁRIO DA PF

Por: Myrcia Hessen

Os professores do curso de formação de policiais federais se recusaram a comemorar na última sexta-feira (28) os 70 anos da Polícia Federal (PF). Todos abaixaram a cabeça para simular luto e constranger as autoridades presentes durante o hino do órgão.
Entre os que assistiam a solenidade, estava o diretor-geral da PF, o delegado Leandro Daiello, que já recebeu ordens do Ministério da Justiça para punir os responsáveis.
O ato silencioso foi um protesto da categoria “contra o descaso do Governo Federal com a segurança pública no país, a incompetência dos diretores da Polícia Federal e a servidão dos delegados federais às causas do PT (Partido dos Trabalhadores)”.
O caso aconteceu no auditório da Academia Nacional de Polícia, em Brasília, onde são formados os policiais do Departamento de Polícia Federal. Assista o vídeo da solenidade:

sexta-feira, 28 de março de 2014

DESGOVERNO "FAZ O DIABO" PARA IMPEDIR CPI

Pistolagem política – Planalto decide partir para o terrorismo e ameaça investigar até o indeterminado — desde que envolva a oposição — para tentar impedir CPI da Petrobras. Ou: Gleisi perde o juízo

Gleisi, a face mais bela da truculência, protagoniza um dos piores momentos do governo Dilma: a chantagem explícita
Gleisi, a face mais bela da truculência, protagoniza um dos piores momentos do governo Dilma: a chantagem explícita
Por Reinaldo Azevedo
Que coisa! O governo fez de tudo para impedir a CPI da Petrobras. No Senado, já esta protocolada. Então a tática agora é partir para a retaliação e o terrorismo. Os porta-vozes da ameaça são o deputado Vicentinho (SP) e a senadora Gleisi Hoffmann (PR), em quem eu até reconhecia certas virtudes da convicção ao menos, mas que está se transformando bem depressa numa caricatura. Lembra os piores tempos de Ideli Salvatti, porém saída de uma outra fôrma. Depois de uma reunião no Palácio do Planalto, o habitualmente moderado e cordato Vicentinho não teve dúvida: se é para fazer a CPI da Petrobras, então o PT tentará incluir no requerimento a investigação do suposto cartel de trens em São Paulo, a Cemig de Minas e o Porto de Suape em Pernambuco. Objetivo: tentar atingir o PSDB e os presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos.
Alguém quis saber o que se deve investigar em Suape, por exemplo, e o deputado petista não poderia ter sido mais eloquente: “Eu ainda não sei”. É espantoso! Vicentinho, formado em direito, pertence àquela escola que acha que se deve abrir uma investigação para achar alguma coisa desde que seja contra o inimigo. Não me surpreende. A esquerda entende que a função do estado é precisamente esta: perseguir seus inimigos.
O nome disso é pistolagem política. O deputado disse que a ideia saltou da sua cabeça. É, obviamente, mentira. Tanto que, num outro canto, Gleisi Hoffmann não escondia a intenção de recorrer a um truque dos mais asquerosos. É simplesmente irregular fazer um adendo ao requerimento da CPI da Petrobras com esses outros temas, que não são nem mesmo conexos. O que os trens de São Paulo têm a ver com o porto de Pernambuco ou com a Cemig? Resposta óbvia: nada! E Gleisi sabe disso. Mas ela explicou a malandragem. Disse que poderia alegar prejuízo de recursos federais. Bem, se é assim, por que não incluir, então, os descalabros da Copa, senadora?
O governo pode querer fazer CPI sobre esses temas? Pode. Mas terá de apresentar um requerimento específico. A pergunta óbvia é por que não fez isso antes. O que vai embutido nessa forma delinquente de fazer política? Tomemos o caso de Pernambuco: se Eduardo Campos estivesse, mais uma vez, fechado com a candidatura do PT, é evidente que os petistas não ameaçariam investigar o porto de Suape. Moral da história da companheirada: os inimigos, a gente investiga e persegue; os amigos, a gente preserva. Quanto aos trens de São Paulo, dizer o quê? Duvido que uma CPI pudesse ser mais politizada do que já tem sido o Cade, por exemplo, sob a gestão do PT.
Como se dissesse a coisa mais óbvia do mundo, Gleisi, pré-candidata do PT ao governo do Paraná, disfarça o cinismo com seu ar severo: “Eles estão politizando, aproveitando um momento eleitoral. Tem que ter coerência. Se eu sugiro investigação política para algo que já tem investigações técnicas, como é o caso da Petrobras, por que fazer só para um tema e não para o outro?”.
A resposta é simples, senadora! Uma CPI não é um instrumento de chantagem. Se a senhora achava que era o caso de fazer uma ou mais comissões para todos esses casos, tinha como articular a investigação como chefe da Casa Civil. Indecente é que venha agora com ameaças para impedir que o Parlamento investigue a Petrobras.
De resto, quem evidenciou a necessidade da CPI foi a presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que o conselho da Petrobras tomou a decisão sobre a refinaria de Pasadena sem conhecer as condições do contrato. Quem arrematou a urgência foi Graça Foster ao afirmar que a direção da empresa desconhecia a existência de um comitê de proprietários na refinaria de Pasadena, embora ele estivesse previsto num dos primeiros itens do contrato.
Pergunto, ademais, à senadora Gleisi se ela aceita incluir no relatório os contratos da Siemens com a Eletrobras, por exemplo, já que a empresa é uma das maiores fornecedoras da estatal. Será que, no setor elétrico, a gigante recorre a práticas muito distintas daqueles da área de transporte? Escolhido o seu método, onde houver dinheiro federal, cabe uma investigação.
E arremato assim: digamos que a oposição recue diante das ameaças de Gleisi e Vicentinho. Aí o PT certamente ficaria contente. Afinal, seria como se todos eles se abraçassem, confessando que estão juntos numa penca de falcatruas, contra o povo.
Essa é a moral profunda de suas ameaças, senadora! Nem o governo Lula foi tão baixo. Mas se reconheça: sua equipe também não tinha esse grau de ruindade. Dilma, no momento, é a incompetência com o orgulho ferido. A mistura é sempre explosiva.

