terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Aposentadoria: clareza solar no país tropical

Por Álvaro Dias

O desencanto com as instituições públicas e a desesperança que se generaliza semeiam dúvidas até mesmo em relação àquilo que se nos apresenta com clareza solar neste país tropical.
Mas é preciso reconhecer que existe muito de má fé e interesses subjacentes.
E como me disse um experiente parlamentar paranaense, “essas forças não são tão ocultas assim”.

É óbvio que, quando se tenta desconstruir imagem edificada com esforço, dedicação e honestidade e destruir um patrimônio ético no turbulento e desacreditado mundo da política, não se está prestando serviço à causa da democracia e do país.

Há infelizmente os que não suportam constatar que ainda alguns vivem no limitado território da decência.
Fingem não acreditar e alardeiam suspeições.

Quando alguns jornalistas chegaram à creche mantida pela Assistência Social Santa Bertilla Boscardin, que atende 90 crianças numa das regiões mais pobres de Curitiba, não puderam testemunhar o que alguns maledicentes gostariam.
Não havia nenhum escândalo a se veicular.
Ao contrário, a foto de minha mãe na parde da biblioteca testemunhava que não é de agora que colaboro para que crianças possam viver a esperança de um futuro de dignidade com a adequada formação.

Sei que houve frustração.
Afinal, quantos gostariam que colocasse no bolso o que ofereço legal e espontaneamente como doação?
Poderiam continuar afirmando que somos todos farinha do mesmo saco.
Que há sim regra sem exceção.
Também sei que uma existência inteira será insuficiente para convencer os incorrigíveis do mal de que é possivel viver com decência na atividade pública.

Pediram-me que não falasse mais sobre isso.
Prefiro enfrentar sem fugir todas as situações que decorrem de minha atuação política.
Ao que sei fui o único que, como governador, tentou acabar com uma aposentadoria que já existia há décadas.
Mesmo sem mandato por oito anos não me beneficiei de um centavo sequer do que tinha direito.
Poderia agora não requerer o benefício e explorar politicamente o fato, me apresentando como a exceção à regra e assistindo a malversação de valores que me pertencem.

Ao requerer não me beneficio, mas achei oportuno beneficiar, nos próximos anos, milhares de pessoas.
E é o que farei, de forma correta e transparente.
Quantos dos que me criticaram nos últimos dias abririam mão de um direito constitucional (meu mandato precedeu a Constituinte de 88), que lhes proporcionaria esse privilégio?

Como declarei, não pretendia fazer propaganda desse gesto, pois a publicidade diminui o seu mérito, mas sou obrigado, pelos adversários e pelos incrédulos, a fazê-lo.
Terão que suportar, com o deboche, a descrença ou a indiferença, me ver todos os meses entregando a alguma entidade devotada à boa causa um cheque que certamente ajudará a muitos dos que esperam oportunidades de vida digna.
Aos que compreenderam e me defenderam o meu melhor agradecimento e a certeza de que não os decepcionarei.
E assim caminha a humanidade!!!

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