Por Augusto Nunes
O Orçamento da União reservou R$ 296,9 milhões para o programa de Prevenção e Preparação para Desastres Naturais, uma peça de ficção vinculada ao lastimavelmente real Ministério da Integração Nacional.
A três meses do início da temporada das chuvas e inundações, informou O Globo, ninguém viu a cor do dinheiro.
Dos R$ 9 milhões prometidos ao Rio de Janeiro para 2011, por exemplo, nenhum centavo saiu do papel.
Como a verba não saiu, nada mudou.
Nenhuma obra, nem mesmo uma medida preventiva reduziu o medo dos moradores dos morros cariocas e da Região Serrana.
Ainda recolhidos a abrigos improvisados em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, flagelados de janeiro aguardam a chegada da estação dos temporais com a angústia dos indefesos.
Ninguém sabe que fim levaram as 6 mil casas anunciadas por Dilma Rousseff e Sérgio Cabral.
Foram mais de mil os soterrados e afogados há menos de um ano.
E os que perderam parentes não se queixam.
Outros tantos podem ser levados por inundações e deslizamentos de terra.
E os marcados para morrer não protestam.
Os brasileiros conformados com a vida mal vivida agora se rendem à morte anunciada.
De novo, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral vão assistir de longe à reedição do pesadelo.
Enquanto as imagens do horror frequentarem as vitrines dos telejornais e as primeiras páginas, os comparsas capricharão na cara de choro, repetirão promessas que não serão cumpridas e lembrarão que, graças à harmonia entre os governos federal e estadual, o Rio se transformou numa Califórnia sul-americana, só que com praias e mulheres mais bonitas.
Cúmplices por omissão da matança premeditada, Dilma e Cabral não escapariam da ira das vítimas se o rebanho fosse menos obediente.
Mas até os intelectuais do Rio, antes tão inclementes com nulidades e impostores, hoje ajudam a manter em altitudes confortáveis a popularidade de uma dupla de farsantes.
Esses optaram pela capitulação.
As multidões afundadas na pobreza sobrevivem como podem.
Os deserdados do Brasil aprenderam faz tempo a sofrer sem balidos.
Vão agora aprendendo que devem ser gratos a seus algozes.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
A indignação teatral do PC do B
João Bosco Rabello
Um fato não deixa de ser fato por ser velho.
Assim como uma denúncia não é necessariamente mentirosa porque seu autor tem ficha comprometedora.
Até porque nada mais velho que a corrupção e as delações decisivas para desbaratar quadrilhas, geralmente produzidas por gente diretamente envolvida e contrariada na partilha do butim.
Para ficar na história mais recente, foi assim que se descobriu o mensalão do PT e, na seqüência, o esquema de corrupção no governo do DEM, em Brasília, ao qual o PT agora dá curso.
Os escândalos nos ministérios dos Transportes, Agricultura e Turismo, não eram desconhecidos, mas negligenciados.
Quando vieram à tona em seus detalhes, a notícia original era velha.
E daí, se eram verdadeiras?
Velha também é a impunidade no Brasil e, nem por isso, é falsa.
A tese da desqualificação do denunciante, se vigorar para efeito de sua nulidade, não deveria considerar as denúncias do delegado Durval Barbosa.
É de se imaginar que sem os vídeos espantosos que exibiu, Durval virasse antídoto à sua própria denúncia, pela ficha corrida que tem.
A questão é outra: por que governantes se associam a figuras tão menores e de inidoneidade tão ostensiva?
Porque são esses elementos que se dispõem a cumplicidades contra o erário, cabendo-lhes a parte de risco da operação.
O problema é que depois cobram.
Por mais que o PC do B jorre uma indignação teatral, invocando sua história, é preciso que se diga que é o partido que a joga na sarjeta ao desviar dinheiro público.
A imprensa é mensageira. Acusá-la de promover uma histeria porque publica fatos é recurso desgastado que iguala o PC do B ao PT na tentativa de controle da informação.
E o fato é que um soldado da PM, João Dias Ferreira, prestou um depoimento à revista Veja em que se diz testemunha e vítima de um esquema de desvio de verbas públicas através de convênios do ministério dos Esportes com ONGs fantasmas.