PASSA, PASSA PASADENA

PARA O PT: "Os críticos da Petrobrás não são bons brasileiros. Bons são os que se apossaram dela e a fizeram perder R$ 200 bilhões nestes anos e despencar no ranking das grandes empresas do mundo."

Passa, passa Pasadena

Água era o meu foco. Revisitava o Rio Piracicaba castigado pela seca. No passado fui a algumas reuniões do Comitê de Bacia. Já havia na época uma preocupação com o futuro do rio, tão solicitado: abastece uma região em crescimento e mais 8,8 milhões de pessoas em São Paulo.

Lembrei, à beira do Piracicaba, alguns autores no fim do século passado afirmando que a água seria o petróleo do século 21, com potencial de provocar conflitos e até guerras. Mas ao falar no petróleo como algo do passado constatei que está na ordem do dia. Enterraram uma fortuna em Pasadena, no Texas. Outra Pasadena, na Califórnia, é a cidade cenário da sitecom The Big Bang Theory.

Pois é, nossa Pasadena começou com um singular ponto que se expande de forma vertiginosa. Foi uma espécie de Big Bang na consciência dos que ainda duvidavam que a Petrobrás estivesse indo para o buraco nas mãos dos aliados PT e PMDB. Diante dos fatos, vão-se enrolar de novo na Bandeira Nacional, sobretudo num momento de Copa do Mundo, fulgurante de verde e amarelo.

Os críticos da Petrobrás não são bons brasileiros. Bons são os que se apossaram dela e a fizeram perder R$ 200 bilhões nestes anos e despencar no ranking das grandes empresas do mundo.

O líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que a perda desse dinheiro faz parte do jogo capitalista de perde e ganha. Se fosse numa empresa privada, dificilmente seus diretores resistiriam no cargo. Em Pasadena enterrou-se dinheiro público. O que deveria ser mais grave em termos políticos.

Pasadena é uma boa versão com sotaque latino para Waterloo. Dilma Rousseff afirma que assinou a compra da refinaria no Texas sem conhecer as cláusulas. Depois disso conheceu. Ela lançou uma nota para explicar o momento em que não sabia. E se esqueceu de explicar todos os anos de silêncio e inação.

Os diretores que teriam omitido as cláusulas que enterram mais de US$ 1 bilhão em Pasadena continuaram no cargo. Até a coisa explodir mesmo. Tenho a impressão de que tentaram sentar-se em cima da refinaria de Pasadena. Sentaram-se numa baioneta, porque não se esconde um negócio desastroso de mais de US$ 1 bilhão.

Os fatos começam a se desdobrar agora que os olhares se voltam para esse refúgio dos nacionalistas, defensores da Pátria enriquecidos.

Uma empresa holandesa cobrou US$ 17 milhões da Petrobrás por serviços que não constavam do contrato. A primeira parcela da compra em Pasadena foi declarada como US$ 360 milhões, mas no documento americano ela foi registrada como uma compra de US$ 420 milhões. Refinarias compradas no Japão têm as mesmas cláusulas do contrato desastroso de Pasadena.

Um amigo de Brasília me disse ao telefone: “Se esse Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobrás, abrir a boca, a República vai estremecer”. Conversa de Brasília. Quantas vezes não se falou o mesmo de Marco Valério?! O que pode trazer revelações são os computadores, pen drives e documentos encontrados na casa dele. A Polícia Federal não acreditava que ele iria falar, tanto que o prendeu com o argumento de que estava destruindo provas.

Passa, passa, Pasadena, quero ver passar. A Petrobrás da nossa juventude, dos gritos de “o petróleo é nosso”, se tornou o reduto preferido dos dois grandes partidos que nos governam. O petróleo é deles, do PT e do PMDB. Levaram o slogan ao pé da letra e suas pegadas na maior empresa do País demonstram que devoram até aquilo que dizem amar.
(...)

Artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo em 28/03/2014
Leia a íntegra AQUI.

