quarta-feira, 30 de novembro de 2011

NÃO HÁ MOTIVO PARA COMEMORAR O PIB

Crise amplia distância econômica entre estados brasileiros
Áreas dependentes de exportações foram mais atingidas

Daniel Haidar - O GLOBO

A crise acentuou a distância do crescimento econômico dos estados brasileiros.
Isso ocorreu porque em 2009 algumas unidades da federação foram mais afetadas pela queda das exportações e pela desvalorização de commodities como o petróleo, enquanto outras foram beneficiadas por projetos locais de infraestrutura de grande porte.

Compare o PIB dos estados brasileiros com diferentes países

O Distrito Federal gerou tanta riqueza por habitante quanto Israel.
Brasília não conta com o poderio tecnológico israelense, mas tem a maior renda per capita média do Brasil devido aos elevados salários do funcionalismo público.
Desse jeito, passou incólume pela crise com alta de 4,0% no PIB local.

Já o Piauí teve um PIB per capita de US$ 3 mil no ano de 2009, o menor do país.
O piauiense gerou praticamente tanta riqueza quanto o habitante de Kosovo, um país predominantemente rural que declarou independência em 2008 após sangrenta guerra civil e ainda muito abalado pela violência.

Apesar de ser o maior produtor de petróleo do país e, portanto, o mais prejudicado pela queda nos preços da mercadoria, o Rio teve um desempenho mediano frente às taxas de outros estados, com 2% de crescimento do PIB.
Foi a mesma taxa de crescimento de Camarões, uma economia menor do que a amazonense, mas bem impactada pela crise.

O tombo mais forte de 2009 foi sofrido pelo Espírito Santo que teve desempenho semelhante ao da Hungria.
O país também recuou 6,7%, para US$ 128,7 bilhões de PIB, e foi um dos mais afetados pela queda na demanda internacional.
Teve de recorrer a empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI), já que cerca de 81% do seu PIB vinha de exportações em 2008.

Uma das evidências da desigualdade econômica entre os estados brasileiros é a concentração de riqueza, destaca o economista Flavio Comim, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A renda per capita mensal dos 10% mais ricos da população brasileira atingiu em 2009 o maior valor médio desde 1981 (R$ 3.018), variando de R$ 7.094 no Distrito Federal a R$ 1.623 no Maranhão.
Na média nacional, os 10% mais ricos detinham 42,77% de toda a renda brasileira.
É a maior concentração de rendimento da América Latina sobre os 10% mais ricos, segundo comparação da Comissão Econômica para América Latina (Cepal) com Chile, Panamá, Costa Rica, Equador, Peru, Argentina e Uruguai.

— Não há motivo para comemorar o PIB, porque a distribuição é desigual — disse Comim.

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