sábado, 2 de fevereiro de 2013

PRODUÇÃO INDUSTRIAL ENCOLHE 2,7% EM 2012, PIOR RESULTADO DOS ÚLTIMOS ANOS


Indústria patina em 2012 e produção encolhe 2,7%, pior resultado desde 2009

Por Pedro Soares, na Folha:

A indústria viveu, em 2012, seu pior ano desde a crise global de 2009, num cenário de famílias mais endividadas, países em crise comprando menos do Brasil e ávidos para vender seus produtos aqui a preços reduzidos, e empresários receosos em investir. Nem mesmo medidas de estímulo do governo como redução de impostos (de R$ 6,2 bilhões) e crédito do BNDES com juros subsidiados pelo Tesouro (em alguns casos, inferiores à inflação) foram capazes de evitar uma queda de 2,7% da produção industrial em 2012, medida pelo IBGE.
Em dezembro, a produção ficou estável e o indicador negativo -recuo de 0,4%- veio “menos pior” do que o previsto por analistas. Para André Macedo, técnico do IBGE, a retração teve um perfil bastante generalizado, atingindo todas as categorias e 17 dos 27 setores. Termômetro do investimento, a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos usados para a fabricação de outros produtos, na agricultura e em infraestrutura) caiu 11,8%, mais fraco desempenho desde 2009.
Desde setembro de 2011, a produção da categoria cai, num sinal de que a a capacidade produtiva do país não se amplia, um limitador para o crescimento do PIB. O resultado ruim é reflexo também do recuo das exportações para países em crise e grandes mercados para a indústria, como a Argentina.
(…)

ROMBO NO CAIXA DA PETROBRAS ULTRAPASSA US$ 54 BILHÕES. DÍVIDAS SOMAM R$ 133,9 BILHÕES

Gastos da Petrobras superaram em US$ 54 bi sua geração de receitas nos últimos 4 anos

RAMONA ORDOÑEZ 
BRUNO ROSA 


Obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
Foto: Terceiro / Divulgação Petrobras

Obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro Terceiro / Divulgação Petrobras
Planos audaciosos de investimento, projetos com custos subestimados e falta de reajuste nos preços de combustíveis minaram o caixa da Petrobras. Com isso, a companhia tem gasto sistematicamente bem mais do que consegue gerar de receitas o que, segundo analistas, põe em dúvida a sustentabilidade de suas contas a longo prazo. 
Entre 2009 e 2012, o rombo no caixa da estatal pode ter acumulado US$ 54 bilhões, pelas projeções mais recentes, uma média de US$ 13,5 bilhões por ano de déficit. Especialistas acreditam que, se continuar nessa trajetória, a empresa precisará fazer nova capitalização — em 2010, a Petrobras fez um aumento recorde de capital de R$ 120,2 bilhões o equivalente a US$ 69,9 bilhões na ocasião.
Com o caixa enfraquecido, a companhia está chegando no limite de sua capacidade de endividamento, já que os investimentos não estão dando resultados, alertam os especialistas. Até setembro, as dívidas somam R$ 133,9 bilhões, valor que é 2,5 vezes a sua geração de caixa.
(...)
Defasagem gera perdas de R$ 20,9 bilhões
Segundo cálculos feitos por Caetano, a Petrobras deixou de arrecadar R$ 20,9 bilhões entre janeiro e setembro de 2012.
Caetano lembra que a relação entre dívida e patrimônio líquido da empresa hoje é de 28%. Se esta relação superar 35%, a empresa pode perder a chancela de investment grade. Para Leite, do Credit Suisse, com a estatal chegando ao seu limite de endividamento, ela poderá ser levada a fazer uma nova capitalização em breve.
(...)
Para David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o problema não foi fixar metas ambiciosas, mas sim a gestão dessas metas
Leia mais AQUI.

Ministério Público deve investigar compra de refinaria pela Petrobras

EC Rio de Janeiro (RJ) 01/02/2013 Refinaria Pasadena, da Petrobras, nos EUA
Foto: Agência Petrobras Foto: Terceiro / Agência O Globo
Companhia investiu US$ 1,2 bi em Pasadena, nos EUA, sem retorno 

 O Ministério Público Federal (MPF) deve abrir uma investigação criminal para apurar irregularidades no processo de aquisição, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, com base em indícios levantados por procuradores do MPF que atuam no Tribunal de Contas da União (TCU).

Desde a compra da refinaria, a petrolífera investiu US$ 1,18 bilhão nesse negócio, apesar de ela não processar um só barril de petróleo brasileiro e de a estatal não conseguir obter um retorno significativo do investimento feito.