PARA O PT, INCOMPETÊNCIA NÃO É QUEBRAR A PETROBRAS, MAS NÃO SABER ENGANAR

PT culpa Dilma e Ideli por CPI da Petrobras
Deputados do PT atribuem possível criação de CPI à incompetência dos articuladores do governo e à reação da própria presidente Dilma


A presidente Dilma Rousseff enfrentará, em ano eleitoral, o desgaste de uma CPI

A CPI da Petrobras, que pode em breve ser instaurada no Senado, é um daqueles casos excepcionais em que os governantes se infligem um dano que poderiam ter evitado - bastando para isso ficar em silêncio. 
Quando a presidente Dilma Rousseff, inquirida sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, resolveu explicar que o Conselho de Administração da estatal, na época comandado por ela, havia tomado a decisão com base num parecer "incompleto e falho", sem querer abriu uma brecha para que a gestão da petroleira nos anos de presidência do PT fosse duramente questionada. Em uma semana, a ideia de uma CPI, que a oposição tentava emplacar sem sucesso há anos, saiu do papel, e senadores como Álvaro Dias, do PSDB, ganharam de presente os holofotes para denunciar a maneira como um patrimônio brasileiro - a Petrobras - foi dilapidado por Lula e sua sucessora.  
Esse enredo está bem claro na cabeça de figuras eminentes do PT. Diante dos microfones, deputados e senadores do PT prometem – ainda que não saibam dizer como – retaliações ao PSDB e ao PSB, partidos dos futuros adversários da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro, pelo requerimento de abertura da CPI da Petrobras. Porém, em diferentes reuniões a portas fechadas, parlamentares do partido atribuem o sucesso da coleta de assinaturas feita pela oposição à incompetência da articulação política do governo e à própria presidente Dilma Rousseff.
"Foi um festival de incompetência do governo. E começou com a própria presidente", afirmou um influente deputado petista, sob condição de anonimato. Para um grupo de petistas na Câmara, Dilma chamou a atenção da opinião pública e da oposição com sua declaração, escrita de próprio punho, sobre o parecer falho que embasou a compra da refinaria de Pasadena, que causou prejuízo de 1,18 bilhão de reais para a Petrobras.
Na próxima semana, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deve passar o cargo para o sucessor, provavelmente o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Ex-ministro do governo Lula e ex-presidente do PT, Berzoini tem mais trânsito na bancada petista e perfil mais truculento que o de Ideli. É ligado à ala sindical do partido e tem a confiança de Lula – ele foi escalado para comandar o partido após a descoberta do mensalão derrubar a antiga cúpula do PT. 
Nesta quinta-feira, no Congresso, Ideli demonstrou conformismo com a instalação da investigação sobre a Petrobras. Contra a vontade do governo, o Senado recebeu o requerimento de criação da CPI. "É da vida", resumiu Ideli.
Dentro do PT, entretanto, o clima é diferente: o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), reclamou que não há CPI inevitável. "Inevitável nunca é. Esta CPI é fruto mais da falta de articulação política do governo do que de qualquer outra coisa", diz ele, expondo uma crítica frequente entre petistas. Vargas diz que o próprio governo ordenou que a Polícia Federal investigasse as denúncias, mas admite que a situação é delicada.
As críticas à articulação política do governo não são novidade e também ecoam em outros partidos aliados, especialmente na Câmara. Mas, desta vez, as reações também atingem a presidente Dilma Rousseff, que precisará neste ano ainda mais do PT para tentar a reeleição. 

SE FALTA O RUMO, TODAS AS ESCOLHAS SÃO RUINS

Foto de Roseli Oliveira.

José Serra, Estadão

O presidente a ser eleito neste ano vai receber a pior herança econômica desde Itamar Franco, cuja posse foi em outubro de 1993 em razão da renúncia de Fernando Collor de Mello, que seria fatalmente colhido pelo impeachment. No baú de heranças negativas estará a falta de manobra na área externa diante de um ambiente econômico internacional pouco fulgurante para o Brasil e da acelerada desindustrialização, que causa pesados déficits na balança comercial. Também há a pressão fiscal: custeio em alta contínua, despesas crescentes com juros e subsídios selvagens à área energética, semiestagnação econômica, que freia o crescimento da arrecadação, e Estados em má situação orçamentária devida ao ano eleitoral de 2014.

Não haverá, é bem verdade, risco a curto prazo de calotes nas áreas externa ou fiscal, mas nem por isso as agências internacionais de risco, tão atrapalhadas quanto influentes, deixarão de atazanar as expectativas dos investidores em relação à economia brasileira.

O próximo presidente vai enfrentar ainda problemas agudos nas áreas de saúde e de segurança pública, e há a chaga social provocada pelas drogas. Essas três questões são as que mais afligem dois terços dos brasileiros.

Na economia, a inflação reprimida está à espreita. Tarifaços nas áreas de energia elétrica, combustíveis e transportes urbanos serão inevitáveis em 2014, a menos que se replique entre nós a desastrosa experiência do governo dos Kirchners, na Argentina, comprimindo preços, deteriorando a capacidade de cada um desses setores e expandindo ainda mais desabridamente os subsídios fiscais.

Um analista atento e desapaixonado, não precisa ser da oposição, concordará com a tese de que o pior cenário para enfrentar os problemas nacionais seria o sucesso da reeleição. Invertendo o ditado popular, quem pariu Mateus é o menos indicado para embalá-lo. Com a reeleição não daria para evitar uma deterioração rápida e forte das expectativas sociais e dos agentes econômicos. Não existiria, por exemplo, o voto de confiança de que todo novo governo dispõe para corrigir rumos.

