terça-feira, 24 de maio de 2011

A maldição da Casa Civil

O Senador Jarbas Vasconcelos disse que a Casa Civil ganhou uma “maldição na era petista”, da qual apenas Dilma escapou.
Isso é relativo, escapou, mas aprontou também.
Não podemos esquecer o dossiê contra Ruth Cardoso, o caso Lina Vieira e o fato de que Dilma ainda era a Chefe da Casa Civil no período em que ocorreram atos de corrupção envolvendo aquela que seria seu braço direito, Erenice Guerra.
A população a elegeu mesmo assim, resta saber porquê milhões de brasileiros relevaram fatos tão graves.
Como explicar esse fenômeno?
Parece que não há um profissional sério disposto a se aprofundar, com honestidade e imparcialidade, nesse tipo de estudo.
Por enquanto, ficamos com uma análise interessante sobre o dilema da Casa Civil, que mais parece um conselho de amigo, mas pode ser um instrumento importante para tentarmos entender como funciona a incrível e eficiente máquina de convencimento.

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A maldição da Casa Civil.
José Dirceu parecia o homem certo no lugar certo.
Demitido estrepitosamente.
Palocci não poderia ter sido, Dona Dilma não fará nada?


Helio Fernandes
Na Tribuna da Imprensa

Para uma análise correta é preciso estabelecer claramente a diferença entre Dirceu e Palocci.
Na penúltima campanha de Lula, quando muitos adivinhavam a primeira vitória dele, ninguém era mais íntimo, amigo e entrelaçado com o futuro presidente do que Dirceu.

Eu mesmo escrevi no jornal impresso, baseado em informes, informações, depoimentos, que Dirceu chamava Lula de “você”, era correspondido com um “senhor”.

Isso, depois de presidente, na intimidade.
É sempre difícil abandonar um tratamento arraigado, repetido, habitual e mais do que normal.

Dirceu era tido e havido como Chefe da Casa Civil, foi nomeado, empossado e aplaudido, sem qualquer restrição.
Não se pode deturpar os fatos, para também não deturpar, macular e comprometer as observações.
A entronização de Dirceu ajudou a compor as coisas, a estabelecer, politicamente, o mandato de Lula.

O primeiro descuido, displicência, verdadeiramente desastroso, foi o episódio da Loterj.
Envolveu o seu homem de confiança, que faturava desabaladamente.
Foi uma surpresa em matéria de honestidade, agravada pelo fato de Dirceu ser considerado competente.

Como Lula diria mais tarde no episódio do mensalão, “o chefe da Casa Civil não sabia de nada”.
Nesse mensalão, tanto Lula quanto Dirceu estavam “chafurdados”.
Lula sobreviveu, apesar de totalmente comprometido.
É que ele não teve cerimônia, piedade, condescendência.

Lula sabia pouca coisa, mas nesse momento a sabedoria estava numa escolha: “Ele ou eu”.
O país todo conhece a decisão do presidente.
Dirceu perdeu a Presidência da Republica, mergulhou nos subterrâneos dos negócios.
E não sairá mais, de maneira alguma.

Sua participação nas acusações contra Palocci (mais do que “comprovadas”, representam a forma que lhe sobrou para percorrer o caminho que percorria de dentro do Planalto.
Ele tem razão numa coisa: “Palocci não deveria ter sido nomeado para a Casa Civil, não tem dignidade nem competência”.
Nota mil na observação, mas Dirceu jamais sairá da superfície, ele que tanto se orgulhava da conquista do Planalto.

A palavra “maldição”, que coloquei no título destas notas, pode ser contestada.
E principalmente por Dona Dilma.
Ela tem todo o direito. “Eu não fui amaldiçoada ou destruída pela Casa Civil.
Saí de lá para a presidência da República”.

Rigorosamente verdadeiro.

Ela está no lugar que seria de José Dirceu.

E só está no cargo e na altura mais elevada da República, precisamente porque Lula demitiu sem complacência o maior amigo, o mais intimo e o mais influente.
Se perdoasse e poupasse Dirceu, quem correria perigo e poderia nem terminar o mandato?
Lógico, ele, Luiz Inácio Lula da Silva;

Agora, Dona Dilma enfrenta o mesmo problema de Lula no passado, quer conciliar em vez de resolver?
Não há conciliação com a corrupção.
E o que é que Palocci tem de tão indispensável?
Até hoje, quase 5 meses já passados, o ex-ministro da Fazenda, demitido acintosa e desprezivelmente, só vem criando problema, e dos grandes, dos maiores.

Não sendo indispensável, certamente Palocci não é imprevisível.
Deixou suas digitais em todos os lugares, por que essa temeridade de tentar salvá-lo?
É a sua salvação que está em jogo, presidente.
E o que a senhora arrisca, em matéria de tempo, pode ser calculado entre 3 anos e meio e 7 anos e meio.
Mais AQUI.

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