O novo é o depoimento. O velho é o esquema, já denunciado pelo Estadão em fevereiro último numa série de 10 reportagens em que, além de comprovar a existências desses convênios e dessas ONGs de fachada, mostrava que os contratos não geraram os resultados de sua finalidade.
O soldado Ferreira é o Durval da vez, menos documentado (mas não totalmente como mostra a revista em sua edição última).
Foi justamente quando se viu entregue à própria sorte pelos companheiros do bando, à mercê da Justiça, que resolveu abrir a boca.
Ao fazê-lo, impôs à cúpula do ministério que desmentisse ofício entregue ao comando de sua corporação, a PM, dando conta de apropriação de R$ 3 milhões do programa.
O que foi feito inclusive com falsificação da data.
A conversa em que isso é acertado está gravada e, agora, publicada pela revista.
Trata-se da cúpula ministerial, aquela que divide o comando da Pasta com o titular, no caso, Orlando Silva.
Ela executa o decidido.
Pois essa mesma cúpula, enquanto o ministro negava em depoimento ao Senado qualquer envolvimento com o esquema, tratava de renovar um convênio fraudulento.
O mesmo convênio, de R$ 911 mil, que o ministro prometera cancelar em fevereiro, quando o Estadão abriu espaço para que desse a sua versão dos fatos.
Reconheceu que o convênio sequer aparara a grama para a construção de um campo de futebol na cidade-satélite do Gama, objeto do contrato.
A estratégia de defesa do ministro é a de centralizar a discussão na denúncia do soldado, cobrando provas, como se mais precisasse.
Mas o crime é muito maior.
No ministério, desde a gestão de Agnelo Queiroz, funciona uma rede do PC do B, destinatária das verbas do programa Segundo Tempo, de inclusão social de jovens, através do esporte.
Essa rede opera através de ONGs – uma delas, é importante que se repita, da mulher do ministro -, cuja função é distribuir as verbas dentro de um organograma partidário, sem qualquer compromisso com a realização dos projetos para os quais elas foram autorizadas.
É desse imenso desvio que o ministro Orlando Silva é responsável na condição de titular da Pasta e que, em qualquer país sério, já seria suficiente para sua demissão.
E o que fez o PC do B? Reagiu ameaçando o governo do PT de revelar os podres do governador Agnelo Queiroz (hoje PT, ontem PC do B), o que equivaleria a dar-lhe destino igual ao de seu antecessor, José Roberto Arruda.
Como se vê, o PC do B faz com Agnelo o que o soldado Ferreira fez com o ministro Orlando Silva.
Ou seja, se o governo conseguir sustentar Silva no cargo, o governador Agnelo pode respirar aliviado: pelo menos no que depender do partido e do ministro sócio, seus segredos e mistérios continuarão preservados.
O PC do B finge arrepios ao ouvir que hoje em nada difere do PR de Valdemar da Costa Neto.
Mas é a mais pura verdade.
Um fato não deixa de ser fato por ser velho.
Assim como uma denúncia não é necessariamente mentirosa porque seu autor tem ficha comprometedora.
Até porque nada mais velho que a corrupção e as delações decisivas para desbaratar quadrilhas, geralmente produzidas por gente diretamente envolvida e contrariada na partilha do butim.
Para ficar na história mais recente, foi assim que se descobriu o mensalão do PT e, na seqüência, o esquema de corrupção no governo do DEM, em Brasília, ao qual o PT agora dá curso.
Os escândalos nos ministérios dos Transportes, Agricultura e Turismo, não eram desconhecidos, mas negligenciados.
Quando vieram à tona em seus detalhes, a notícia original era velha.
E daí, se eram verdadeiras?
Velha também é a impunidade no Brasil e, nem por isso, é falsa.
A tese da desqualificação do denunciante, se vigorar para efeito de sua nulidade, não deveria considerar as denúncias do delegado Durval Barbosa.
É de se imaginar que sem os vídeos espantosos que exibiu, Durval virasse antídoto à sua própria denúncia, pela ficha corrida que tem.
A questão é outra: por que governantes se associam a figuras tão menores e de inidoneidade tão ostensiva?
