segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Notas sobre um livro

Por Sandro Vaia

1) Não há nenhum motivo para que a imprensa não noticie e não comente o lançamento do livro “Privataria Tucana” , de Amaury Ribeiro Júnior, como não havia para que não noticiasse ou comentasse o livro O Chefe, de Ivo Patarra.

Não há motivo, portanto, para que só a publicação de notícia sobre um deles seja exigida, enquanto o outro continua ignorado.

2) Uma das informações de maior impacto do livro é a acusação de que Ricardo Sérgio de Oliveira, homem forte das privatizações, ex-tesoureiro da campanha de FHC, e ligado a José Serra, teria recebido propina de 15 milhões de dólares de Benjamin Steinbruch para facilitar a vitória de seu consórcio no leilão da Vale .
A acusação foi publicada em maio de 2002 pela revista Veja, paradoxalmente a mesma que é acusada hoje de falta de credibilidade pelas acusações contra ex-ministros demitidos pelo atual governo.

A informação sobre suposta propina que teria sido paga por Carlos Jereissatti na formação do consórcio das teles que arrematou a Telemar também foi publicada pela Veja e por vários jornais e revistas. O que comprova que a imprensa sempre cumpriu o seu papel, e só passou a ser contestada e chamada de “golpista” quando o protagonista da noticia era alguém do partido errado.

3) As considerações do autor do livro sobre todo o processo de privatização representam as razões de um dos lados do debate ideológico que contrapõe em todo o mundo o dirigismo estatal ao modelo liberal de Estado mínimo. O próprio uso da palavra “privataria” reflete uma opção ideológica.
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Não há no livro referência à sentença do juiz da 17ª Vara Federal sobre a licitude do processo de privatização da Telebrás no caso da denúncia do Ministério Público Federal contra Luiz Carlos Mendonça de Barros e outros no famoso episódio do “limite da irresponsabilidade”.
O juiz absolveu os acusados, dizendo que eles defenderam o interesse do Estado (estimulando a criação de um consórcio que aumentaria o preço mínimo do leilão) e não se locupletaram ou beneficiaram pessoalmente de suas ações.

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(continua)

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