quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tratar e reprimir

Por Demóstenes Torres
No Noblat

O sociólogo Fernando Henrique Cardoso exerceu diversos cargos importantes, nos quais se destacou, e seus êxitos conquistaram muitos admiradores, como eu.
É um estadista como poucos, mas precisa rever sua atual bandeira, como coordenador da Comissão Global sobre Drogas.

Reunião do grupo em Genebra, recém-encerrada, foi conduzida de tal forma que traficantes de drogas devem estar comemorando que expoentes mundiais trabalhem “pela legalização e regulamentação do uso da maconha como a melhor maneira de combater o tráfico de drogas e suas consequências”.

O júbilo dos bandidos só não é maior que a fragilidade dos argumentos, cujo eixo é liberar por não conseguir combater.
A conclusão deveria ser no sentido contrário.
Trocar os métodos, não os lados.

Fracassar no combate aos traficantes não dá, a nenhum líder, o direito de transformá-los em comerciantes comuns.

Se a falácia triunfar, cairão os gastos na repressão e nas despesas com cárcere.
Porém, a folga no caixa dos governos terá outro viés, o do abandono da causa.

A juventude, principalmente, ficará à mercê do narcotráfico, pois todo governo quer faturar e, com a maconha rendendo tributos, quanto maior o consumo, maior a arrecadação.

Em outro engano, o da redução de danos, alegam que legalizar maconha e distribuir seringa são políticas mais eficientes que prender traficantes e tratar os viciados.

Interpretações do gênero estão lotando as calçadas de zumbis dominados por entorpecentes.

O começo é exatamente a maconha, que se for legalizada será ainda mais massificada. Em pouco tempo, o organismo pede mais em quantidade e torpor.

O que aguarda a sociedade?
Processo igual se dará no campo legislativo, liberando a cocaína e seus rabichos, como o crack?

O passo seguinte será o financiamento do Banco Mundial para lavouras de cannabis, o incentivo fiscal para refino de pó e a distribuição de cartilhas ensinando a fumar e injetar?
Portanto, é preciso reagir antes que o uso de drogas seja obrigatório.

As estatísticas dos apóstolos do fumacê carecem do mínimo, o bom senso.
Apresentam supostos dados da doença que o sujeito não contraiu por ter uma seringa para chamar de sua.
A verdade é que querem se livrar do problema pela fuga.

A turma pró-descriminalização sabe que, em vez de atenuada, a repressão tem de ser incrementada, com tecnologia, investigação, priorização.

Traficante tem de ir para a cadeia, não para a Junta Comercial.
Usuário tem de ir para a clínica se tratar, não para o boteco reabastecer o estoque de maconha.

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