A reeleição da atual presidente também reproduziria a baixa qualidade da gestão governamental, consequência do despreparo da equipe, uma das piores de todos os tempos. A presidente Dilma Rousseff ignorou e continua ignorando o bê-á-bá de qualquer manual de bom governo, segundo o qual ministros, secretários e presidentes de empresas públicas devem entender de sua área específica mais do que o presidente, governador ou prefeito. Ela nivelou a equipe por baixo e ignorou a prudência, que recomenda que se combine a delegação de funções com o exercício da liderança. Não fez nem uma coisa nem outra. Chefe de governo tem de definir prioridades, fortalecer os meios, antecipar-se aos acontecimentos, cobrar cronogramas, exercer o comando político e comunicar-se com clareza e coerência com a população. É tudo o que não existe hoje, quando o Brasil vive sob um governo que não sabe o que quer, transforma soluções em problemas, facilidades em dificuldades, e erra a mancheias. De fato, o foco principal da crise brasileira hoje em dia está no governo. O pesadelo dos agentes econômicos não reside tanto nos indicadores ruins sobre a economia, mas na possibilidade de o governo Dilma se prolongar por mais quatro anos.

Nenhum governo é imune a equívocos, maiores ou menores. Mas a singularidade dos governos do PT foi transformar o que deveria ser uma anomalia em método. O caso da Petrobrás é eloquente. Havia um sistema de concessões de exploração de petróleo que funcionava bem, expandindo a produção e entregando um enorme poder ao governo para extrair receitas. Mas deu-se nó em pingo d’água e criou-se para o pré-sal um novo método, de “partilha”, que tornou obrigatória a presença direta da empresa em cada poço, com um mínimo de 30%. Como ela não tem capacidade executiva nem recursos para tanto, isso complicou sua situação financeira e operacional, já agravada pelo represamento de seus preços como estratégia para reprimir a inflação.

A gestão incompetente, a falta de pulso do governo e o loteamento político desenfreado levaram também ao fracasso dos investimentos em refinarias. Em Pernambuco, a construção da Refinaria Abreu e Lima, orçada em US$ 2,5 bilhões, não sairá por menos US$ 20 bilhões e ficará pronta cinco anos depois do prazo. Outras duas, no Maranhão e no Ceará, mal saíram do papel. No Rio, a Comperj repete a rotina de atrasos, estouro absurdo do orçamento, etc. E há, como sabem os leitores, a pexotada da refinaria de Pasadena. Se faltaram à então ministra e conselheira Dilma Rousseff as informações adequadas para impedir, em 2006, a Petrobrás de fazer um negócio desastroso, ela dispunha, nos anos seguintes, de todos os dados de que precisava para cobrar responsabilidades: como conselheira, ministra e presidente. Os procedimentos em curso na Petrobrás, se aplicados à iniciativa privada, quebrariam qualquer empresa.

As consequências disso tudo são conhecidas: estagnação da produção nacional de petróleo e aumento de cinco vezes do volume importado de gasolina entre 2010 e 2013. Pelo conceito do custo de oportunidade, a perda da Petrobrás no acumulado de janeiro de 2003 a dezembro de 2013 foi de R$ 53,4 bilhões. Tornou-se a empresa de petróleo mais endividada do mundo e perdeu metade do seu valor de mercado.

Além da tragédia da Petrobrás, a era petista produziu outro grande estrago no setor de infraestrutura: desorganizou o sistema elétrico brasileiro. A distância entre o que a Presidência da República pensa que sabe sobre o setor e o que efetivamente sabe é avassaladora e se refletiu numa medida provisória, a MP 579, que não era necessária e serviu de gatilho do atual estrago: aumento alucinante dos subsídios ao setor, preços reprimidos e derrubada da Eletrobrás, cujo valor de mercado representa hoje menos de um sétimo do seu patrimônio líquido.

Para quem não sabe aonde vai todos os caminhos são bons. Quando, no entanto, quem está sem rumo comanda um país, aí todas as escolhas são ruins.

quinta-feira, 27 de março de 2014

MEDO DA CPI E ÓDIO À DEMOCRACIA


O PT não se conforma que oposicionistas façam oposição! No fim das contas, isso é ódio à democracia! Ou: Ainda não temos de imitar o modelito do anão tarado

