sábado, 16 de abril de 2011

PAC demite mais do que setor privado

A multidão de demitidos pela parceira do PAC é quase cinco vezes maior que a da Vale
No blog do Augusto Nunes

Em dezembro de 2008, o presidente da Vale, Roger Agnelli, anunciou que as medidas adotadas para sobreviver à crise econômica internacional incluiriam a demissão de 1.300 funcionários.
Uma empresa privada não precisa pedir licença ao governo para tomar decisões do gênero.
Um executivo como Agnelli não tem tempo a perder com consultas a políticos tão autoritários quanto ineptos.
Mas no Brasil as coisas não funcionam assim.
O maior dos governantes desde Tomé de Souza transformou o condutor da Vale em inimigo da pátria ─ e não sossegou até que Dilma Rousseff conseguisse demiti-lo por excesso de competência.

Nesta quinta-feira, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, confirmou que a Construtora Camargo Corrêa resolveu demitir 6.000 trabalhadores alojados nos canteiros de obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia.
Como são dois colossos do Brasil Maravilha parido pelo PAC (PAC 1 ou PAC 2, jamais se saberá), decerto viriam duríssimas retaliações.
Quantas cabeças rolariam na direção da Camargo Corrêa?, especulou-se por algumas horas.
Nenhuma, apressou-se em comunicar Gilberto Carvalho.

“As demissões são naturais, até porque a Camargo Corrêa fez uma autocrítica e contratou mais gente que o adequado”, festejou o arauto da má notícia.

Pela animação do secretário de Dilma, a multidão de desempregados talvez melhore a imagem do governo.
Agnelli acabou perdendo o cargo por ter demitido 1.200 funcionários.
Mas a Camargo Corrêa é uma boa companheira.
Merece o endosso do governo.
Por terem consumado um corte quase cinco vezes maior, os executivos da construtora não se limitaram a garantir o emprego.
Também entraram na fila dos candidatos a ministro da Fazenda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário