segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A proposta que poderia salvar o Brasil da "Era da Mediocridade"

José Serra fala de suas propostas para a educação brasileira

No Brasil ainda temos aproximadamente 15 milhões de mulheres e homens acima dos quinze anos de idade que não conseguem, por serem analfabetos, ler o lema da própria bandeira nacional: Ordem e Progresso.

A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios – PNAD – referida ao conjunto do país, confirmou uma tendência ruim para o Governo Lula: a desaceleração na redução do analfabetismo: no período FHC a taxa referente à população acima de 15 anos caiu a um ritmo de 0,5 % anual; nos primeiros anos do Governo Lula, essa taxa foi reduzida a 0,3%.

A política desenvolvida no Estado de São Paulo criou o Idesp – Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo – com critérios até mais rigorosos tecnicamente do que os do Ideb.
O Idesp é uma nota conferida a cada segmento da educação de cada escola e considera dois critérios: Os resultados do Saresp (4 níveis referidos às expectativas de aprendizagem e o fluxo escolar (taxas de aprovação, repetência e evasão).

Com os resultados do Idesp, foram fixadas metas concretas a serem alcançadas até 2020 e, a partir daí, metas anuais de evolução do Idesp para cada segmento da educação básica em cada escola, que têm sido superadas nos dois últimos anos.

As metas significam comparações no tempo referidas a cada segmento de cada escola, e não a comparação entre instituições de ensino diferentes.
Seu mérito está em colocar o foco da escola na aprendizagem dos alunos, buscando trazer para dentro das salas de aula os resultados do sistema de avaliação.

Em paralelo, modificamos o sistema de bônus, criado ainda no Governo Covas, com o objetivo inicial de premiar a assiduidade dos Professores e mantido assim até 2007.

Naquele ano, foi introduzida uma mudança radical no sistema que passou a premiar os professores pelo resultado do processo educativo medido pelo Idesp de cada segmento e de cada instituição de ensino.

Trata-se de uma nova tendência no mundo que vem sendo praticada em alguns países, mas em nenhum caso num sistema tão vasto quanto o de São Paulo.

Pode-se dizer que somos pioneiros no mundo na implantação de um sistema de bônus por resultado em larga escala.

O grande desafio é melhorar a qualidade.
Todos os fatores tradicionalmente vinculados à qualidade da educação – nível de formação dos professores e qualidade da infraestrutura das escolas também evoluíram muito favoravelmente nos últimos 15 anos.
Entretanto, as avaliações nacionais e internacionais mostram níveis bastante baixos no desempenho dos estudantes, tanto em relação a outros países de igual ou menor nível de desenvolvimento, quanto em relação aos padrões esperados para cada nível de ensino.
Ou seja, apesar de tudo, nossas crianças e jovens estão aprendendo pouco.

As ações desenvolvidas em São Paulo nos últimos três anos deverão ser o norte da política nacional:

- Apoio ao trabalho do professor em seu dia a dia, por meio do currículo e materiais de apoio;
- fixação de metas e objetivos de melhoria da qualidade e estímulos ao aperfeiçoamento dos professores.

Deveríamos investir mais recursos na remuneração dos professores, vinculando-os, porém, à introdução de mudanças necessárias na sua formação, atualização profissional e estruturação de suas carreiras e seu desempenho em sala de aula, assim como estamos fazendo no Estado de São Paulo.

Temos hoje a possibilidade de uma mudança radical no conteúdo da política educacional.
Incorporar os indicadores resultantes dos processos de avaliação da aprendizagem em todas as políticas e normas educacionais é o caminho mais curto e efetivo para colocar a aprendizagem no foco central do funcionamento da escola.

Desde a distribuição de recursos para as escolas, passando pelas regras da carreira do professor e de sua remuneração e chegando até a forma como designamos os diretores de escola e fixamos os objetivos para seu trabalho, tudo relativo à escola pode hoje levar em consideração também os resultados dos processos de avaliação dos alunos.

(mais...)

Precisamos convencer as universidades públicas a usar o Enem como a primeira fase do vestibular. Se todas aderirem ao programa, estimularíamos claramente a mobilidade espacial e regional dos estudantes brasileiros.

Por outro lado, o governo atual faz muito barulho para pouco resultado efetivo no que diz respeito às universidades federais públicas do País.
O número de matrículas nos cursos de graduação nas Federais cresceu mais no governo do PSDB do que no do PT: 6,0% de taxa média de crescimento ao ano entre 1995 e 2002, contra 3,2% entre 2003 e 2008.

Houve mais matrículas nas Federais no segundo mandato de FHC do que em seis anos de governo Lula: 158.461 novas matrículas entre 1998 e 2003, contra 76.000 entre 2003 e 2008.
Nos cursos noturnos, a matrícula cresceu 100% no Governo FHC e apenas 15% nos seis primeiros anos da atual gestão petista.

O que cresceu no governo Lula foram vagas mal planejadas e ociosas e a evasão escolar – além de gastos e contratações de pessoal.
Entre 2003 e 2008, diminuiu o número de formandos nas federais: foram 84.036 em 2008, contra 84.341 em 2003.

Íntegra aqui.

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