Por Reinaldo Azevedo
No seu esforço para tentar impedir a criação de uma CPI da Petrobras ou qualquer investigação que fuja ao estrito controle oficial, o governo não tem se poupado, e nos poupado, do ridículo. Quem deu a largada foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com a entrevista coletiva que concedeu na terça-feira. Segundo o preclaro, o pedido de investigação encaminhado por um grupo de senadores ao procurador-geral da República não se justifica porque não haveria fato novo, além das denúncias publicadas pela imprensa. Ora, e quem disse que elas já não são o bastante?
Mais: Cardozo afirma que se trata de uma ação de caráter político-eleitoral, acusação repetida pela agora apenas senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que era ministra da Casa Civil até outro dia. O que os petistas querem dizer com isso? Então o PT, quando era oposição, nunca se esforçou para criar uma CPI em ano eleitoral? Então o PT não se esforça para criar comissões de inquérito nos estados e nas cidades em que é oposição? Ora, ora…
Até o quase sempre contido Paulo Bernardo, ministro das Comunicações e marido de Gleisi, resolveu dar a sua contribuição à obviedade vertida em bobagem. Segundo ele, a CPI é do interesse da oposição! Ora, não me diga, ministro! Em todo o mundo democrático, comissões de inquérito do Poder Legislativo são justamente isto: instrumentos de que dispõe a oposição para investigar atos do Executivo.
O PT é um partido curioso! Acha que é normal que governistas defendam o governo, mas considera um absurdo que os oposicionistas o critiquem. Como costumo lembrar, governos existem em todos os países do mundo, também nas piores tiranias. Vejam agora o caso da Coreia do Norte. Kim Jong-un, aquele anãozinho tarado, decidiu que todos os homens do país devem ter o cabelo cortado como o seu: raspar as laterais da cabeça e deixar aquele tufo ridículo no topo. O que faz de um país uma democracia é justamente haver oposição, ministra Gleisi. É a gente não ser obrigado a seguir o que o mestre mandar.
Dilma afirmou que o conselho da Petrobras tomou uma decisão com base num relatório omisso; Graça Foster decidiu criar uma comissão interna na Petrobras para investigar a lambança de Pasadena; o Tribunal de Contas da União investiga a compra… Por que o Congresso, como disse Eduardo Campos, haveria de ficar de joelhos?
O que pretendem os ministros José Eduardo Cardozo, Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo? Que o Parlamento se abstenha de cumprir o seu papel só porque é ano eleitoral? Digamos, por hipótese, e isto ainda não está dado, que uma CPI possa ser positiva para as oposições. Estas deveriam, então, se abster de pedi-la, mesmo diante dos descalabros, com medo de eventuais benefícios? Essa trinca deveria citar um só regime democrático em que as oposições, afinal, não transformem os erros do governo em uma questão… política!
A situação, aliás, é mais grave do que parece. Eu reitero que a entrevista de Graça Foster, presidente da Petrobras, ao Globo é nitroglicerina pura. Além de ela própria denunciar a existência de um comitê secreto na bagunça de Pasadena, deixou claro que os mecanismos para a Petrobras se precaver de outras lambanças são tênues — a rigor, inexistentes.
De resto, por que tanto medo de uma CPI da Petrobras? Se Dilma diz que foi enganada; se Graça Foster diz que foi enganada, por que o Parlamento deve ficar longe da investigação? Vejam o caso do sr. José Sérgio Gabrielli. Indagado pela imprensa sobre o tal comitê secreto, ele diz que não se pronuncia sobre o assunto. Como não? É sua sucessora na Petrobras, petista como ele, quem denuncia o bunker; a empresa é de economia mista e deve satisfação a seus acionistas. O Congresso é parte da representação de que dispõe o povo brasileiro e tem o poder para fazer o sr. Gabrielli falar o que sabe — ou, então, para que faça suas confissões por intermédio do silêncio.
De resto, uma sugestão a Gleisi: é melhor redescobrir o tom e a entonação de uma parlamentar. A senadora ainda está com aquela altivez — que anseia passar por sabedoria — de quando era ministra da Casa Civil, sempre à beira de um pito. A gente já sabe, senadora, que isso não funciona. Pode até despertar certo interesse por algum tempo, mas, depois, cai no ridículo. Especialmente quando nos damos conta do que estava, e deve estar, em curso na Petrobras.
O PT não se conforma que oposicionistas façam oposição. No fim das contas, é ódio à democracia. Enquanto isto aqui não for a Coreia do Norte, não precisaremos cortar o cabelo à moda do anãozinho tarado.

ROMBO NAS CONTAS DO DESGOVERNO CHEGA A R$ 3 BILHÕES

Na VEJA.com:

O governo central – formado pelo governo federal, Banco Central e Previdência Social – registrou déficit primário de 3,078 bilhões de reais em fevereiro, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira. Nos dois primeiros meses do ano, a economia feita para o pagamento de juros acumula saldo positivo de 9,876 bilhões de reais. No entanto, o saldo bimestral é 50% inferior ao que foi registrado no mesmo período de 2013 e o pior desde 2009.
Em fevereiro, as despesas do governo central atingiram 68,354 bilhões de reais, enquanto a receita líquida ficou em 65,275 bilhões de reais. No ano, os gastos somam 158,5 bilhões de reais, com alta de 15,5% em relação a igual período do ano passado, impulsionados por despesas maiores com o pagamento de benefícios sociais, servidores e com a máquina pública. No mesmo período, a receita totalizou 168,342 bilhões de reais, com aumento bem menos expressivo de 7,3% na comparação com 2013.
O resultado veio negativo mesmo levando-se em conta a arrecadação recorde do mês passado e o fato de o Tesouro ter lançado mão de 2,892 bilhões de reais em dividendos das estatais para incrementar sua receita, dos quais 2 bilhões de reais são provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 700 milhões de reais da Caixa Econômica Federal.
O Tesouro também informou que transferiu 1,05 bilhão de reais para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) no primeiro bimestre deste ano. Em 2014, está previsto um aporte de até 13 bilhões de reais, sendo 9 bilhões de reais para bancar as indenizações às distribuidoras e 4 bilhões de reais para atenuar o impacto do aumento do preço de energia no mercado livre no caixa das elétricas.
Apesar do resultado primário ruim, os investimentos do governo federal apresentaram um crescimento de 22,7% no primeiro bimestre de 2014 e somaram 15,1 bilhões de reais, ante 12,3 bilhões de reais no mesmo período do ano passado. Os investimentos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somaram 11,1 bilhões de reais, com alta de 43,3% em comparação com o primeiro bimestre de 2013, quando foram gastos 7,7 bilhões de reais.
A meta fiscal de 1,9% do PIB para o ano foi anunciada pelo ministro da Fazenda Guido Mantega em fevereiro, mostrando uma tentativa do governo de trabalhar com números mais realistas. Esse porcentual representa uma economia de 99 bilhões de reais para pagar os juros da dívida. Na segunda-feira, foi justamente o desempenho fiscal ruim que fez com que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixasse a nota de crédito do Brasil de BBB para BBB-.