Porque são esses elementos que se dispõem a cumplicidades contra o erário, cabendo-lhes a parte de risco da operação.
O problema é que depois cobram.
Por mais que o PC do B jorre uma indignação teatral, invocando sua história, é preciso que se diga que é o partido que a joga na sarjeta ao desviar dinheiro público.
A imprensa é mensageira. Acusá-la de promover uma histeria porque publica fatos é recurso desgastado que iguala o PC do B ao PT na tentativa de controle da informação.
E o fato é que um soldado da PM, João Dias Ferreira, prestou um depoimento à revista Veja em que se diz testemunha e vítima de um esquema de desvio de verbas públicas através de convênios do ministério dos Esportes com ONGs fantasmas.
O novo é o depoimento. O velho é o esquema, já denunciado pelo Estadão em fevereiro último numa série de 10 reportagens em que, além de comprovar a existências desses convênios e dessas ONGs de fachada, mostrava que os contratos não geraram os resultados de sua finalidade.
O soldado Ferreira é o Durval da vez, menos documentado (mas não totalmente como mostra a revista em sua edição última).
Foi justamente quando se viu entregue à própria sorte pelos companheiros do bando, à mercê da Justiça, que resolveu abrir a boca.
Ao fazê-lo, impôs à cúpula do ministério que desmentisse ofício entregue ao comando de sua corporação, a PM, dando conta de apropriação de R$ 3 milhões do programa.
O que foi feito inclusive com falsificação da data.
A conversa em que isso é acertado está gravada e, agora, publicada pela revista.
Trata-se da cúpula ministerial, aquela que divide o comando da Pasta com o titular, no caso, Orlando Silva.
Ela executa o decidido.
Pois essa mesma cúpula, enquanto o ministro negava em depoimento ao Senado qualquer envolvimento com o esquema, tratava de renovar um convênio fraudulento.
O mesmo convênio, de R$ 911 mil, que o ministro prometera cancelar em fevereiro, quando o Estadão abriu espaço para que desse a sua versão dos fatos.
Reconheceu que o convênio sequer aparara a grama para a construção de um campo de futebol na cidade-satélite do Gama, objeto do contrato.
A estratégia de defesa do ministro é a de centralizar a discussão na denúncia do soldado, cobrando provas, como se mais precisasse.
Mas o crime é muito maior.
No ministério, desde a gestão de Agnelo Queiroz, funciona uma rede do PC do B, destinatária das verbas do programa Segundo Tempo, de inclusão social de jovens, através do esporte.
Essa rede opera através de ONGs – uma delas, é importante que se repita, da mulher do ministro -, cuja função é distribuir as verbas dentro de um organograma partidário, sem qualquer compromisso com a realização dos projetos para os quais elas foram autorizadas.
É desse imenso desvio que o ministro Orlando Silva é responsável na condição de titular da Pasta e que, em qualquer país sério, já seria suficiente para sua demissão.
E o que fez o PC do B? Reagiu ameaçando o governo do PT de revelar os podres do governador Agnelo Queiroz (hoje PT, ontem PC do B), o que equivaleria a dar-lhe destino igual ao de seu antecessor, José Roberto Arruda.
Como se vê, o PC do B faz com Agnelo o que o soldado Ferreira fez com o ministro Orlando Silva.
Ou seja, se o governo conseguir sustentar Silva no cargo, o governador Agnelo pode respirar aliviado: pelo menos no que depender do partido e do ministro sócio, seus segredos e mistérios continuarão preservados.
O PC do B finge arrepios ao ouvir que hoje em nada difere do PR de Valdemar da Costa Neto.
Mas é a mais pura verdade.
Propaganda X Realidade
Quanto mais leio sobre economia, menos entendo.
A estabilização e o controle da inflação, iniciados com o Plano Real ainda no governo Itamar e consolidados durante as duas gestões de Fernando Henrique, garantiram a possibilidade de crescimento nos últimos anos, o que se confirmou, apesar de termos ficado na lanterna em relação ao mundo por incompetência e corrupção.
Não dá para disfarçar o desperdício de uma década com a economia mundial nas alturas, com os especuladores ganhando fortunas, mas um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que continua vergonhoso, com oitenta países disparados à nossa frente apesar de tantas riquezas à nossa disposição.
