sexta-feira, 2 de junho de 2017

O PROBLEMA DE LULA É SÓ O TRIPLEX?

NÃO APRENDERAM NADA, NÃO ESQUECERAM NADA

A imagem pode conter: 6 pessoas, pessoas sentadas

Augusto de Franco

O PT, fundado oficialmente em fevereiro de 1982, só foi fazer seu primeiro congresso em 1991 (acho que por minha sugestão, que fui o coordenador geral do evento), em São Bernardo do Campo. Na foto apareço na mesa diretora dos trabalhos, à esquerda de Lula (discursando) e, do outro lado, o falecido Gushiken. 

Exatamente dois anos depois eu abandonaria o partido (as razões são conhecidas: a luta contra a corrente majoritária de Lula e Dirceu, que não aceitava a democracia como um valor). Ou seja, caí fora há mais de 20 anos. 

Uma das disputas acirradas que ocorreram no I Congresso foi a de se o PT deveria manter nos seus documentos o dogma da ditadura do proletariado. Nós, que defendíamos que não, que tal monstruosidade autocrática deveria ser retirada do programa partidário, vencemos a disputa, mas isso de nada valeu. 

A partir de 1994 o PT, já sob o comando de Falcão e, depois, de Dirceu, começou a se preparar "profissionalmente" para tomar o poder a partir da eleição de Lula (o que só veio a acontecer em 2002), aceitando fazer qualquer coisa para alcançar tal objetivo. 

O resultado de tudo isso vimos depois: assassinato de Celso Daniel, escândalo Valdomiro-Dirceu, aloprados, cartões corporativos, mensalão, petrolão, assalto aos fundos de pensão e ao BNDES, aparelhamento do Estado, associação com protoditaduras e ditaduras mundo afora, bolivarianismo etc. 

Incrível nisso tudo é constatar a incapacidade do PT de mudar. 

Neste momento (junho de 2017) o PT realiza o seu sexto congresso, em Brasília. Como disse Charles Talleyrand sobre os Bourbon: “Eles não aprenderam nada e não esqueceram nada” (referindo-se à situação na França em 1814, sob o comando de Luís XVIII). 

Quem for hoje lá no encontro petista, perceberá que a vibe militante continua mais ou menos a mesma: o muro caiu em 1989, a União Soviética acabou em 1991, mas o PT continuou com a cabeça (e o que restou de coração, se é que restou alguma coisa) na década de 1980. 

Se fosse só isso, entretanto, vá-lá: seria um caso patológico de resistência à mudança. O pior é que eles, Lula e Dirceu, que erigiram um verdadeiro partido dentro do partido, resolveram - de caso pensado - enveredar pelo crime. De sorte que o partido interno virou uma organização criminosa, estruturada, porém, para cometer crimes políticos (contra a democracia) e não apenas uma organização de políticos que se associam para cometer crimes comuns (o que também passaram a fazer; ou que, pelo menos alguns, sempre fizeram). 

A degeneração foi profunda. Dirceu, o "capitão do time", condenado a mais de 30 anos por múltiplos crimes e João Vaccari, o tesoureiro da organização criminosa, também condenado a mais de 20 anos, estão sendo reverenciados no sexto congresso do PT como heróis do povo brasileiro. Ou seja, eles não apenas transgridem as leis e violam as normas do Estado de direito, mas escarnecem abertamente da democracia. 

Uma organização que faz isso não pode continuar autorizada legalmente a funcionar. 

É o óbvio, mas quem vê o óbvio?

Nenhum comentário:

Postar um comentário