"EU NÃO SABIA" DESMASCARADO PELOS FATOS

Por Raquel Landim, David Friedlander, Samantha Lima e Isabel Fleck, na Folha:

A Petrobras conhece há mais de sete anos o misterioso comitê interno da refinaria de Pasadena cuja existência a presidente da estatal, Graça Foster, afirmou ignorar até o início desta semana. Conhecido como comitê de proprietários, ele pode ser facilmente encontrado logo no início do acordo de acionistas assinado em 2006 pela estatal brasileira e pela belga Astra, sua sócia na refinaria. Em entrevista ao jornal “O Globo” ontem, Graça disse que não sabia da existência do comitê e não conhecia suas atribuições e seu poder, nem que o representante da estatal era Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras que foi preso pela Polícia Federal na semana passada. O comitê de proprietários e suas funções são descritos em detalhes no artigo 3º do acordo de acionistas, datado de 1º de setembro de 2006.
A Petrobras e a Astra foram sócias na refinaria de Pasadena entre 2006 e 2008, cada uma com participação de 50%. Mais tarde, a estatal brasileira foi forçada por contrato a comprar a parte dos belgas, numa operação que elevou para US$ 1,18 bilhão o custo da aquisição da refinaria. O negócio voltou à tona há uma semana, quando a presidente Dilma Rousseff, que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando a transação foi aprovada, afirmou que autorizou a operação sem ter sido informada sobre as cláusulas contratuais que mais tarde prejudicaram a Petrobras.
O acordo de acionistas, obtido pela Folha em uma corte da Justiça do Texas, onde fica a refinaria, prevê a existência “de um comitê de proprietários composto por uma pessoa apontada pela Petrobras America [subsidiária da estatal nos Estados Unidos] e uma pessoa apontada pela Astra”, que devem ser os presidentes das empresas ou alguém indicado por eles ou por um superior hierárquico. ”Não ocupei a posição e tampouco participei da designação do representante neste comitê”, disse o então presidente da Petrobras America, Renato Bertani. Segundo ele, a avaliação do projeto foi centralizada pela área internacional da companhia. O ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli não quis comentar o assunto. O então diretor da área internacional, Nestor Cerveró, foi transferido para um cargo na BR Distribuidora em 2008 e demitido na sexta-feira passada.
Advogados especializados em grandes negócios disseram à Folha que o comitê de proprietários é uma instância comum em empresas com vários sócios, principalmente naquelas em que as participações são iguais, como era o caso da refinaria de Pasadena. Graça Foster anunciou a criação de uma comissão de sindicância interna para investigar a aquisição da refinaria e o funcionamento do comitê de proprietários, que está descrito em detalhes no acordo de acionistas de 2006. Conforme o documento, as decisões estratégicas na refinaria eram tomadas por maioria no conselho de diretores, formado por três executivos de cada lado. Se não houvesse acordo sobre algum assunto, a questão deveria ser remetida ao comitê, que tinha que decidir por unanimidade. Se o impasse persistisse, a Petrobras poderia decidir sozinha. Em contrapartida, a Astra tinha o direito de exigir que a estatal brasileira comprasse a sua participação.Esse é um dos pontos que levantam dúvidas sobre a operação. As duas sócias da refinaria divergiram desde o início sobre diversos assuntos, do rumo da operação aos investimentos necessários.
(…)

quarta-feira, 26 de março de 2014

CPI JÁ! CARA FEIA NÃO RESOLVE NADA

A fúria investigativa — e tardia — de Graça Foster. Ou: Da linhagem das pessoas enfezadas que passam por competentes

Leiam o que vai na VEJA.com. Volto em seguida:
A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta quarta-feira, que a estatal instaurou uma comissão de apuração interna para investigar detalhes sobre a negociação da compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Ela disse, ainda, ter ficado surpresa ao descobrir que havia um comitê de proprietários de Pasadena que ficava acima do board (conselho de administração) da Petrobras. O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa (que está preso) era representante da estatal nesse comitê, que após processo arbitral da estatal brasileira com os sócios belgas na refinaria, em 2008, deixou de existir. Segundo Graça, a descoberta desse fato foi a gota d’água para instauração da sindicância.
A respeito do comitê de proprietários, ainda não se sabe qual era sua função, e a Petrobras vai procurar “os estatutos, as atribuições, o poder e onde estão as atas”, disse Graça. “Não fica pedra sobre pedra”, afirmou a executiva, completando que não aceita “de jeito nenhum (…) que me venha um comitê que eu não saiba”.
De acordo com a presidente da empresa, a companhia terá até 45 dias para se manifestar “sobre uma série de processos que já estavam em avaliação de forma administrativa”. Ainda na entrevista, a presidente da Petrobras evitou comentar se as denúncias têm cunho político e admitiu que não foi feita auditoria na refinaria Abreu e Lima, envolvida em suspeitas de superfaturamento. “Não há materialidade hoje que justifique isso”.
(…)
Voltei
Huuummm… Eu conheço esse estilo “faço e aconteço” que a presidente Dilma resolveu imprimir ao governo a começar dela própria. Em certa medida, ele é responsável pela crise que enfrenta o setor elétrico e pela casa de horrores em que se transformou a Petrobras. Afinal de contas, muitos pensavam: “Dilma cuida dessas áreas, e ela é uma pessoa séria, carrancuda, sisuda, enfezada”. Confundir esses atributos com competência pode ser um erro fatal.
Graça Foster é da cúpula da Petrobras não é de hoje e está na presidência desde 2012, ano em que a empresa teve de arcar com o espeto final de US$ 820,5 milhões pela segunda metade da refinaria de Pasadena. Não lhe ocorreu que pudesse haver algo de estranho? Afinal, ela já sabia que o conselho havia autorizado a operação com base num memorial, para dizer pouco, omisso, não é mesmo? Só agora bateu esse ânimo de não deixar “pedra sobre pedra”? Não custa lembrar que ela própria foi ao Congresso e defendeu a operação. Se Dilma não tivesse dado um faniquito e mudado a resposta enviada à imprensa, mais uma vez, a Petrobras, pelas mãos de Graça Foster, teria repetido a resposta que ela deu aos parlamentares: à época, a operação de Pasadena se justificava, ignorando, então, as cláusulas malandras.
Esse estilo petista é mesmo muito interessante: eles prometem rigor máximo na investigação como se não tivessem nada a ver com a história.
Por Reinaldo Azevedo

