quarta-feira, 16 de maio de 2012

Universos paralelos do agro


Por André Nassar*
 
No seriado Fringe, o universo primário, mundo em que vivemos, tem um universo paralelo. 
O mundo alternativo é muito similar ao primário, exceto por diferentes escolhas feitas pelas pessoas que o habitam. Outra diferença é que efeitos extremos são muito mais severos no universo alternativo que no primário.

O Outlook Brasil 2022 é o universo primário do agro, enquanto a campanha Veta, Dilma é seu universo paralelo.  
No primário, o Brasil tem orgulho do agro. No paralelo, tem vergonha.  

A reforma do Código Florestal, no universo primário, seria vista como necessária. 
No mundo alternativo, as pessoas clamam pelo veto da presidente.
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O Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), em conjunto com a Fiesp e especialistas em fertilizantes, logística e metodologias de avaliação de impactos econômicos e sociais, elaborara um grande estudo avaliando o desempenho e projetando a expansão do agro brasileiro de hoje até 2022. 

O estudo confirma o que já sabemos hoje: o agro é um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira.

O PIB dos setores avaliados (representando cerca de 11% do PIB nacional e 50% do PIB do agronegócio) deverá crescer ao redor de 3% ao ano em termos reais, taxa elevada para os padrões históricos de crescimento da economia brasileira. 

Tais setores empregam cerca de 17 milhões de pessoas e deverão gerar mais 6 milhões de ocupações, ou seja, 34% dos empregos que serão gerados em toda a economia de 2010 a 2022. O estudo confirma também o grande poder de irradiação da produção do agro no resto da economia. Quase metade da geração de empregos ocorrerá fora das cadeias do agro, sobretudo nos setores de serviços, que verão sua demanda crescer pelo crescimento econômico do agro.
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Enquanto isso, no universo paralelo cristaliza-se a visão de que a reforma do Código Florestal se resume a anistia a desmatadores, salvo-conduto para os que nunca cumpriram a legislação ambiental brasileira e é um prêmio para os ruralistas. Na visão dos defensores do Veta, Dilma, ruralista é o agricultor pouco interessado em produção, mas muito hábil na arte de explorar a terra.
(...)

No universo paralelo, o agro perdeu a batalha de opinião pública. 

Não soube explicar à sociedade que a reforma do Código Florestal é necessária para preservar o lado produtor do proprietário de terra. Várias tentativas foram feitas, mas com base em argumentos frágeis, por vezes xenófobos, e com muita disposição para falar, mas pouca de ouvir.
O mantra da moda é dizer que o equilíbrio entre produção e conservação é possível. No entanto, se a reforma do Código Florestal é colocada como condição para se atingir esse equilíbrio - que é o que acredito e defendo -, contraditoriamente, determinados grupos a definem como anistia.

O equilíbrio entre a coexistência do mundo primário e do paralelo no seriado Fringe é dado pelo respeito aos limites de cada universo. 

Quebrado esse limite e conectados os dois mundos, efeitos extremos passam a ocorrer. O equilíbrio entre produção e conservação está limitado à manutenção da produção existente e à conservação da vegetação remanescente. Não é mais que isso que o novo Código Florestal faz.

Romper esse limite, como querem os Veta, Dilma, porá produção e conservação em pé de guerra. Essa guerra não interessa a ninguém, nem mesmo aos que, por ignorância ou ideologia, clamam pelo veto. A guerra que interessa é levar o Brasil à condição de nação rica e com capacidade de garantir desenvolvimento sustentável para sua população. Sem o crescimento do agro essa guerra nunca será vencida.

Íntegra AQUI.

*André Melon Nassar é Diretor-Geral do Ícone e Coordenador da Redeagro. Artigo Publicado no Estadão de 16/05/2012

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