(continua)

Balança comercial registra em janeiro maior déficit em 20 anos

Cristiane Bonfanti, O Globo

A balança comercial brasileira registrou em janeiro o pior resultado mensal em 20 anos. Afetada pelo registro tardio das importações de petróleo e derivados realizadas pela Petrobras e por uma explosão na compra de produtos do exterior, a balança comercial apresentou um déficit de US$ 4,03 bilhões no mês passado, o maior desde o início da série histórica, em 1993, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Além das operações da Petrobras e do aumento das importações de outros produtos, a queda nas exportações também influenciou o resultado da balança comercial. Na comparação com janeiro de 2012, as exportações caíram 1,07%, de US$ 16,141 bilhões para US$ 15,968 bilhões. A entrada de produtos, por sua vez, cresceu 14,64%, de US$ 17,448 bilhões para US$ 20,003 bilhões.

O ESPÍRITO DO TEMPO

Sandro Vaia

Assombrados, vemos um senador que foi obrigado a deixar a presidência do Senado por ligações suspeitas com empreiteiras e por uso de notas fiscais falsas voltando à presidência do Senado.

Vemos, não menos assombrados, um suplente de deputado condenado à prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha assumindo o cargo deixado vago pelo titular levantando os braços como fazem os lutadores de box e aclamado pelos seus pares, como fazem os “segundos” no canto do ringue do vitorioso da luta.

Zeltgeist, o espírito do tempo, explicariam os filósofos alemães.

Se essa é apenas uma pequena amostra do espírito do tempo, como alguém pode se espantar que num país onde essas coisas acontecem como se fossem naturais, um sujeito esperto abra uma boate que é uma ratoeira, com uma porta única de saída e cubra o teto clandestinamente com uma camada de espuma inflamável sem que ninguém perceba?

Na indescritível tragédia de Santa Maria seria de mau gosto politizar a culpa pela morte de mais de 230 jovens quando as famílias ainda tentam metabolizar as perdas que alterarão para sempre o rumo de suas vidas?

Mas a política, em seu sentido mais amplo, como a definiram os gregos, vem de politikós e, como repetia Bobbio, é uma atividade que diz respeito àquilo que é da cidade, da pólis, do interesse do cidadão perante a sociedade.

A pólis é do prefeito da cidade, a pólis é do governador, a segurança das pessoas está nas mãos das autoridades, está na mão dos fiscais que não fiscalizam, da polícia que não policia, dos bombeiros que não vistoriam.

Quantas culpas?

A do garoto estúpido da banda que comprou um sinalizador de 2,50 porque aquele mais adequado custava 70 e o acendeu em direção a um teto inflamável?
A dos donos da boate que montaram a ratoeira?
A do prefeito que deveria saber de tudo e não sabia de nada?
A dos bombeiros que talvez soubessem de tudo e fingiram não saber de nada?

Existe o destino, existe a fatalidade nas grandes tragédias e existe a soma de negligências, existe a indiferença diante do perigo que depois se transforma em choro convulsivo e arrependimento fatal, tudo isso existe.

E o que tem tudo isso a ver com eleição de senador suspeito, com deputado condenado e aplaudido? Tudo isso tem a ver com País, com nação, com maneira de uma comunidade ver e lidar com as coisas, por mais diferentes que sejam ou que pareçam ser.

Tudo isso tem a ver com zeltgeist. O espírito do tempo é a indiferença. Choramos e nos revoltamos no momento do choque, e quando se apagam as luzes da TV viramos as costas e esquecemos que tudo isso é nosso. 

Bicho criado em casa

Dora Kramer, O Estado de S.Paulo


O PT faz acordo para levar um denunciado e um investigado pelo Ministério Público às presidências do Senado e da Câmara, financia partidos para atraí-los à base governista, correligionários de altas patentes são condenados à prisão e, segundo o presidente do partido, a "oposição apartidária" é que desmoraliza a política. Que tal?

Isso para falar do presente, sem contar o passado de uma vida dedicada a desancar Deus, o mundo e seu Raimundo. Os correligionários de hoje eram os "picaretas", "ladrões" e "bandidos" de ontem, contra os quais o PT prometia combate ferrenho quando, e se, chegasse ao poder.

Pois há dez anos chegou e é o que se vê: não bastasse se aliar, festeja os piores tipos, elevando o que antigamente formava o baixo clero à condição de cardinalato do Congresso.

