domingo, 23 de outubro de 2011

Incompetência e Improviso - é a marca do governo do PT

Enem começa com falta de fiscais, tumulto e PMs
Jornal da Tarde

Após o vazamento da prova em 2009 e os erros de impressão em 2010, a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) transcorreu ontem com problemas pontuais.
Com a falta de fiscais, gente sem treinamento prévio ou experiência na função foi recrutada na rua para trabalhar, inclusive uma jornalista do JT.
Além disso, houve candidatos expulsos por uso indevido de celular, tumulto na porta de escolas e dezenas de alunos perderam o exame porque receberam indicações confusas sobre o local de prova.


VERÔNICA DANTAS

Não é preciso ter experiência anterior na aplicação de vestibulares nem qualquer treinamento prévio para ser fiscal do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ao contrário do que alega o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), braço do Ministério da Educação (MEC) responsável pela prova.

Ontem, a reportagem do Jornal da Tarde foi convocada, na rua, em frente ao câmpus Memorial da Universidade Nove de Julho (Uninove), na Barra Funda, zona oeste, para trabalhar como fiscal.
Ali, a fila dos fiscais reserva começou a se formar logo às 6h30, com gente à espera de uma vaga de última hora.
Tudo sem treinamento, nem roupa específica, nem experiência prévia.

Bastaram algumas rápidas conversas com o pessoal da fila para entrar no prédio, sem nunca ter visto uma prova do Enem antes.
Conhecer alguém que tenha um bom contato com a Fundação Cesgranrio – responsável pela aplicação do Enem – já é suficiente para ser um aplicador de prova do exame.

“Fica com a gente que você entra”, disse uma senhora que saiu de Itaquera, na zona leste, levando com ela quatro amigos, todos atraídos pelos R$ 65 pagos por dia de prova e pelo lanche (pão seco com queijo e presunto, além de um suco de caixinha sem gelo) oferecido pelo dia de trabalho – 4h30 para aplicar a prova de ontem, mais 3h de espera entre a fila reserva e a seleção, e mais 1 hora após o término da prova para conferência dos cartões-resposta.
(...)

Faltava, agora, o treinamento que me prepararia para aplicar a prova.
Deixei claro que nunca havia trabalhado como fiscal antes.
“Tudo bem, você pega rapidinho”, me acalmaram.

No pátio da universidade, fiscais veteranos e novatos ouviram as instruções gravadas em um vídeo produzido pelo Inep sobre os procedimentos necessários para a aplicação da prova.
As mesmas informações foram entregues em uma folha impressa aos fiscais.
Em menos de duas horas foi preciso memorizar muitas informações, inclusive sobre a distribuição da prova, que deve ser feita em zigue-zague para evitar colas, e o preenchimento correto da lista de presença e do cartão-resposta – com bolinhas e não com a letra X.

Dois coordenadores com informações desencontradas sobre a prova deram o rápido treinamento.
Nenhum deles trabalha na Cesgranrio.

“Somos da equipe do Adriano”, disse um deles.
Era com o tal Adriano que eles falavam pelo rádio em um volume tão alto que me permitiu saber sobre as muitas dúvidas que eles tinham sobre tudo.

A sala para a qual fui designada tinha 60 candidatas, 27 não compareceram.
Havia comigo uma funcionária de lanchonete acostumada a aplicar provas, exceto a do Enem.

“Achei que seria mais organizado.
Na Prefeitura, até detector de metais tem”,
disse ela, que levou para trabalhar um menor de idade, filho de uma amiga.
“Estou quase com 18 anos”, justificou o garoto.
“Minha mãe é amiga da coordenadora.”

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