quinta-feira, 27 de julho de 2017

PRISÃO DE BENDINE DEVOLVE O PT À LAVA JATO

A prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine pela Operação Lava Jato, em nova fase deflagrada na manhã desta quinta-feira, 27, põe o PT de volta ao centro das atenções sobre a corrupção e cobrança de propinas em estatais.

Mais do que isso, atinge também a presidente cassada Dilma Rousseff e os ex-ministros Guido Mantega e Gilberto Carvalho, aos quais Bendine sempre foi ligado.

Em delação premiada, o empresário Marcelo Odebrecht e o ex-diretor da Odebrecht Agroindustrial Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis disseram ao Ministério Público que Bendine solicitou "vantagem indevida" à empreiteira Odebrecht enre 2014 e 2015, dizia "atuar como interlocutor da presidente da República" e que poderia evitar os avanços da Lava Jato.

De acordo com os delatores, a propina pedida foi de 1% da dívida alongada da Odebrecht Agroindustrial com o Banco do Brasil, condição para que fosse feita a renegociação e dado mais tempo para a quitação.

Bendine foi presidente do BB de 2009 (governo Lula) a 2015 (Dilma). Só deixou o banco para assumir a presidência da Petrobrás, no lugar de Graça Foster, que se afastara.

Aldemir Bendine foi a peça-chave do PT que Dilma Rousseff e o ex-ministro Gilberto Carvalho mantiveram no Banco do Brasil para impedir o avanço do PMDB sobre cargos importantes da instituição. Enquanto ele esteve por lá, os peemedebistas de fato nada conseguiram no BB, principalmente a ala liderada pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Sem condições de atuar no Banco do Brasil, Cunha voltou seus esforços para a Caixa Econômica Federal, nomeando o afilhado Fábio Cleto para a vice-presidência que cuidava da liberação de dinheiro do FGTS para grande obras de infraestrutura.

Cleto foi preso pela Operação Lava Jato. Em delação premiada, afirmou que Cunha cobrava propina de empreiteiras que conseguiam o dinheiro do FGTS.

A prisão de Bendine, importante nome do PT nas estatais, deverá beneficiar o ex-presidente Michel Temer no período que antecede a votação, pela Câmara, da denúncia feita contra ele pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva.

Vai tirar o foco das notícias ruins de cima do PMDB e de Temer, e devolvê-lo, pelo menos por um tempo, para o PT.
*

João Domingos é coordenador do serviço Análise Política, do Broadcast Político.

Nenhum comentário:

Postar um comentário