Presidente resolveu dar uma de "presidenta Cristina Kirchner"
Por Reinaldo Azevedo
Levante
a mão quem não acha os juros bancários no Brasil escandalosamente
altos! Creio que nem os banqueiros se dignaram a mover o braço.
(...)
Governos interferem, sim, nessas
coisas. Afinal, são também a autoridade monetária, e suas ações são
decisivas na formação dos preços — muito especialmente do preço do
próprio dinheiro. Dito isso, quem era aquele que vimos ontem na TV?
Parecia Dilma, mas se comportava como Cristina Kirchner.
O governo
vem de uma escalada de pressão contra os bancos, tentando forçar a queda
do spread. Dilma não quer ver repetido em 2012 o baixo crescimento do
ano passado. Considera que o governo está fazendo a sua parte (não é bem
verdade), inclusive por intermédio dos bancos públicos, mas que os
privados estão sabotando esse esforço.
Muito bem! Digamos que tudo isso
fosse assim mesmo. Será que cabe à presidente, abusando de sua altíssima
popularidade (segundo as pesquisas), satanizar os bancos em rede
nacional? Ora, nem bancos nem setor nenhum da economia ou da sociedade!
Tratou-se de
um discurso completamente fora do lugar.
Claramente, o que se via ali
era a líder conclamando o povo a pressionar os bancos. “Por que,
Reinado, bancos não podem ser pressionados?” Ora, claro que sim! Para
tanto existem os partidos, as lideranças políticas, as entidades
sindicais, os tais “movimentos sociais”… Escolham aí os agentes. Uma
coisa eu sei: não cabe ao governante fazer uma intervenção daquela
natureza, muito especialmente no discurso do Dia do Trabalho. A mensagem
foi clara: trabalhador de um lado (e ela junto) contra banqueiros do
outro.
Não deixa de
ser uma ironia da história. Em 2010, escrevi aqui, o PT usou o
“discurso do medo” contra o então adversário, José Serra. Nos
bastidores, o partido explorou a valer, num recado aos banqueiros, o
suposto viés intervencionista do tucano. Por irônico que possa parecer, o
partido de Lula dizia aos “companheiros” do sistema financeiro, ainda
que com outras palavras, o seguinte: “Cuidado! Serra é muito…
esquerdista!!!”
Nao é segredo para ninguém que os bancos fizeram uma
escolha: Dilma! Um pragmático poderia dizer que eles fizeram muito bem,
do seu ponto de vista, em escolher o PT: vivem nove anos verdadeiramente
dourados.
Mas sabem
como é… O PT, cedo ou tarde, sempre volta à sua natureza.
E Dilma foi
para o confronto, na hora errada, com uma fala errada. “
(...)
Terá Dilma
inaugurado ontem uma nova fase, mais — não vai dar para evitar a palavra
— populista?
Íntegra AQUI.
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