segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Consórcio único vence leilão de Libra

LEILÃO DO PRÉ-SAL: os extremistas de esquerda devem estar decepcionados. O imperialismo americano NÃO ficou de olho em nosso tesouro. O imperialismo americano sumiu do leilão

Ricardo Setti

O leilão no Rio: o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; a presidente da Petrobras, Graça Foster; a diretora-geral da ANP, Magda Chambriand, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, sobem ao palco ao lado de representantes das empresas que integram o consórcio vencedor (Foto: Fernanda Frazão / Agência Brasil)

Os energúmenos de sempre, o que em geral inclui também baderneiros, deveriam estar até satisfeitos com o primeiro leilão de exploração das reservas de petróleo de pré-sal do país, a do campo de Libra, na Bacia de Campos, no qual se estima haver entre 8 e 12 bilhões de barris do (ainda) “ouro negro”.

Afinal, apesar de todos os protestos e de mais uma greve de petroleiros — será que haverá desconto dos dias parados, ou eles ganharão de novo férias grátis? –, com o Exército nas ruas do Rio e tudo, a iniciativa privada, que é o motor do crescimento do planeta, ficou em minoria no consórcio vencedor, o único, aliás, que apresentou propostas.

Como já se sabe, quem venceu o leilão promovido pela Agência Nacional do Petróleo foi um consórcio formado pela própria Petrobras, detentora de 40%, as também estatais chinesas China Nacional Petroleum Company (CNPC) e China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), com 10% cada uma — cabendo a duas empresas privadas, as gigantes anglo-holandesa Shell e a francesa Total dividir igualmente os 40% restantes.

O imperialismo americano ficou longe. Colossos como a ExxonMobil e a Chevron nem se interessaram pela disputa.

Como se sabe, os Estados Unidos estão nadando em colossais reservas de gás de xisto, desenvolveram uma tecnologia de exploração de petróleo dessas reservas e estão produzindo cada vez mais.


Como já escrevi recentemente — vale lembrar aqui –, graças ao petróleo bruto extraído de formações de xisto (um tipo de rocha encharcada de óleo), somente um dos 50 Estados americanos, Dakota do Norte, aumentou mais de dez vezes a produção desde que foi perfurado o primeiro poço, há nove anos — e hoje, com 900 mil barris POR DIA, Dakota do Norte supera dois dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Equador e o Catar. Sozinho, as empresas privadas que atuam em Dakota do Norte tiram do solo diariamente quase a metade do que a Petrobras inteira.

A produção de petróleo dos EUA passa um pouco de sonoros 10 milhões de barris de petróleo por dia, mais do que sua produção anual do último quarto de século — são os dados oficiais de 2012, situando-se agora como o TERCEIRO PRODUTOR MUNDIAL. (A Rússia extrai 10,4 milhões de barris diários, e a Arábia Saudida, 11,7.) Os otimistas acham que o país caminha para a total autossuficiência em petróleo, e de deixar de depender de países instáveis do Oriente Médio ou da inimiga ideológica Venezuela para suprir sua demanda. Esse patamar ainda está distante, porque a economia americana devora diariamente 18 milhões de barris.

Algo me diz que os manifestantes contra o pré-sal, o pessoal do PSOL, os black blocs, os grevistas da Petrobras e muito mais gente ficou decepcionada: o imperialismo americano, ao que tudo indica, NÃO cobiça nossa preciosa riqueza — até porque o petróleo de xisto que está obtendo em seu próprio solo é muito mais barato do que o do pré-sal.

Sem contar que as reservas do pré-sal, sem dúvida alguma um tesouro para o Brasil, são muito pequenas em comparação ao potencial americano com o gás de xisto. O United States Geological Survey — agência de pesquisas e estudos sobre os recursos naturais do país, organismo do Departamento do Interior — divulgou há dias uma estimativa de que apenas na região mais rica em xisto do Estado do Colorado, Piceanse Basin, pode abrigar espantosos 1,52 trilhão de barris, uma reserva superior à de qualquer outro país petroleiro do mundo e maior do que a soma de tudo o que têm os países membros da OPEP.

O imperialismo americano e sua suposta gula sobre nossas reservas sumiu. Cadê o imperialismo americano?

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