sábado, 10 de dezembro de 2011

Porteira fechada

Por Ruy Fabiano

Fernando Henrique Cardoso diz que, embora a corrupção não seja um fenômeno novo, nem no Brasil, nem no mundo, ganhou contornos institucionais na era PT.
O governo passou a doar aos aliados não apenas os cargos, mas a própria estrutura ministerial.

Os ministérios são transferidos aos partidos da base “com porteira fechada”, isto é, permitindo que os titulares nomeiem desde o contínuo até o topo da hierarquia.

Liquida-se, pois, qualquer hipótese de fiscalização interna, que só ocorre quando alguém se sente lesado na distribuição do butim.
(...)

O esquema porteira fechada enseja as mesmas práticas, seja lá quem for o titular.
O esquema começou no governo anterior, depois que veio à tona o esquema do Mensalão.
A porteira fechada é uma variante.


O Mensalão remunerava diretamente os parlamentares.
A porteira fechada o faz por vias indiretas: ONGs fajutas, convênios criminosos, obras que não se realizam (mas que são pagas) etc.

O caso Pimentel tem o agravante de envolver a pessoa do titular, como ocorreu com Antonio Palocci.
Consiste em tráfico de influência, com polpudos contratos de consultoria em troca de inside information.

Mas não para aí: a partir dessa denúncia, mergulha-se nos negócios ministeriais propriamente ditos e tem-se o videoteipe dos escândalos anteriores.
(...)

Há dias, em artigo, José Serra ironizou a metáfora da faxina, “que remete necessariamente à sujeira”. E disse que aguarda a estreia da presidente, que tomou posse, mas ainda não governou.

Não há dúvida de que o modelo do presidencialismo de coalizão se esgotou. O problema é que não há outro para pôr no lugar – não no esquema petista de tecer alianças para governar.

Nesses termos, 2011 corre o risco de entrar para a história como o ano que terminou sem começar.
Íntegra AQUI.

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