sexta-feira, 4 de junho de 2010

Uma mão lava a outra

Uma mão lava a outra é o título do artigo do jornalista Sandro Vaia.
Eu colocaria "Lula e Dilma são reféns dos sindicatos".
E a continuidade dessa situação pode significar um enorme retrocesso para o país.
Por isso, seria muito importante trocar o comandante para modificar as relações entre governo e instituições.
Do jeito que está não dá para ficar.
Vejam na íntegra: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/

As centrais sindicais estão gastando dinheiro confiscado dos trabalhadores brasileiros e dinheiro subsidiado do governo- do qual não precisam prestar contas- para entrar ilegalmente na campanha eleitoral.
Apoiam um candidato e caluniam outro.

Esse é mais um dos escândalos que passam pelo olhar distraído dos brasileiros.
Paulinho da Força Sindical, suspeito de desviar dinheiro do BNDES e de outras malfeitorias genéricas (que não enumero aqui por puro tédio) disse que os trabalhadores não podem deixar “aquele sujeito” ganhar as eleições, e atribui a ele intenções de revogar leis sociais, como a licença maternidade e outras coisas.
Não importa que seja mentira e que o candidato nunca tenha falado sobre esse assunto.
Importa deixar a marca da suspeita e transferir ao acusado o ônus de provar que nunca pensou nisso.

É a banalização não do mal, mas da simples sem vergonhice.
A sem vergonhice barata dos pequenos espertalhões da política brasileira, rasos como suas ambições, murchos como as suas metas, rasteiros como seus ideais.
Simples Paulinhos, insignificantes como tal, mas letais pelo que representam como exemplo de deterioração dos costumes políticos e de pouco caso com as instituições democráticas do País.

As centrais sindicais- que antes concorriam pelas preferências dos trabalhadores e dos proventos que eles representam- agora se uniram numa frente única paraestatal para sugar os recursos públicos e saquear os bolsos dos trabalhadores, que são obrigados a pagar um dia de trabalho para rechear seus cofres, e criaram um tipo de consórcio à moda neoperonista, não para cumprir a sua função institucional, que é defender os interesses de quem deveriam representar, mas para fazer política partidária.
Pouco lhes importa que seu comportamento seja inconstitucional ou que gastem 800 mil reais para tentar encher um estádio de votos.
Dinheiro não é problema para quem não precisa fazer esforço para obtê-lo.

Paulinho, que feudalizou um pedaço de partido remanescente dos escombros brizolistas, reinaugurou o tipo de peleguismo que se julgava extinto desde a segunda metade do século passado: barganha seu apoio não em troca de qualquer espécie de crença política,mas por pacotes específicos de vantagens pessoais.

O jogo das centrais sindicais com o governo e seu compromisso político eleitoral com ele não é segredo para ninguém e não há inocentes nessa barganha.

Muito menos o presidente da República, que com sua proverbial franqueza confessou: em 8 anos de governo,o movimento sindical só não conquistou o que não pediu.

Nesse tipo de negócio, é muito normal que uma mão lave a outra.


Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.. E.mail: svaia@uol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário