segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

NÓS VERSUS ELES

Glauco Fonseca



O Bolsa-Família é uma fusão de vários benefícios sociais e de distribuição de renda criados no governo FHC. Um deles era o Bolsa-Escola, que consistia na remuneração de mães pela presença de seus filhos – crianças e adolescentes - na escola. Se a criança fosse às aulas, o certificado de aproveitamento era o “cartão” do benefício que remunerava a família. Havia, portanto, um pressuposto nobre e altamente funcional: só fazia jus ao benefício os que cumpriam com suas metas. O Bolsa-Escola foi feito por “eles”. O Bolsa-Família, por “nós”.

Após ter derrotado a hiperinflação, um fenômeno socioeconômico terrível que assombrava a todos, o Plano Real foi seguido de uma austeridade fiscal tão necessária quanto vital. Foi adotado o tripé macroeconômico que, desde 1999, tem combinado um regime de metas de inflação, um regime de taxa de câmbio flutuante e metas de superávit fiscal primário. O governo do PT não acredita que a austeridade fiscal, o corte de gastos e a contenção da inflação possam gerar crescimento econômico. O tripé foi adotado por “eles”; as altas taxas de juros, a defasagem cambial e o desempenho econômico negativo ficou por “nossa” conta.

Em 1992, Collor era um presidente desgastado por causa de escândalos de corrupção. Surgiu a figura nada oculta de PC Farias (o equivalente ao Bumlai do Lula), que havia comprado uma Fiat Elba para “madame” Rosane (o equivalente ao tríplex no Guarujá). Também havia o irmão rancoroso (nada se comparado à dupla dinâmica Lulinha & Luleco) e poucos dólares no Uruguai (mixaria perto dos 57 milhões “por dentro” faturados pelo Instituto Lula). Tudo isso foi numa época em que o Brasil achava que merecia algo melhor do que o presidente Collor, logo após um governo horroroso de José Sarney, que ficou com o cargo depois da morte sofrida e traumática de Tancredo Neves. O povo foi agraciado com Tancredo, maltratado por Sarney e ludibriado por Collor. Não dava mais para errar pois, além do sofrimento, haveria de haver um brasileiro que prestasse. Dois nomes aceitaram o desafio: Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Era um tempo em que todos, de fato, ainda éramos “eles”.

Com a sedimentação dos princípios do tripé macroeconômico e o fortalecimento do Real, com a adoção de mecanismos que mantivessem a inflação sob controle e um maior profissionalismo na gestão pública, o Brasil começou a despontar no mercado internacional como uma nação séria, preocupada com suas contas e com o conservadorismo econômico vital para a perseguição do desenvolvimento. Trabalho longo feito por “eles”.

Eis que, em 2002, assume o primeiro Presidente da República que havia sido pobre, simples, um operário e líder sindical amado por milhões e incensado por artistas, intelectuais e lideranças de diversos matizes. Junto com seus parceiros José Dirceu, Delúbio Soares, Silvinho, Gushiken, Celso Daniel e outros tantos, declarou que o “PT não rouba nem deixa roubar”. Hoje, apesar dos erros cometidos às toneladas, o PT continua com Dilma (a de Pasadena, do fim da Petrobras e do desastre econômico que já dura 3 nos) e foge das ruas, das pessoas e da polícia todos os dias. Essa galerinha hoje compõe o “nós”.

Agora você já sabe quem é quem quando algum petista vir com o papo do “nós” versus “eles”. O “nós” são os que acabaram com o Brasil. E os “eles” serão os que terão de fazer a limpeza e começar tudo de novo...

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