SERÁ QUE AINDA VÃO CONTRIBUIR COM A CAMPANHA DE DILMA?

S&P REBAIXA RANTING DE 13 EMPRESAS BRASILEIRAS. 

Na VEJA.com:
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating em escala global de 13 instituições financeiras do Brasil, em moeda local e em moeda estrangeira. Na segunda-feira a S&P já havia adotado um tom semelhante ao rebaixar os ratings da Petrobras e da Eletrobras. A decisão ajusta as notas das empresas ao rating soberano brasileiro, que foi cortado de BBB para BBB-. As notas possuem perspectiva estável.
Foram rebaixados de BBB para BBB- os ratings do Bradesco, Banco do Brasil, Itaú BBA, Itaú Unibanco Holding, Citibank, HSBC Bank Brasil, Santander Brasil, Banco do Nordeste do Brasil, Sul América Companhia Nacional de Seguros e Allianz Global Corporate & Specialty Resseguros Brasil. A S&P também rebaixou para BBB- a nota em moeda estrangeira da Caixa Econômica Federal e do BNDES. Em moeda local, as notas da Caixa e do BNDES foram cortadas para BBB+, de A-. O rating da Sul América, em moeda local e estrangeira, foi rebaixado para BB, de BB+.  Entre as instituições com o rating em observação negativa estão o BNP Paribas, BES Investimentos do Brasil, BM&FBovespa, Safra, Votorantim, Banco Pan, Daycoval, Pine e BTG Pactual.
A S&P também anunciou que colocou o rating global de 17 instituições financeiras do Brasil e o rating em escala nacional de 26 instituições em observação com implicações negativas. Um banco também está com o rating em escala global na lista de observação negativa, o que significa que há a possibilidade de corte nos próximos meses.

Gabrielli nomeou o próprio primo para digir estatal brasileira nos EUA

Por Andreza Matais e Murilo Rodrigues Alves, no Estadão:

Presidente da Petrobrás na época da compra da refinaria de Pasadena, José Sérgio Gabrielli nomeou o primo para cuidar da estatal nos EUA, a Petrobrás América, quando a petroleira e a empresa belga Astra Oil estavam em litígio em torno do negócio. José Orlando Azevedo foi o responsável por conduzir a disputa judicial que culminou com uma vitória dos belgas e numa conta de US$ 820,5 milhões a mais para a estatal brasileira pagar. Azevedo presidiu a Petrobrás América entre outubro de 2008 ao final de 2012. A nomeação do primo foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobrás, na época presidido pela presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
 O Brasil acabou pagando US$ 1,2 bilhão pela refinaria de Pasadena após o litígio, concluído em 2012. O litígio ajudou a encarecer o negócio. Em 2005, a belga havia comprado a planta de Pasadena por US$ 42,5 milhões. Gabrielli informou a nomeação do primo à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Security Exchange Commission (SEC). No comunicado, a Petrobrás diz aos órgãos reguladores que “o engenheiro de equipamentos sênior José Orlando Melo de Azevedo é primo em primeiro grau do então presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli de Azevedo.”
(…)

URGE INVESTIGAR, FALATÓRIO NADA RESOLVE

Ministro e porta-voz

Um manda, outro obedece
Um manda, outro obedece
Gilberto Carvalho e Manoel Dias estão na Comissão de Fiscalização da Câmara tentando dar suas explicações a respeito do manancial de irregularidades encontradas nos convênios de ONGs com o Ministério do Trabalho e das relações do governo com o MST.
Na verdade, Manoel Dias não tem versão alguma. Toda a sua defesa saiu direto do Palácio do Planalto, cuidadosamente escrita pela equipe de Gilberto Carvalho. O texto lido por Dias expõe a estratégia: empurrar todas as suspeitas para a gestão de Carlos Lupi à frente do ministério.
Antes da audiência pública na comissão, Dias reuniu-se com Gilberto Carvalho para receber as orientações e dizer amém.
Por Lauro Jardim

MINISTROS DEVEM SERVIR AO PAÍS, NÃO AO PARTIDO

Um ministro sem estatura para o cargo.

