segunda-feira, 15 de julho de 2013

ESPETÁCULO CIRCENSE PARA DESVIAR A ATENÇÃO DO QUE REALMENTE É GRAVE EM NOSSO PAÍS

POLÍCIA FEDERAL TEM ACORDOS COM NSA E USA DADOS ESPIONADOS PELOS AMERICANOS


Informações coletadas pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos são repassadas com frequência ao governo brasileiro, levaram à prisão diversos acusados de narcotráfico e apoiaram investigações sobre suspeitos de terrorismo. A confirmação sobre uma estreita parceria partiu de cinco policiais federais ouvidos pela Folha, três dos quais ex-ocupantes de cargos de direção na PF de Brasília, e também foi reconhecida pela Embaixada dos EUA no Brasil.

A ajuda também vem na forma de recursos financeiros. Levantamento feito pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação revela que os EUA repassaram ao Brasil, na vigência de seis acordos assinados de 1999 a 2008, um total de R$ 140 milhões, em valores corrigidos pela inflação. O dinheiro foi empregado em combate e prevenção ao narcotráfico, auxílio a investigações de lavagem de dinheiro e crime organizado e treinamento de pessoal. A PF não respondeu se outros acordos, cobertos por sigilo, continuam em vigor.

Em resposta a um questionário enviado pela Folha, a embaixada norte-americana limitou-se a confirmar: "A missão diplomática dos EUA tem uma estreita cooperação com as instituições de aplicação da lei no Brasil que inclui treinamentos, colaboração e planejamento". O governo dos EUA tornou-se alvo, a partir de informações vazadas à imprensa pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, de acusações de espionagem em larga escala com métodos ilegais, inclusive sobre cidadãos brasileiros. No entanto, os policiais brasileiros que recebem os dados dos EUA não têm condições de avaliar como foi obtida a informação.

RAPIDEZ

Para os brasileiros, conta muito a rapidez no acesso ao dado. A lista de passageiros de um voo, por exemplo, que demoraria até seis meses para ser obtida por canais diplomáticos, podia ser entregue pelos americanos em 15 minutos, diz o ex-chefe de Repressão a Entorpecentes da PF de São Paulo e hoje deputado federal Fernando Francischini (PEN-PR).

Ele confirmou uma antiga lenda que circula entre policiais, a de que agentes e delegados envolvidos na troca de informações sensíveis com a inteligência dos EUA são submetidos a exame de detecção de mentiras, feito pelos próprios americanos. "É verdade, eu mesmo passei. Foram umas 300 perguntas, se o policial se corrompeu, se defenderia a pátria até morrer", contou.

Francischini disse que muitas vezes as informações vindas dos EUA foram "decisivas" na solução de casos."Agora vem o governo fazendo cara de que nunca soube. Mentira.", afirmou. 

"[Os americanos] sempre atuaram no Brasil em parceria."

Os valores que os EUA repassam para o combate ao terrorismo são cobertos por sigilo, confirmou um ex-diretor que atuou na área e falou sob a condição de não ser identificado.Esses repasses teriam amparo legal em um acordo bilateral também sigiloso. Procuradas pela Folha, as assessorias da PF e do Ministério da Justiça não haviam se manifestado sobre o caso até a conclusão desta edição. 

(Folha de São Paulo)

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