sexta-feira, 10 de abril de 2015

A INDIGNAÇÃO VENCERÁ A AMEAÇA!

PAULO CASTELO BRANCO

Dia 12 de abril o povo voltará às ruas para renovar o seu protesto contra o governo. Desta vez com alguma precaução, pois, como prometeu Lula, a milícia saiu às ruas com seu pequeno batalhão; pequeno, mas disposto a enfrentar tudo e todos mesmo que para isso alguns combatentes sejam feridos e as imagens sejam exploradas na mídia.

No resto do país a manifestação comandada pela CUT, MST e a ex-UNE foi insignificante em relação aos movimentos apartidários que agregam milhões de brasileiros insatisfeitos com os desmandos praticados por companheiros na condução dos negócios do país.

Em Brasília, ao contrário, os milicianos retomaram as ações violentas, desta vez sem as máscaras dos blackbloks. Com a cara e a coragem, os partidários do confronto partiram em busca de um cadáver para carregar nos braços e conseguir uma imagem forte para tentar mostrar que os trabalhadores são vítimas do Estado.

De fato, um dos manifestantes, com características de lutador de UFC, saiu à frente de outros de menor porte e acabou atingido na testa por algum objeto que pode ter sido um cassetete ou um pau de bandeira, dos tantos que foram brandidos à frente do Congresso Nacional que se pretendia invadir.

A foto estampada na capa no Correio Brasiliense do dia 8 de abril, de autoria de Carlos Moura, é, ao mesmo tempo, reveladora e intrigante. Reveladora por demonstrar que está de volta o método da velha e ultrapassada ação violenta contra um governo democrático e impopular; e intrigante por fortalecer a hipótese da busca de imagens de sangue. É nítido que atrás do ferido há um homem empunhando uma garrafa d’água para molhar o sangue do pequeno ferimento para fazê-lo escorrer pela face do ferido. Uma verdadeira peça de teatro, pois a vítima foi medicada no ambulatório da Câmara dos Deputados, e liberado.

Esta frustrada manifestação a favor e contra o seu próprio governo é indicador da tentativa de inibir os manifestantes do próximo dia 12 de abril a saírem, mais uma vez, às ruas munidos apenas da vontade de modificar os rumos do país, vestidos do verde e amarelo que nos identifica.

É bom lembrar que os fatos que ocorreram na última manifestação da milícia não são novidades nas condutas dos companheiros. O ex-ministro do Trabalho, Almir Pazzianotto, experiente advogado de sindicato de trabalhadores, relata em seu livro recém lançado, “A Transição – 1985-1988”, episódio que remonta o início do governo José Sarney:

“Jair Meneguelli, sucessor de Lula na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, e da CUT, alternava momentos de discreto apoio, com outros de virulentos ataques, em constantes entrevistas à imprensa. Provocava-me com a esperança de que decretasse intervenção no Sindicato. Imagino que passava pela sua cabeça repetir o fenômeno Lula, vítima de duas intervenções que o transformaram em herói nacional e internacional... De maneira tranquila, mas firme, disse-lhe que não transformaria insignificante provocador em ídolo popular.”

Pazzianotto, reforçando relatos sobre os métodos usados pelos companheiros para assumir o poder ou derrubar governantes, relata ainda um dos confrontos históricos do sindicalismo brasileiros ocorrido em Leme, no interior de São Paulo. Diz o autor: “Foram mortos durante o choque entre deputados, agentes da CUT, bóias-frias, e Polícia Militar, Cibele Aparecida Manuel, de 16 anos, e Orlando Correia, de 22anos, que passavam pelo local a caminho do trabalho... Nunca se soube de quem partiram os tiros. Para o Delegado Romeu Tuma os primeiros tiros foram disparados pelos ocupantes do Opala da Assembléia. O inquérito policial não foi conclusivo. Estou convencido, entretanto, que os responsáveis, voluntária ou involuntariamente, foram os diretores da Federação, parlamentares e membros do PT que, diante da Convenção Coletiva que pacificaria as relações de trabalho na área rural, deliberaram lhe negar validade e incitar os trabalhadores à greve...” E finaliza Pazzianotto: Teria sido José Genoíno autor dos disparos? Não sei, e não vou afirmar. De qualquer modo, a personalidade do guerrilheiro do Araguaia, afeito à violência, ao porte e uso de armas de fogo, e inequívoca tendência a passar por cima da lei, sugeria que estivesse disposto a empregá-la contra a polícia, em proveito da confusão que semeara em Leme.”

Esta é uma das tristes histórias que retratam os métodos do vale-tudo para manter ou tomar o poder! É preciso que não tenhamos medo de protestar pacificamente e ajudar a identificar os provocadores, arruaceiros e marginais infiltrados nas manifestações, apontando-os às forças de segurança pública.

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