No Coturno


Ontem o país foi surpreendido por uma entrevista inusitada do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, atacando senadores da República que foram ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, pedir investigação contra a Presidente Dilma Rousseff, por improbidade administrativa. 

A presidente não agiu contra funcionários que causaram danos de centenas de milhões de dólares à Petrobras, tendo conhecimento dos malfeitos por longos seis anos. 

Não é papel do Ministro da Justiça defender a Presidente da República contra uma ação perfeitamente legal, além de reunir jornalistas para dizer um amontoado de besteiras sobre o caso. No entanto, quando se olha o pobre currículo de Cardozo, dá para entender que ele não passa de um operador político. Na última linha das informações sobre as suas competências para exercer o ministério da Justiça, está escrito: " em 2010, foi um dos coordenadores da campanha vitoriosa de Dilma Rousseff à Presidência da República. Assumiu o Ministério da Justiça em 2 de janeiro de 2011." É uma confissão de que o cargo foi um prêmio político, por serviços prestados em uma campanha eleitoral. Sabe-se lá que serviços. 

Não é à toa que a criminalidade e a insegurança jurídica grassam no Brasil do PT.

É UMA GRAÇA, ESSA GRACIOSA!

A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, a quem a Dilma apelidou de “Graciosa” ao dar-lhe posse numa solenidade do Palácio do Planalto, parece enfezada com os quadrilheiros que se apossaram da estatal há 12 anos. Numa entrevista aos repórteres Ramona Ordoñez e Bruno Rosa, do Globo, ela joga para plateia ao dizer que “não fica pedra sobre pedra” a apuração que mandou fazer sobre a compra do ferro velho de Pasadena, no Texas, que ajudou o dono do negócio a ser um dos mais ricos da Bélgica.

Parece até que Graciosa é um ET, desceu de uma nave espacial na sede da empresa na Avenida Chile, no Rio. A julgar pelas suas declarações ao jornal carioca, quem sabe se não veio de uma galáxia distante.  Há 37 anos anos lá dentro, onde começou como estagiária aos 24, desconhece tudo que passa em sua volta. Recebeu a empresa de presente da Dilma para administrar em janeiro de 2012 . E ali manteve durante esses dois anos o silêncio conivente sobre as trapaças dos petistas que transformaram a diretoria no covil de numa quadrilha organizada para roubar dinheiro e distribuir em campanhas políticas. Se não fosse a frase de efeito, a entrevista da Graciosa poderia ir muito bem para a cesta do lixo. Em nenhum momento, ela, que conhece muito bem os emaranhados da empresa, responsabilizou Sergio Gabrielli, ex-presidente, ou outro diretor pelos danos financeiros causados à Petrobrás.
Na entrevista, Graciosa preferiu burocratizar os esclarecimentos da podridão para escamotear a verdade de que a Petrobrás nessa última década foi ocupada por sindicalistas incompetentes e desqualificados; que os diretores eram, e ainda são, nomeados por interesses políticos; que, no auge da anarquia, até o Severino, ex-presidente da Câmara, exigiu a “diretoria que furava poços” para apoiar o governo petista; que caíram pela metade as ações da Petrobrás nesse período; que o Hugo Chávez nunca assinou oficialmente uma folha de papel se comprometendo a participar da construção da refinaria Abreu e Lima, outro quartel-general da corrupção; e que, finalmente, há doze anos, instalou-se na Petrobrás uma quadrilha especializada em fazer negócios escusos para manter o PT no poder.
Graciosa, na entrevista, fez cara feia para se dizer indignada com tanta patifaria na empresa que dirige. Tudo jogo de cena. É de se perguntar: o que ela fez nesses dois anos para moralizar a Petrobrás, um dos maiores patrimônios do povo brasileiro? Nada. Trocou apenas alguns manjados diretores que passaram depois a ter vida luxuosa à frente de empresas de consultoria a serviço da Petrobrás. Foi o caso de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, preso por lavagem de dinheiro, que manteve um pé lá dentro como lobista e consultor de empresas interessadas em negociar propinas com a estatal.
Graciosa também agraciou outro diretor, premiando-o com uma  diretoria do sistema Petrobrás. Aceitou a nomeação de Nestor Cerveró como diretor financeiro da BR Distribuidora, mesmo sabendo que ele sonegou documentos da negociação entre a Petrobrás e os belgas, donos da refinaria texana. O curioso é que só agora, anos depois, é que Graciosa e Dilma, sua amiga, descobrem o responsável pela bandalheira: Cerveró. Mentira. O ex-diretor estava a serviço do governo petista há muito tempo e a refinaria foi negociada quando a Dilma era presidente do Conselho da Petrobrás, portanto, Cerveró é apenas o bode na sala, o que menos tem culpa no cartório.
A comissão de senadores e deputados que levou a representação ao Procurador-Geral da República para investigar a Dilma acertou na mosca. Não basta apenas crucificar o Cerveró, é preciso encontrar o responsável ou responsáveis pela bandalheira. Pelo menos três deles, ao que se sabe, tem nomes e endereços conhecidos: Dilma Roussef, Luis Inácio Lula da Silva e Sérgio Gabrielli.
A Polícia Federal não precisa gastar tanto dinheiro com diligências. É só intimá-los a depor.