sábado, 17 de agosto de 2013

AINDA TEM BOBO QUE ACREDITA NO PT

Estelionato eleitoral – Bastaram oito meses para que a realidade sepultasse as fantasias com que a campanha de Haddad enganou os paulistanos. Estamos diante de um dos maiores vexames políticos a que a cidade assistiu. E Lula já prepara um outro Haddad, agora para o Estado inteiro!

Por Reinaldo Azevedo
O tema é, sei disto, do particular interesse dos leitores — e eleitores — paulistanos, mas tem, como vocês verão, um alcance geral. Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, foi feito candidato à Prefeitura da maior cidade do país por vontade de Luiz Inácio Apedeuta da Silva. O chefão petista apostava numa cara nova — “o homem novo para um novo tempo” — que não tivesse o passivo de rejeição acumulado por nomes como Marta Suplicy e Aloizio Mercante. 
A “intelligentsia” petista, saibam, não gosta nem da cidade nem do Estado de São Paulo. Esses gênios os consideram reacionários. 
Haddad foi escolhido candidato porque Lula acha que ele “não tem jeito de petista”ou por outra: o chefão decidiu enganar a classe média que a Marilena Chaui tanto detesta… O comando partidário também concluiu que seria preciso apresentar alguma coisa inusitada para o grande público. 
Foi assim que surgiu o tal “Arco do Futuro”. Haddad prometia uma verdadeira revolução na cidade, criando um novo corredor de desenvolvimento, que supunha investimentos pesados em infraestrutura, transporte, urbanismo etc. Acabou. No oitavo mês de sua gestão, o prefeito confessa que a sua campanha era escandalosamente mentirosa. Não tem mais Arco do Futuro coisa nenhuma!
Para disputar o governo do Estado em 2014, Lula inventou outro Haddad, outro “homem novo”: o ainda ministro da Saúde (e, sobretudo, da doença), Alexandre Padilha — que também não parece, mas é… Na campanha eleitoral do ano que vem, os paulistas podem esperar novos milagres de computador… Antes que continue, peço que vocês assistam a um vídeo da campanha do agora prefeito. Não toma muito tempo. Reparem no jeito de super-homem, um gigante, que tem São Paulo nas mãos. Volto em seguida.
Voltei
Depois de fazer um diagnóstico dos problemas da cidade, diz o então candidato, a partir de 1min06s, com aquele seu jeitinho cute-cute, escandindo as sílabas di-rei-ti-nho, como um menino que não su-ja o shor-ti-nho :
“Por incrível que pareça, não houve quem pensasse numa grande solução para alterar esse desequilíbrio. Para desconcentrar a cidade, para evitar que o centro seja um ímã perverso a atrair e repelir milhões de pessoas e veículos diariamente. A face mais visível disso são os terríveis congestionamentos”. Huuummm…
A partir de 2min31s, o sabichão anuncia:
“Solução existe, mas é preciso pensar novo, mas tem que pensar novo. É preciso urgentemente de um projeto que espalhe o desenvolvimento, criando novos polos de empresas, descentralizando a cidade. E eu tenho esse projeto. Com ele, é possível melhorar em poucos anos a vida de todos os paulistanos. Para criar este projeto, eu ouvi os melhores urbanistas. Demos a ele o nome de Arco do Futuro”.
Aí, como vocês devem ter visto, aos 2min54, obedecendo às ordens do marqueteiro João Santana, Haddad estendeu a mão e, como num passe de mágica, o tal “Arco do Futuro” apareceu. Ninguém faz maquetes tão animadas como o PT. Ninguém deixa de cumprir o que prometeu com tanta cara de pau e sem-cerimônia como os petistas. A partir dos 2min58s, o milagre da multiplicação de obras vai se desenhando na tela, como nas imagens abaixo, que extraí do vídeo.