Os países ricos estão em crise no sistema financeiro.
Porém, a informação que recebemos das pessoas que moram lá é de que não convivem com a miséria, com indigentes abandonados nas ruas, com habitações precárias como temos aqui.
Os noticiários priorizam o capital e ignoram o ser humano.
O governo brasileiro investe bilhões em propaganda, mas o que tem feito pela população?
Como explicar cenas que se perpetuam e tragédias que se multiplicam?







A estabilização e o controle da inflação, iniciados com o Plano Real ainda no governo Itamar e consolidados durante as duas gestões de Fernando Henrique, garantiram a possibilidade de crescimento nos últimos anos, o que se confirmou, apesar de termos ficado na lanterna em relação ao mundo por incompetência e corrupção.
Não dá para disfarçar o desperdício de uma década com a economia mundial nas alturas, com os especuladores ganhando fortunas, mas um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que continua vergonhoso, com oitenta países disparados à nossa frente apesar de tantas riquezas à nossa disposição.
Os países ricos estão em crise no sistema financeiro.
Porém, a informação que recebemos das pessoas que moram lá é de que não convivem com a miséria, com indigentes abandonados nas ruas, com habitações precárias como temos aqui.
Os noticiários priorizam o capital e ignoram o ser humano.
O governo brasileiro investe bilhões em propaganda, mas o que tem feito pela população?
Como explicar cenas que se perpetuam e tragédias que se multiplicam?




O Brasil e a Inflação
O Brasil e a inflação
Fernando Canzian
O economista de Harvard Kenneth Rogoff (ex-FMI e ortodoxo) foi um dos primeiros a pregar a solução. Ela ganha a praça, de propósito ou não.
Esgotada a munição convencional na atual crise, a ideia seria viver com um pouco mais de inflação.
Usá-la para corroer a dívida de famílias e governos.
De quebra, tentar estabilizar os preços dos imóveis nos países ricos.
A ideia é heterodoxa, assim como os tempos atuais.
Inflação é deletéria e pode provocar efeitos colaterais enormes.
Especialmente em países com histórico de preços altos (e indexação) como o Brasil.
A inflação acumulada em 12 meses nos EUA bateu em 3,9% em setembro.
Há um ano, era de 1,1%. Em tempos normais, algo acima de 2% provocaria reação do Fed (o BC dos EUA).
Na zona do euro, os preços anualizados até setembro subiram 3% (1,9% há um ano).
Não há sinais, nos EUA e na Europa, de movimentos para interromper isso.
O motor da inflação no mundo rico é a estratégia dos bancos centrais norte-americano e europeu.
O Fed e o BCE inundam há meses seus mercados com dólares e euros.
Que são emprestados a famílias e empresas a custo zero ou negativo.
Isso estimula as pessoas a gastar. Tendo à frente a perspectiva de que tudo ficará mais caro no futuro (com a inflação), os consumidores também tendem a antecipar o consumo.
Outro efeito de mais inflação é que ela corroeria as dívidas das famílias e governos. Dívidas que são a causa e que estão no centro da atual crise.
Se os EUA tiverem, digamos, três anos de inflação na faixa de 5% ao ano, uma família que hoje deve US$ 10.000 passará a dever US$ 8.400 em termos reais em 36 meses.
O mesmo ocorre com as dívidas dos governos. Isso alivia a carga sem que seja necessário um rigoroso ajuste fiscal, que só afundaria mais a economia.
Mais inflação também ajudaria a estabilizar o valor dos imóveis no mundo rico.
Se há uma perspectiva de alta nos preços mais à frente, eles deixariam de cair agora.
Problema 1: a inflação deprime o poder de compra.
Seriam necessários ajustes salariais para compensar.
Mas argumenta-se que deixar os preços correr um pouco mais soltos seria melhor do que travar a atividade com alta de juros.
Problema 2: se para os países ricos a estratégia tem riscos mas parece válida, ela pode ser explosiva para o Brasil.
O país não ficará imune à alta dos preços no mundo rico.
