segunda-feira, 22 de julho de 2013

"O BEBUM DE ROSEMARY"

‘O Bebum de Rosemary’ vence a eleição que escolheu o título do livro de Lula e causou a onda de chiliques na esgotosferaAugusto Nunes

Tanto sacerdotes quanto devotos da seita que tem em Lula seu único deus sucumbiram a sucessivos e violentos ataques de nervos. Contagiados pela epidemia de chiliques, milicianos em serviço na internet tentaram articular outra feroz ofensiva contra o autor da afronta intolerável. Isso não pode ficar assim, decidiram os comandantes da tropa aquartelada na esgotosfera.
O que não podia ficar assim era a eleição, que mobilizou milhares de leitores da coluna, para a escolha do título do livro que Lula deveria escrever para, em seguida, candidatar-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. (Como a ABL premiou com uma cadeira o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que está para o Super-Macunaíma como a kriptonita verde para o Super-Homem, o doutor honoris causa não resistirá à tentação de virar imortal também).
Indignados com as pérolas de humor e sarcasmo produzidas pelos leitores-eleitores, blogueiros chapa-branca publicaram quilômetros de linhas empilhadas por cretinos fundamentais que alternam insultos em letras maiúsculas com dolorosas gargalhadas eletrônicas. E promoveram a manifesto da subespécie o besteirol produzido por um ex-jornalista que, corajosamente, coleciona declarações de guerra ao resto do mundo entrincheirado num hospício longe do Brasil.
(Ele age assim para prosperar subempregado — e para abrandar a angústia do anonimato irreversível textos, publicados em blogs milionários em acessos mensais, que citam seu nome. Aqui esse truque não funciona. Quem perde a vergonha perde também a identidade. Na multidão dos desprezíveis, todos têm o mesmo rosto e nenhum tem nome. Ponto e parágrafo).
Depois de trocar a camisa de força pela farda de general da banda, o maluco internacional descobriu que a eleição que zomba da Era da Mediocridade, vista de perto, configurou um atentado à honra, à privacidade e à imagem imaculada de um estadista. Enquanto algum enfermeiro providenciava o sossega-leão, teve tempo de escrever que é por essas e outras que a internet precisa urgentemente de censura.
E jornalista independente precisa de cadeia, foi em frente o redator de manicômio. Até que a institucionalização do controle social da mídia proteja os superiores interesses da pátria (e garanta os baixos interesses dos pelegos digitais), o Código Penal está aí para isso. O que Lula espera para acionar judicialmente os responsáveis pelo crime?, instigou o porta-voz da esgotosfera.
Ótima ideia: que venha o processo. Para quem preza a verdade, tal perspectiva é tão agradável quanto a contemplação da Costa Amalfitana num crepúsculo de outono. Entre outros motivos porque, estacionado num tribunal, o palanque ambulante não poderá escapar de temas que o mantêm insone nem de interpelações das quais anda fugindo como o diabo da cruz.
Por exemplo: o que tem a dizer sobre o escândalo que protagonizou em companhia de Rose Noronha? 
A pergunta será feita tão logo o advogado do ex-presidente mencione a eleição que chegou a seu desfecho neste domingo. Apurados os votos, três sugestões dividiram a terceira colocação: O VENDEDOR DE ILUSÕESPT RICO, PAÍS POBRETRAIR E ROUBAR É SÓ COMEÇAR.
O segundo lugar ficou com 50 TONÉIS DE PINGA. E o vencedor foi O BEBUM DE ROSEMARY. Eis aí um título capaz de transformar em campeão de vendas até um livro com todas as páginas em branco.

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