E com a tranquilidade dos puros, mas a sagacidade dos astutos, Rui Falcão, o presidente do PT, acusa Ministério Público e meios de comunicação independentes de tramarem contra a atividade política.
Oferece lições que dariam ensejo a preocupações quanto à sanidade do professor, não flertassem firmemente com o ridículo. Diz Falcão: "São esses a quem nomeei que tentam interditar a política no Brasil. Quando desqualificamos a política a gente abre espaço para aventuras golpistas. A gente abre espaço para experiências que no passado levaram ao nazismo e ao fascismo"

Faltou acrescentar um fator essencial na desconstrução do valor democrático numa sociedade: o populismo (ovo da serpente do autoritarismo), ao qual o PT se dedica com afinco no estímulo ao culto da personalidade e à desmoralização da massa crítica.

A ofensiva é clara: o petista ataca a "oposição apartidária" porque sabe que a partidária está dominada, nas cordas, sem força para preservar o indispensável exercício do contraditório sem o qual restam o silêncio, a concordância, a eliminação do debate, a alternância.

E o objetivo é esse mesmo: exercer o poder sem ser contraditado em nada e por coisa alguma, a fim de que apenas a voz do poder da vez prevaleça.


Leia a íntegra em Bicho criado em casa

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

NÃO SOMOS OS 300 DE ESPARTA, MAS JÁ SOMOS 300 MIL CONTRA RENAN


O eleitor obedeceu de maneira submissa a uma das determinações de Lula, a outra seria a de votar em Dilma para ocupar a cadeira que, na verdade, continua sendo sua, no que também foi atendido, e colocou ampla maioria governista na Câmara e no Senado.

Sim, a maioria folgada dos votos em Renan Calheiros para a presidência da casa é da responsabilidade do eleitor que quis assim, ninguém é forçado a vender voto ou se submeter à vontade de nenhum poderoso. 

Mas os poucos eleitos que costumam se opor àquilo que contrarie a Lei, a ética e o bem-estar da população tentam reagir como podem.

Somam-se a eles milhares de brasileiros que não se rendem aos discursos de palanque nem às imposições de soberanos.

Já somos TREZENTOS MIL cidadãos exigindo um Senado Ficha Limpa!

Leiam o que escreve Reinaldo Azevedo:

Taques vai perder para Renan daqui a pouco. Vejam por que há nisso algumas vitórias

É claro que o senador Pedro Taques (PDT-MT) vai perder a disputa pela Presidência do Senado para Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas isso está longe de ser o mais importante. A vitória já está dada: haver, ao menos disputa. O fato de uma parcela dos senadores se rebelar contra o candidato oficial é a boa notícia — muito especialmente quando ele tem a ficha de Renan.
PSDB (11), PDT (5), DEM (4) e PSOL (1) anunciaram o voto em Taques. Espera-se que os peemedebistas Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) também recusem o nome de Renan. O PSB decidiu que seus quatro representantes não votarão no peemedebista, mas não anunciou apoio a Taques. Se todos esses se juntarem, o senador por Mato Grosso pode chegar a 27 votos — um terço do total de 81.
Os entusiastas de Renan falam em até 70 votos porque apostam nas traições. O PMDB tem 20 senadores — 18 devem estar garantidos para o parlamentar de Alagoas. O PT conta com 12. Só essas duas legendas já garantem 30 votos para o candidato peemedebista.
Haverá traições na oposição? Possível é. Vamos ver. Renan, já informei aqui, é figura influente no Senado, e seus amigos se distribuem por todas as bancadas. Há corações tucanos e democratas que batem por ele. No próprio PDT, que está na base do governo, havia quem preferisse que o colega de partido ficasse fora dessa.
Nos seus vitupérios contra a imprensa, Rui Falcão deixou claro que os partidos de oposição não incomodam o governo. Ele não gosta é da imprensa e do Ministério Público porque, disse, são as verdadeiras oposições no Brasil. Na essência, é uma tolice e uma mentira. Mas entendo o que ele quis dizer. Com as exceções de hábito, os adversários do petismo oferecem pouco combate.
Desta vez, mesmo para perder e correndo o risco de ficar fora da Mesa Diretora, as oposições decidiram dar sinal de vida. Foi uma imposição da ética, cedendo ao convite ao brio de milhões de brasileiros. Milhares, Brasil afora, mesmo sabendo que vão perder, aderiram a petição de repúdio a Renan. 
As oposições precisam aprender a perder com os bons se querem, um dia, vencer. 
Não é só frase de efeito. Perder com os bons significa dizer o que tem de ser dito e fazer o que tem de ser feito. Ela também foi eleita pelo povo. E eleita para se opor. O Senado que cassou, por bons motivos, o mandato de Demóstenes Torres não pode eleger Renan presidente da Casa sob silêncio.
Para assinar a petição, clique aqui.