Contratos de aluguel, tarifas e mensalidades permanecem indexados a índices de preços por aqui.
Além disso, 29% do total da dívida pública está indexada à inflação.
Desde fins de agosto nosso BC aposta em reduzir o juro básico (a Selic) acreditando que a inflação cederá por conta da crise internacional.
A atual leniência dos países ricos com os preços complica essa estratégia.
Fernando Canzian
O economista de Harvard Kenneth Rogoff (ex-FMI e ortodoxo) foi um dos primeiros a pregar a solução. Ela ganha a praça, de propósito ou não.
Esgotada a munição convencional na atual crise, a ideia seria viver com um pouco mais de inflação.
Usá-la para corroer a dívida de famílias e governos.
De quebra, tentar estabilizar os preços dos imóveis nos países ricos.
A ideia é heterodoxa, assim como os tempos atuais.
Inflação é deletéria e pode provocar efeitos colaterais enormes.
Especialmente em países com histórico de preços altos (e indexação) como o Brasil.
A inflação acumulada em 12 meses nos EUA bateu em 3,9% em setembro.
Há um ano, era de 1,1%. Em tempos normais, algo acima de 2% provocaria reação do Fed (o BC dos EUA).
Na zona do euro, os preços anualizados até setembro subiram 3% (1,9% há um ano).
Não há sinais, nos EUA e na Europa, de movimentos para interromper isso.
O motor da inflação no mundo rico é a estratégia dos bancos centrais norte-americano e europeu.
O Fed e o BCE inundam há meses seus mercados com dólares e euros.
Que são emprestados a famílias e empresas a custo zero ou negativo.
Isso estimula as pessoas a gastar. Tendo à frente a perspectiva de que tudo ficará mais caro no futuro (com a inflação), os consumidores também tendem a antecipar o consumo.
Outro efeito de mais inflação é que ela corroeria as dívidas das famílias e governos. Dívidas que são a causa e que estão no centro da atual crise.
Se os EUA tiverem, digamos, três anos de inflação na faixa de 5% ao ano, uma família que hoje deve US$ 10.000 passará a dever US$ 8.400 em termos reais em 36 meses.
O mesmo ocorre com as dívidas dos governos. Isso alivia a carga sem que seja necessário um rigoroso ajuste fiscal, que só afundaria mais a economia.
Mais inflação também ajudaria a estabilizar o valor dos imóveis no mundo rico.
Se há uma perspectiva de alta nos preços mais à frente, eles deixariam de cair agora.
Problema 1: a inflação deprime o poder de compra.
Seriam necessários ajustes salariais para compensar.
Mas argumenta-se que deixar os preços correr um pouco mais soltos seria melhor do que travar a atividade com alta de juros.
Problema 2: se para os países ricos a estratégia tem riscos mas parece válida, ela pode ser explosiva para o Brasil.
O país não ficará imune à alta dos preços no mundo rico.
Contratos de aluguel, tarifas e mensalidades permanecem indexados a índices de preços por aqui.
Além disso, 29% do total da dívida pública está indexada à inflação.
Desde fins de agosto nosso BC aposta em reduzir o juro básico (a Selic) acreditando que a inflação cederá por conta da crise internacional.
A atual leniência dos países ricos com os preços complica essa estratégia.
domingo, 23 de outubro de 2011
Onde está nosso dinheiro?
Se o país perde quase CEM BILHÕES por ano desviados por corruptos, muitos brasileiros ainda não entenderam que todos nós pagamos essa conta.
Grande parte desse dinheiro tem origem nos TRILHÕES que pagamos de impostos, muitos embutidos no preço de cada produto que compramos.
Há um IMPOSTÔMETRO na internet e num painel na cidade de São Paulo que registra o quanto o brasileiro paga em tributos.
Confira TABELA que mostra quanto custa o Brasil para você.
O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário também colocou na internet uma nova ferramenta que permite ao consumidor saber o quanto paga em impostos na hora de comprar bens e serviços.
Com a "Lupa no Imposto", será possível saber o preço real de um produto ou serviço, ou seja, quanto custaria se não houvesse a cobrança de tantos tributos embutidos no preço final.
