quinta-feira, 17 de março de 2011

Falha deixa 33 mil sem drogas contra a aids

LÍGIA FORMENTI - no Estadão

Pacientes com HIV enfrentam o desabastecimento de remédios para conter a infecção, situação que já ocorreu no ano passado.
Desta vez, estão em falta no País três drogas, principalmente o Atazanavir, da Bristol, usado por 33 mil pessoas.
Também foram registradas queixas de falhas na entrega do Saquinavir e de Didadosina.

A falta de medicação vem em um momento delicado: três meses atrás o próprio Ministério divulgou que o número de casos de aids no País havia voltado a crescer.
Os médicos criticaram o racionamento, sobretudo pelo fato de não haver no documento uma justificativa para a falta.

“O atazanavir é importante.
A substituição, muitas vezes, significa mais reações adversas e principalmente um aumento no risco de abandono do tratamento pelo paciente”,
afirma o presidente da Regional do Distrito Federal da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Cunha.

As organizações não governamentais também reagiram às medidas.
“Esse problema está se tornando rotina.
Em 2010, também no início do ano, registramos desabastecimento.
Isso traz um desgaste muito grande, a última coisa que o paciente precisa é de um ambiente de incerteza”,
diz o presidente do Fórum de Ongs de Aids de São Paulo, Rodrigo Pinheiro.

O presidente do Grupo Pela Vidda de São Paulo, Mario Scheffer, completa:
“Isso revela má gestão.
É inadmissível que, depois de tantos anos, o programa ainda apresente problemas de planejamento.”


O diretor do departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do Ministério, Dirceu Greco, prometeu solucionar o problema.
“Não há justificativa única. Foi uma junção de atrasos, problemas que foram se somando”, explica.

A recomendação também era a de que os serviços “otimizassem” o estoque disponível e fizessem o remanejamento com outros pontos de atendimento.
O comunicado também dizia que, se necessário, profissionais deveriam reduzir o remédio entregue aos pacientes.
O indicado era fornecer o suficiente para 15 dias.
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(É muita cara de pau.
Quando se trata de vida humana é um escárnio sugerir que se resolva com "jeitinho".)

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