terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

NOVO "JB" CHEGA ÀS BANCAS COM A CARA DO PT

Jorge Oliveira


O JB renasceu tendencioso. Chega às bancas com a cara do PT. E se permanecer com essa linha ideológica retrógrada, certamente, tem vida curta. Ora, pergunto, qual a importância de um artigo do Lula no jornal quando todos sabem que ele faz apologia ao analfabetismo e está condenado como corrupto? Ah, você dirá que o Lula se fazia acompanhar do texto de outros políticos na primeira edição do jornal. E agora? Depois do lançamento, os exemplares seguintes, mostram claramente qual a tendência do jornal quando estampa em suas páginas artigos de manjados ideólogos petistas, órfãos da Dilma, que continuam indo às ruas – sozinhos, claro – para bradar contra o golpe, como fazem alguns professores idiotizados da UnB.

Se era para ressurgir com o JB de forma patética, era melhor deixá-lo sepultado para não macular a sua história, como fez muito bem Niomar Muniz Sodré Bettencourt quando não reabriu o Correio da Manhã para não comprometer o jornal com a ditadura de 64. Ao ressurgir, anos depois, pelas mãos de Marcelo Alencar, ex-governador do Rio, voltou a fechar em pouco tempo, mesmo se propondo a uma linha editorial independente.

Causa estranheza, portanto, como jornalistas experientes que compõem à redação do novo jornal, deixaram-se contaminar por uma minoria que acena a bandeira do golpe. Quem trabalhou no JB sabe que a grande virtude do jornal era a sua imparcialidade, a responsabilidade com a informação sem teor ideológico e o respeito ao slogan que criou: “Se o Jornal do Brasil deu, é porque aconteceu”. Se a linha editorial do novo jornal descamba para a politica partidária, dificilmente conquistará leitor e está ameaçado de abreviar a sua existência. E mesmo os leitores saudosos do manuseio do velho e sóbrio JB, certamente, não irão às bancas, a segunda vez, para não serem doutrinados por um jornal faccioso, que não esconde a sua preferência já nos primeiros números.

Esperava-se mais do novo JB com a sua redação povoada de jornalistas notáveis, muitos do antigo periódico. Mas pelo que se viu nas primeiras edições trata-se de um jornal voltado para o Rio, sem pretensões nacionais. Quando se esperava, no primeiro número, uma matéria de impacto, bombástica, eis que o JB aparece nas bancas com uma manchete fútil, com o Cristo Redentor, e um coraçãozinho do lado, como se tivesse sido editado em uma escola infantil, enquanto o Rio vive sob intervenção militar, o narcotráfico sitiou a cidade, os tiroteios se igualam a uma guerra civil e quase toda cúpula política do Estado está na cadeia.

Faltou notícia ou jornalismo?

Se o JB se propõe a fazer a cabeça dos descolados da Zona Sul tem que tomar cuidado, pois esse pessoal depois do túnel não sustenta jornal. E lá pras bandas da Zona Norte nem bote as caras. Depois do apogeu de O Dia, que chegou a vender 1 milhão de exemplares, as classes C e D não gastam mais dinheiro com jornal. E como jornal não sobrevive de venda em bancas, o JB terá que fazer milagre para atrair publicidade para as suas páginas. Para isso tem que ser atrativo, noticioso, e chegar a todas as classes para justificar os anúncios. Coisa difícil quando se sabe que a internet está ocupando esse espaço na mídia.

Não quero ser coveiro, mas vou ser realista: o JB começa a circular no momento em que muitos jornais no Brasil já foram vencidos pela mídia digital. Além disso, o PT está insepulto, destroçado, e o seu patrono na bica de ser preso. Se apostaram no Lázaro, apostaram errado.

Devemos, evidentemente, torcer para que o novo JB tenha êxito, alcance a tiragem dos 30 mil exemplares, como quer o seu dono. Que os jornalistas, especialmente seus editores, encontrem a linha do noticiário sem a paixão partidária, mas devemos reconhecer que botar um jornal nas bancas hoje não é uma tarefa fácil, quando se sabe que a notícia pipoca no celular a todos os instantes em tempo real. Jornal, portanto, é notícia velha.

Para evitar essa defasagem entre a notícia e a chegada dos jornais às bancas, o escritor Humberto Eco, no livro Zero, observa que a sobrevivência de um jornal está em ter jornalistas especializados. Colunistas notáveis que interpretem a notícia na economia, na política, na cultura, entretenimento, etc. etc., além de uma redação atenta, com bons repórteres, que investigue a fundo os casos em que as outras mídias tratam com superficialidade. O JB que está indo às bancas não tem nada disso, por enquanto.

A era digital chegou para acabar com a imprensa escrita. Os meios eletrônicos substituem o papel. Eles geram notícia em tempo real vinte e quatro horas por dia. Além disso, o noticiário dos canais News também chega ao telespectador por satélite no momento em que o fato acontece. O celular, com suas câmeras e áudios sofisticados, transformou todo mundo em repórter e fotógrafo. Dessa forma, a matéria prima do jornal, a notícia, é velha quando chega às bancas.

Os fatos mostram que o fim dos jornais é uma questão de tempo – de pouco, aliás. Na década de 1970, existiam mais de 40 deles, entre matutinos e vespertinos, circulando no Rio. Além de semanários e boletins especializados em política e economia que viviam exclusivamente de assinaturas. Hoje, existe O Globo e alguns de seus filhotes. Até as bancas vivem da venda de souvenirs para sobreviver.

O custo de uma notícia publicada em um jornal é muito alto. Até chegar ao leitor, ela passou por pelo menos dez profissionais desde o pauteiro até o motorista que entrega os jornais ao dono da banca que os vendem com lucro ínfimo. Isso, sem falar na folha de pagamento da redação e nas despesas com a impressão.

Diante disso, não está errado quem disser que só um louco – aquele que rasga e joga dinheiro fora – se atreve a criar um jornal. E é um caso de internação quando esse maluco recria um jornal como um folhetim aprisionado dentro de uma gaiola ideológica.

Que me desculpem os meus amigos do JB: jornal, gente, não é botequim. E nem boletim sindical para rodar nas máquinas do concorrente. Infelizmente, esta pode ser a última tentativa da imprensa escrita no Brasil sair da UTI.

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