A lista inicialmente mostrará cerca de 500 produtos entre os mais consumidos pelos brasileiros, que consultarão online o quanto de imposto está embutido no preço.
É uma iniciativa louvável e que revelará como a população é espoliada com uma carga tributária desumana e absurda.
Cientes dessas informações, quem acredita em pessoas como Lula e Dilma quando dizem que o Brasil precisa de mais impostos?
Discurso e Prática
Neste final de semana não faltaram matérias tratando de corrupção e o descontrole dos órgãos de fiscalização para conter essa prática que tem um custo calculado em R$ 82 bilhões por ano.
O destaque é para a divulgação das gravações obtidas pela Revista Veja.
São gravações de uma conversa de abril de 2008 entre João Dias e dois assessores próximos de Orlando Silva.
Alvejado pelas denúncias de João Dias, o ministro Orlando Silva tentou desqualificar o acusador, qualificando-o de "bandido".
A gravação obtida por VEJA mostra que figuras graúdas do ministério não pouparam esforços para beneficiar o "bandido" com uma fraude.
Outra incoerência é que petistas e aliados nunca trataram como "bandidos" aqueles que acusavam prováveis adversários.
Matéria de Regina Alvarez, O Globo, mostra bem a diferença entre o discurso e a prática.
Nos últimos anos várias iniciativas para melhorar os controles sobre o dinheiro público foram abortadas ou colocadas na geladeira por integrantes do próprio governo do qual Dilma já fazia parte.
Um exemplo foi a sugestão da Consultoria de Orçamento da Câmara e do TCU de reforçar os controles sobre o repasse de recursos para estados, municípios e entidades do terceiro setor, incluindo no Siafi, o sistema que registra toda a execução do Orçamento, informações bem detalhadas sobre o destino final dos recursos.
O Ministério do Planejamento decidiu abortar a ideia e anunciou que desenvolveria um novo sistema para o acompanhamento e controle de recursos federais repassados a terceiros.
Isso aconteceu em 2007, mas até hoje o tal sistema não funciona.
Tornou-se uma caixa preta para os órgãos de controle e, para piorar, o acompanhamento dos convênios pelo Siafi foi descontinuado.
Ou seja, o que não era bom ficou ainda pior.
O resultado a gente vê todos os dias nos jornais.
As prestações de contas se acumulam nos ministérios sem análise, e não se sabe como o dinheiro dos convênios foi usado, se foi bem aplicado ou se foi desviado.
O TCU alerta todo ano para o problema, mas não tem poderes para pressionar o Executivo.
Cláudio Abramo, da Transparência Brasil, está convencido de que a origem do problema está no loteamento político da máquina pública.
Os cargos de comando são ocupados por pessoas que servem ao partido que os nomeou.
Os convênios são direcionados para servir a esses interesses, observa.
— Se a decisão de fazer um convênio com uma ONG, por exemplo, tem motivação política, é evidente que o responsável não tem interesse em fiscalizar.
A falta de fiscalização é deliberada, não é acidental.
Os agentes públicos são agentes partidários — afirma.
O destaque é para a divulgação das gravações obtidas pela Revista Veja.
São gravações de uma conversa de abril de 2008 entre João Dias e dois assessores próximos de Orlando Silva.
Alvejado pelas denúncias de João Dias, o ministro Orlando Silva tentou desqualificar o acusador, qualificando-o de "bandido".
A gravação obtida por VEJA mostra que figuras graúdas do ministério não pouparam esforços para beneficiar o "bandido" com uma fraude.
Outra incoerência é que petistas e aliados nunca trataram como "bandidos" aqueles que acusavam prováveis adversários.
Matéria de Regina Alvarez, O Globo, mostra bem a diferença entre o discurso e a prática.
Nos últimos anos várias iniciativas para melhorar os controles sobre o dinheiro público foram abortadas ou colocadas na geladeira por integrantes do próprio governo do qual Dilma já fazia parte.
Um exemplo foi a sugestão da Consultoria de Orçamento da Câmara e do TCU de reforçar os controles sobre o repasse de recursos para estados, municípios e entidades do terceiro setor, incluindo no Siafi, o sistema que registra toda a execução do Orçamento, informações bem detalhadas sobre o destino final dos recursos.
