quinta-feira, 18 de julho de 2013

MEU SONHO DE ELEGER UM GRANDE PRESIDENTE AINDA NÃO MORREU

Serra acha que seu sonho ainda não morreu, por Ricardo Noblat

Em meados de 2010, às vésperas de ser escolhido pelo PSDB para concorrer à sucessão de Lula, o ex-governador de São Paulo, José Serra, interrompeu por alguns segundos o que me dizia no seu escritório de candidato, olhou para o céu cinzento recortado pela janela à sua frente, e comentou traindo uma ponta de desânimo:

- E o pior de tudo é o seguinte: qualquer um que ganhe a eleição, eu, Dilma ou Marina, enfrentará sérios problemas na economia que logo, logo começarão a aparecer. Lula deixará uma herança muito pesada. Não fez as reformas que o país precisa. O próximo presidente, por exemplo, será obrigado a promover um duro ajuste fiscal.



- Se perder, essa será a última eleição presidencial que o senhor disputará? - perguntei.

- Não sei. Por que haveria de ser? Estou bem de saúde. E ainda me sinto jovem. Lula perdeu três eleições para presidente antes de se eleger pela primeira vez. Por que comigo não pode acontecer o mesmo?

Serra desfilou, anteontem, magro e sorridente pelas dependências do Congresso. Visitou alguns senadores. E foi embora depois de cometer duas frases que salvaram uma tarde fraca de notícias para os jornalistas que costumam bater ponto por ali.

A primeira:

- Não fico contente com a queda de ninguém em pesquisa, muito menos da presidente da República. Mas o fato é que temos hoje um governo fraco e uma crise. Há uma crise à procura de um governo.

Na conversa que tivemos em São Paulo, ele havia me alertado para a fragilidade de Dilma como gestora. "Ela não entende muito de economia. É fraquinha", disse.

A segunda frase, esta responsável pela excitação dos jornalistas:

- Ninguém pode desprezar os 43 milhões de votos que tive no segundo turno da eleição presidencial de 2010. O PSDB não despreza.

Perguntaram-lhe no Congresso se ele abandonará o PSDB para ser candidato a presidente pelo PPS, partido presidido pelo deputado federal Roberto Freire. Serra deu a entender que poderá fazê-lo, sim.

Há duas semanas, internado no Hospital Sírio Libanês para se submeter a exames, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi visitado por Serra. E ouviu dele sem meias palavras que trocará o PSDB pelo PPS para disputar pela terceira vez a presidência da República.

Roberto Freire já ouviu de Serra a mesma confissão.

Serra espera que as próximas rodadas de pesquisas de intenção de voto testem a força do seu nome. Se isso ocorrer, ele está convencido de que fará boa figura. Talvez apareça em segundo lugar, logo atrás de Dilma.

Não descarta a hipótese de vir a contar mais adiante com o apoio do PSDB. No segundo turno - se chegar até lá. Ou ainda no primeiro - caso Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB a presidente, não decole.

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