segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Indústria brasileira perde espaço

Importação de produtos de alta e média tecnologia quase triplica em seis anos
Marcelo Rehder, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A indústria brasileira perde espaço em ritmo acelerado para produtos importados nos setores mais dinâmicos da economia nacional.
Nos últimos seis anos, quase triplicou a importação de produtos do chamado grupo de média- alta tecnologia, que inclui de veículos automotores e outros equipamentos de transporte a eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos.

Um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entregue há cerca de duas semanas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mostra que o consumo desses itens deu um salto de 76% entre 2004 e 2010, mas a produção local cresceu só 40%.
E a diferença foi suprida por importações, cujo crescimento atingiu 177% nos seis anos.

A situação é agravada pelo desempenho no grupo de produtos de alta tecnologia, que em boa parte já é dominado pelos importados.

"Todo mundo fala que a indústria está indo bem, mas precisa ver de qual indústria está se falando", diz o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.

O real valorizado encarece as exportações ao mesmo tempo em que torna as importações mais baratas.
Com os custos da produção pressionados para cima pela carga tributária, logística, energia e mão de obra, entre outros fatores que compõem o chamado custo Brasil, as empresas alegam não ter como competir com os importados.
Para manter parte do mercado, os fabricantes locais importam componentes e até produtos totalmente fabricados no exterior.

"Os setores de média-alta e alta tecnologia estão sendo desindustrializados", afirma o diretor do Departamento de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Mário Bernardini, responsável pelo estudo.

Para ele, a situação é dramática porque a perda de competitividade faz com que as empresas deixem de ganhar dinheiro, pois têm de baixar seus preços para competir com os importados.

O que à primeira vista parece favorecer o consumidor.
"A questão é que, baixando o lucro, a empresa não tem dinheiro para investir e vai ter de importar ou fechar as portas",
frisa Bernardini.

Um exemplo é o da indústria de material eletrônico, em que a importação dobrou em seis anos e já responde por 56% do consumo brasileiro.

"Com uma rentabilidade baixíssima e sentindo que o preço de venda tem chance de cair ainda mais, quem vai querer se arriscar a investir?
É preciso ter retorno para haver investimento",
diz o presidente da Câmara Setorial de Ferramentaria e Modelação da Abimaq, Alexandre Mix.

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