O Ministério do Planejamento decidiu abortar a ideia e anunciou que desenvolveria um novo sistema para o acompanhamento e controle de recursos federais repassados a terceiros.
Isso aconteceu em 2007, mas até hoje o tal sistema não funciona.
Tornou-se uma caixa preta para os órgãos de controle e, para piorar, o acompanhamento dos convênios pelo Siafi foi descontinuado.
Ou seja, o que não era bom ficou ainda pior.
O resultado a gente vê todos os dias nos jornais.
As prestações de contas se acumulam nos ministérios sem análise, e não se sabe como o dinheiro dos convênios foi usado, se foi bem aplicado ou se foi desviado.
O TCU alerta todo ano para o problema, mas não tem poderes para pressionar o Executivo.
Cláudio Abramo, da Transparência Brasil, está convencido de que a origem do problema está no loteamento político da máquina pública.
Os cargos de comando são ocupados por pessoas que servem ao partido que os nomeou.
Os convênios são direcionados para servir a esses interesses, observa.
— Se a decisão de fazer um convênio com uma ONG, por exemplo, tem motivação política, é evidente que o responsável não tem interesse em fiscalizar.
A falta de fiscalização é deliberada, não é acidental.
Os agentes públicos são agentes partidários — afirma.
Incompetência e Improviso - é a marca do governo do PT
Enem começa com falta de fiscais, tumulto e PMs
Jornal da Tarde
Após o vazamento da prova em 2009 e os erros de impressão em 2010, a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) transcorreu ontem com problemas pontuais.
Com a falta de fiscais, gente sem treinamento prévio ou experiência na função foi recrutada na rua para trabalhar, inclusive uma jornalista do JT.
Além disso, houve candidatos expulsos por uso indevido de celular, tumulto na porta de escolas e dezenas de alunos perderam o exame porque receberam indicações confusas sobre o local de prova.
VERÔNICA DANTAS
Não é preciso ter experiência anterior na aplicação de vestibulares nem qualquer treinamento prévio para ser fiscal do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ao contrário do que alega o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), braço do Ministério da Educação (MEC) responsável pela prova.
Ontem, a reportagem do Jornal da Tarde foi convocada, na rua, em frente ao câmpus Memorial da Universidade Nove de Julho (Uninove), na Barra Funda, zona oeste, para trabalhar como fiscal.
Ali, a fila dos fiscais reserva começou a se formar logo às 6h30, com gente à espera de uma vaga de última hora.
Tudo sem treinamento, nem roupa específica, nem experiência prévia.
Bastaram algumas rápidas conversas com o pessoal da fila para entrar no prédio, sem nunca ter visto uma prova do Enem antes.
Conhecer alguém que tenha um bom contato com a Fundação Cesgranrio – responsável pela aplicação do Enem – já é suficiente para ser um aplicador de prova do exame.
“Fica com a gente que você entra”, disse uma senhora que saiu de Itaquera, na zona leste, levando com ela quatro amigos, todos atraídos pelos R$ 65 pagos por dia de prova e pelo lanche (pão seco com queijo e presunto, além de um suco de caixinha sem gelo) oferecido pelo dia de trabalho – 4h30 para aplicar a prova de ontem, mais 3h de espera entre a fila reserva e a seleção, e mais 1 hora após o término da prova para conferência dos cartões-resposta.
(...)
Faltava, agora, o treinamento que me prepararia para aplicar a prova.
Deixei claro que nunca havia trabalhado como fiscal antes.
“Tudo bem, você pega rapidinho”, me acalmaram.
No pátio da universidade, fiscais veteranos e novatos ouviram as instruções gravadas em um vídeo produzido pelo Inep sobre os procedimentos necessários para a aplicação da prova.
As mesmas informações foram entregues em uma folha impressa aos fiscais.
Em menos de duas horas foi preciso memorizar muitas informações, inclusive sobre a distribuição da prova, que deve ser feita em zigue-zague para evitar colas, e o preenchimento correto da lista de presença e do cartão-resposta – com bolinhas e não com a letra X.
Dois coordenadores com informações desencontradas sobre a prova deram o rápido treinamento.
