sábado, 19 de julho de 2014

A SINUCA DO PT (E DO PAÍS)

Ruy Fabiano

A mais recente pesquisa eleitoral, do Datafolha, confirma as projeções indicadas pelas anteriores: a perda de consistência da candidatura de Dilma Roussef, do PT. Ela continua em queda.

Embora ainda lidere (36% contra 20% de Aécio Neves, do PSDB) no primeiro turno – onde já exibiu folga bem maior (em fevereiro tinha 54% contra 27%) -, empata no segundo turno.

Até mesmo em relação a Eduardo Campos, do PSB, que comparece com apenas 8% das intenções de votos no primeiro turno, o quadro muda radicalmente num hipotético segundo turno.

Campos salta de 8% para 38%, o que indica que, seja quem for o oponente de Dilma, e sejam quais forem os conchavos, o eleitor dos demais candidatos continuará perfilado na oposição. A polarização é evidente, ainda que (o que parece improvável) mais candidatos venham a chamar a atenção do público.

É a Era PT que está sub judice. Não é casual que Lula, o grande promotor da Copa do Mundo, não tenha arriscado o pescoço nos estádios. Não compareceu a nenhum jogo, seguramente aconselhado a não testar seu patrimônio de popularidade, que, como é visível, já não é o que foi. Quanto a isso, basta uma rápida varredura nas redes sociais da internet.

Lula e João Pedro Stédile

A partir daí, o que se coloca é simples: o que fará o partido para sair dessa sinuca eleitoral? Lula já declarou que a eleição será uma guerra. E João Pedro Stédile, líder do MST, que funciona como sublegenda do PT, acrescenta que, na eventualidade de derrota, a guerra não se restringirá à campanha. Irá sucedê-la. Isso dito por alguém que comanda uma milícia armada, que já exibiu como age, é preocupante.

Palavras suas: “Só espero que não ganhe o Aécio, porque aí seria uma guerra.” Se vencer Eduardo Campos, tudo bem: “A candidatura Dilma e a candidatura Eduardo e Marina são candidaturas alternativas de um mesmo projeto”.

Ocorre que Campos e Marina não dão sinais de crescimento e, num segundo turno, podem até apoiar Dilma, mas seus eleitores, como mostram as pesquisas, o veem como oposição.

O que se pergunta é o que o PT fará, já que não admite a hipótese pura e simples de entregar o poder, caso seja derrotado. Uma hipótese é substituir a candidata, se falharem as tentativas de que alce voo. Nesse caso, há apenas Lula como alternativa, podendo encontrar as mesmas condições de decolagem de sua preposta. Outra hipótese seria melar as eleições. Mas como?

Aí entra a palavra “guerra” usada num sentido metafórico por Lula e nem tanto por Stédile. Como seria? Não há dúvida de que há uma ameaça no ar que tensiona o processo eleitoral. Significa, no mínimo, que o partido irá bater não apenas da cintura para cima, mas também – e sobretudo – para baixo.

Aguardam-se dossiês difamatórios e embates, digamos, mais truculentos, cuja eficácia eleitoral está por ser demonstrada. Não há dúvida de que dias agitados aguardam a frágil democracia brasileira, que passa por seu principal teste, desde que foi restabelecida, sem violência, há trinta anos.

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