domingo, 27 de março de 2016

A RETÓRICA DO GOLPE



Roberto Pereira

O país atravessa um momento muito delicado, todo cuidado é pouco nestes tempos difíceis, pois os inimigos da democracia e da república estão trabalhando nas sombras para evitar que vençamos as crises política, econômica e ética/moral.

O PT vem trabalhando intensamente na construção da narrativa do golpismo, defendendo a tese de que o processo de impeachment é um golpe na democracia. Nessa onda, temos visto alguns líderes da esquerda declarando que vão “incendiar” o país caso Dilma sofra o impeachment e Lula seja preso.

Alguns ministros do STF já se manifestaram contra essa tese esdrúxula e potencialmente perigosa do golpe, afirmando sabiamente que o processo de impeachment é um mecanismo previsto na Constituição Federal. Segundo eles, desde que sejam seguidas as regras básicas previstas, o impeachment é um processo constitucional, ou seja, não é golpe. Parabéns a esses ministros, eles demonstram coragem e visão republicana.

As democracias mais maduras já aprenderam que é preciso haver mecanismos para fiscalizar o governante. Isso não é golpe, todo governante deve prestar contas dos seus atos, daquilo que faz, fala e promove. Ao poder legislativo compete essa fiscalização, sempre com base no que prevê a Constituição Federal.

Outra narrativa que o PT vem tentando construir é a de que o Juiz Sérgio Moro e a Lava-Jato são os responsáveis pela atual crise econômica que atravessamos. O objetivo, neste caso, é paralisar a Lava-Jato ou até mesmo determinar o encerramento das investigações. Essa narrativa é tão ridícula quanta aquela citada anteriormente, e alguns ministros do STF também já se pronunciaram a esse respeito, inclusive tecendo elogios ao trabalho desenvolvido pelo Polícia Federal, sob o comando do Juiz Sérgio Moro.

Finalmente, temos a tentativa do PT de construir a narrativa de que todos os políticos e todos os partidos são corruptos, de forma que o correto seria destituir todos os parlamentares e convocar eleições gerais. Querem com isso tirar o foco da Lava-Jato e do impeachment, colocando todos os congressistas num único balaio. A esse respeito, chama à atenção a lista da Odebrecht que vazou recentemente, com o nome de mais de 200 políticos. Antes de tudo, precisamos saber quem foram as pessoas responsáveis por esse vazamento, antes que tivesse sido realizada uma análise detalhada da lista pela PF, e sem o consentimento do comando da Lava-Jato. Ato contínuo ao suspeito vazamento, o Juiz Sérgio Moro decretou o sigilo da tal lista e a encaminhou ao STF, para análise. Dessa análise poderemos chegar à conclusão de que existem inúmeros políticos honestos, desconstruindo assim a narrativa do PT.

É público e notório que o nosso sistema político/partidário/eleitoral precisa sofrer uma ampla e moralizante reforma, e isso é prioritário, mas antes disso precisamos resolver a crise da governabilidade, e esta somente estará vencida depois que for votado o impeachment da presidente Dilma.

Até que isso aconteça, temos que ficar atentos e nos manifestarmos sempre contra as palavras e as atitudes daquelas pessoas que desejam manter o atual “status-quo” custe o que custar, e que prometem fazer o diabo e “incendiar” o país, caso ocorra o “golpe”.

Esses incendiários não passarão, nós passarinhos!

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