Nenhum deles trabalha na Cesgranrio.
“Somos da equipe do Adriano”, disse um deles.
Era com o tal Adriano que eles falavam pelo rádio em um volume tão alto que me permitiu saber sobre as muitas dúvidas que eles tinham sobre tudo.
A sala para a qual fui designada tinha 60 candidatas, 27 não compareceram.
Havia comigo uma funcionária de lanchonete acostumada a aplicar provas, exceto a do Enem.
“Achei que seria mais organizado.
Na Prefeitura, até detector de metais tem”, disse ela, que levou para trabalhar um menor de idade, filho de uma amiga.
“Estou quase com 18 anos”, justificou o garoto.
“Minha mãe é amiga da coordenadora.”
Jornal da Tarde
Após o vazamento da prova em 2009 e os erros de impressão em 2010, a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) transcorreu ontem com problemas pontuais.
Com a falta de fiscais, gente sem treinamento prévio ou experiência na função foi recrutada na rua para trabalhar, inclusive uma jornalista do JT.
Além disso, houve candidatos expulsos por uso indevido de celular, tumulto na porta de escolas e dezenas de alunos perderam o exame porque receberam indicações confusas sobre o local de prova.
VERÔNICA DANTAS
Não é preciso ter experiência anterior na aplicação de vestibulares nem qualquer treinamento prévio para ser fiscal do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ao contrário do que alega o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), braço do Ministério da Educação (MEC) responsável pela prova.
Ontem, a reportagem do Jornal da Tarde foi convocada, na rua, em frente ao câmpus Memorial da Universidade Nove de Julho (Uninove), na Barra Funda, zona oeste, para trabalhar como fiscal.
Ali, a fila dos fiscais reserva começou a se formar logo às 6h30, com gente à espera de uma vaga de última hora.
Tudo sem treinamento, nem roupa específica, nem experiência prévia.
Bastaram algumas rápidas conversas com o pessoal da fila para entrar no prédio, sem nunca ter visto uma prova do Enem antes.
Conhecer alguém que tenha um bom contato com a Fundação Cesgranrio – responsável pela aplicação do Enem – já é suficiente para ser um aplicador de prova do exame.
“Fica com a gente que você entra”, disse uma senhora que saiu de Itaquera, na zona leste, levando com ela quatro amigos, todos atraídos pelos R$ 65 pagos por dia de prova e pelo lanche (pão seco com queijo e presunto, além de um suco de caixinha sem gelo) oferecido pelo dia de trabalho – 4h30 para aplicar a prova de ontem, mais 3h de espera entre a fila reserva e a seleção, e mais 1 hora após o término da prova para conferência dos cartões-resposta.
(...)
Faltava, agora, o treinamento que me prepararia para aplicar a prova.
Deixei claro que nunca havia trabalhado como fiscal antes.
“Tudo bem, você pega rapidinho”, me acalmaram.
No pátio da universidade, fiscais veteranos e novatos ouviram as instruções gravadas em um vídeo produzido pelo Inep sobre os procedimentos necessários para a aplicação da prova.
As mesmas informações foram entregues em uma folha impressa aos fiscais.
Em menos de duas horas foi preciso memorizar muitas informações, inclusive sobre a distribuição da prova, que deve ser feita em zigue-zague para evitar colas, e o preenchimento correto da lista de presença e do cartão-resposta – com bolinhas e não com a letra X.
Dois coordenadores com informações desencontradas sobre a prova deram o rápido treinamento.
Nenhum deles trabalha na Cesgranrio.
“Somos da equipe do Adriano”, disse um deles.
Era com o tal Adriano que eles falavam pelo rádio em um volume tão alto que me permitiu saber sobre as muitas dúvidas que eles tinham sobre tudo.
A sala para a qual fui designada tinha 60 candidatas, 27 não compareceram.
Havia comigo uma funcionária de lanchonete acostumada a aplicar provas, exceto a do Enem.
“Achei que seria mais organizado.
Na Prefeitura, até detector de metais tem”, disse ela, que levou para trabalhar um menor de idade, filho de uma amiga.
“Estou quase com 18 anos”, justificou o garoto.
“Minha mãe é amiga da coordenadora.”
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