Na entrevista coletiva de ontem, Lula disparou duas outras grosserias.
Indagado sobre o salário mínimo de R$ 600, afirmou que isso “era coisa do Serra”.
De fato, essa era uma das propostas do candidato tucano.
A um presidente da República é lícito afirmar que considera a proposta ruim por esse ou por aquele motivo.
Só não pode dizer isto, como fez:
“Tem gente que ainda trata o povo como se fosse uma boiada, sabe?
Toca o berrante, o povo vai atrás.
Não é mais assim, não! O povo tá sabido!
O povo tá esperto”.
Nem vou perder tempo aqui em analisar o estilo de Lula na sua relação com o “povo”.
Só lhe falta um berrante.
Chamo a atenção para o grotesco desrespeito com o adversário e, o que é espantoso, com os seus eleitores!
Os quase 44 milhões que escolheram Serra comportaram-se, então, como… gado!
Não é que Lula satanize apenas os adversários; ele ataca até seus eleitores.
Achou pouco.
Minutos depois, ao negar que já seja candidato em 2014, fez uma ironia com a delicadeza que lhe é peculiar, e os seus interlocutores, os jornalistas, acharam engraçado:
“[Vamos deixar] para discutir as eleições um pouco mais pra frente.
Porque, senão, vai ter um enxurrada de bolinhas de papel batendo nas nossas cabeças até 2014, e nós não queremos isso”.
Evidentemente, Lula está se referindo àquela delinqüência contra Serra, de que a bolinha de papel foi só uma verdade usada como farsa para esconder as duas agressões mais graves: uma foi o outro objeto que lhe acertou a cabeça; a outro foi a agressão institucional — que não foi praticada pelo vagabundo daquela hora, mas pelo presidente da República.
Em vez de condenar o malfeito, preferiu atacar a vítima.
Ontem, ele relegou a vilania à condição de piada.
Para quem trata a oposição como inimiga do Brasil, não estranha que uma vez mais tente ridicularizar o agredido.
Por Reinaldo Azevedo
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