sábado, 22 de janeiro de 2011

Sobre nuvens e paredões

No "Império da Malandragem" a regra mais importante é levar vantagem, mesmo sabendo que muitos serão prejudicados e até mesmo vítimas de desastres, como acontecem nas estradas e nos casos dos acidentes aéreos, por negligência e, provavelmente, por recursos desviados de obras que deveriam ter sido realizadas e não foram.

Milhares morrem, também, por falta de socorro médico, pela deficiência no setor da saúde, que privilegia a "AmbulancioBRAS", espetáculo com direito a palanque e banda musical, com distribuição de ambulâncias às populações carentes de médicos e hospitais.
Não podemos esquecer o escândalo dos Sanguessugas, também conhecido como máfia das ambulâncias, um caso de corrupção que estourou em 2006 devido à descoberta de uma quadrilha que tinha como objetivo desviar dinheiro para a compra de ambulâncias.

O mais recente caso do PAC empacado mostra um país sem a infraestrutura necessária para evitar tragédias.
Infelizmente tudo isso é relevado e justificado por uma parte da população que se identifica com os protagonistas desses descalabros.

O que ainda nos salva é a resistência dos que preservam algum senso ético e que travam um embate que costuma ser ignorado pelas autoridades e pelos meios de comunicação, implacáveis apenas quando surge uma oportunidade de repercutir informações sobre alguém da atual oposição.

Assim aconteceu com José Serra, quando minimizaram os escândalos da Casa Civil envolvendo Erenice Guerra em trambiques que ocorreram na época em que a então candidata do governo ainda era Ministra, portanto a principal responsável.
Porém, para cada denúncia contra o governo costuma surgir um boato contra o adversário, assim transferem-se todas as atenções.
Para abafar o caso citado, colocaram em evidência um suposto golpe de um funcionário, Paulo Preto, sem comprovação alguma, apenas para envenenar a campanha e confundir o eleitor.

O governo no poder há mais de oito anos continua apresentando as mesmas deficiências, com destaque para o Ministério da Educação e o descaso com a infraestrutura e a falta de investimentos em prevenção de catástrofes que têm ocupado todos os espaços dos noticiários.

O que fazer, então, para desviar o foco?
Eis que surge mais um fuxico, nada escandaloso ou ilegal, apenas uma novidade ou, quem sabe, uma revisão de conceitos, sobre uma mudança de atitude de dois senadores, Pedro Simon e Álvaro Dias, que abdicaram durante décadas de diversas regalias e de aposentadoria a que teriam direito.
Isso nunca foi noticiado e nunca lhes rendeu os merecidos elogios, mas agora o fato surge como uma fórmula mágica para tentar encobrir um governo que continua errando.

Os senadores não estão cometendo ilegalidades e nem podemos exigir santidade de seres humanos, pois todos nós temos necessidades materiais.
Espiritualidade contribui para que saibamos utilizar bem esses recursos, seja o dinheiro, seja a alimentação adequada, o consumo sem desperdício, entre outras coisas, mas percebam a intenção por trás da polêmica, enquanto o outro lado louva quem recebe VÁRIAS aposentadorias.

Parece que o governo vai continuar flutuando sobre as nuvens da impunidade, longe da tempestade do mundo real.

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