Tudo isso é de mentirinha. Como de mentira era o programa de Haddad. Como de mentira era o “Arco do Futuro”.
Não é um homem corajoso
Haddad não é um homem corajoso. Nunca foi. Todas as vezes em que o Enem deu problema — e não foram poucas —, ele escalou alguém de sua equipe para se explicar. 
Quando estourou o escândalo do kit gay, também sumiu, e seus auxiliares tiveram de se virar. 
Não foi diferente desta vez. Quem deu a notícia de que o tal Arco tinha ido para a cucuia foi a secretária de Planejamento, Leda Paulani, em audiência, nesta sexta, na Câmara dos Vereadores. Transcrevo (em vermelho) um trecho do texto publicado na VEJA.com:
“A secretária municipal de Planejamento, Leda Paulani, disse nesta sexta-feira, em audiência na Câmara Municipal, que as intervenções para abertura e alargamento de avenidas entre as rodovias Dutra e Anhanguera, ao longo da Marginal Tietê, “são obras muitos caras”, que foram pensadas para revitalizar o entorno do rio Tietê e que “o governo não teria condição de fazer”.
O projeto Arco do Futuro continha obras nos bairros de Vila Maria, Vila Guilherme, Santana, Tucuruvi, Casa Verde, Cachoeirinha, Freguesia do Ó, Brasilândia, Pirituba, Lapa, Sé e Mooca. Todas elas faziam parte do Plano de Metas da gestão e foram canceladas.
Retomo
O “Arco do Futuro” de Haddad, assim, vai se resumir às obras que já estavam em andamento, que ele herdou. Não me lembro de um estelionato eleitoral ter-se provado com tanta rapidez. Insisto: o tal “Arco” era “o” pilar do programa de governo. Que Serra o quê! O tucano era ultrapassado, asseguravam os petistas. Bom mesmo — e novo! — era Haddad. Sem dúvida, ele inovou na celeridade com que rasgou seu “programa de governo”.
Fora do Eixo
Abaixo, publico um vídeo com uma  “entrevista” feita por Pedro Alexandre Sanches, jornalista ligado ao grupo “Fora do Eixo”, dos dos subordinados de Pablo Capilé, e que foi contratado pela Prefeitura. É ele quem passou a cuidar da Virada Cultural. A primeira da gestão Haddad, como se sabe, foi um fiasco e, atenção!, cancelou boa parte dos eventos que tradicionalmente aconteciam nos bairros da periferia. Juca Ferreira, secretário de Cultura da cidade (ex-ministro da área na gestão Lula), nomeado pelo Fora do Eixo (hoje, é Capilé quem manda nele também), tentou emprestar verniz social à decisão discriminatória: afirmou que os pobres tinham o direito de ir para o centro. Ora vejam: a pedra angular do programa de Haddad era um programa de descentralização do desenvolvimento, mas a Virada Cultural desprezou bairros periféricos. Tudo pelo social. Mas volto à entrevista.
Sanches, do Fora do Eixo, passou a comandar na Internet o “Hora H” (“H” de Haddad, entenderam???), um programa de supostas entrevistas que integrava a campanha eleitoral do petista. 
No vídeo abaixo, ele conversa com os petistas José de Fillipi, que foi caixa da campanha de Dilma e coordenou o programa do candidato petista, e Carlos Zarattini. Vocês não precisam ver tudo (ninguém merece!). Atentem para a fala de Zarattini a partir de 6min42s. Dá a entender que a Haddad pretende ser o chefe de Alckmin: “O Metrô vai construir um determinado trecho: a Prefeitura vai entrar com o dinheiro, mas ele vai ter de fazer um trecho do metrô combinado com a Prefeitura e num determinado prazo”. O prefeito, como sabe e percebe qualquer paulistano, não está conseguindo cuidar nem da zeladoria da cidade.

Ao defender o voto no petista, Fillipi afirma, com aquela sem-cerimônia típica de um petista: “Aliás, o outro candidato, do PSDB, já teve a sua oportunidade; ficou pouco tempo; acho que não se envolveu com a cidade como deveria, acho que não gostou… Enfim, o Fernando Haddad, você vai perceber que ele ama São Paulo, e nós estamos precisando de um prefeito assim”. 
É… Nós precisamos de um prefeito que, no oitavo mês de mandato, anuncia que seu programa era mesmo uma farsa.
Tudo muito instrutivo. Lula, que já deu um Haddad a São Paulo — com as consequências conhecidas —, vai oferecer outro Haddad em 2014, desta vez, ao Estado. Chama-se Alexandre Padilha. Que os eleitores tenham pena de si mesmos e se lembrem que o “Arco do Futuro” dos petistas é, oito meses depois, nada mais do que uma promessa do passado.
O nome disso é estelionato eleitoral.

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