sábado, 23 de julho de 2011

A dona da vassoura sabe onde está a sujeira acumulada há quase uma década

Por que engavetou?
Leonel Rocha e Murilo Ramos - Revista Época


Em novembro de 2006, a então secretária executiva da Casa Civil da Presidência da República, Erenice Guerra, recebeu uma carta com denúncias graves.

A correspondência falava sobre como grandes empreiteiras pagavam propina aos dois últimos ministros dos Transportes, Anderson Adauto e Alfredo Nascimento, a políticos do PL e a diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) durante o primeiro governo Lula.

Endereçada à então chefe de Erenice, Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil na ocasião, a denúncia detalhava valores de obras, citava quem pagava e quem recebia dinheiro.
Tudo muito semelhante ao esquema revelado no atual escândalo do Ministério dos Transportes.
(...)
O remetente anexou cinco extratos de contrato do Dnit com empreiteiras e uma planilha que relaciona os pagamentos feitos pelo governo às empresas, com distribuição de propina.
Esses contratos teriam rendido R$ 866,6 milhões a cinco construtoras.
Segundo a denúncia, essas empreiteiras teriam repassado R$ 41,8 milhões de propina a políticos e funcionários do Dnit por intermédio de outra empresa, chamada EMPS.
A maior parte dos pagamentos ilegais (R$ 25,9 milhões), segundo a planilha, foi feita ao PL, cujos dirigentes também teriam recebido outros R$ 4,3 milhões.
São citados como beneficiários desse dinheiro os deputados federais Valdemar Costa Neto e Milton Monti, ambos de São Paulo.
Ainda segundo o documento, alguns diretores e altos funcionários do Dnit também teriam sido beneficiados:
Confiram AQUI.i

A prudência e o benefício da dúvida recomendam que se deve tratar com muito cuidado qualquer denúncia anônima.
Todas as normas de boa conduta dos servidores públicos, porém, determinam que as acusações de irregularidades devem ser apuradas para que não pairem dúvidas sobre os responsáveis pelo uso do dinheiro público.
A dimensão do escândalo atual mostra que a carta enviada ao Palácio do Planalto em 2006, embora apócrifa, trazia o roteiro de um grande foco de corrupção.

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