quinta-feira, 17 de março de 2016

LULA, PARA QUÊ?

PEDRO LUIZ RODRIGUES

Equivocou-se a presidente Dilma Rousseff se pensou que teria a vida facilitada se compartilhasse seu poder com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Equivocou-se, também, se supôs que uma vaga no Ministério, seria suficiente para garantir-lhe qualquer margem de imunidade e impunidade.

A essa altura, Sua Excelência talvez já terá se dado conta de que trazer Lula para seu lado foi um tiro no pé. Perde ela um grande naco de prestígio de poder, e não receberá nada em troca.

Em termos de governabilidade, de que tanto carece o País, o ex-presidente pouco tem a contribuir. Com credibilidade pessoal rastejante, é quase nula sua capacidade de influir ou orientar.

Pode ser que no passado sua loquacidade, recheada de palavras de baixo calão, seduzisse alguns interesseiros. Hoje, presos empreiteiros, marqueteiros e petroleiros do Lava-Jato, ninguém mais acha engraçado seu besteirol.

De que servirá Lula (na hipótese de sua nomeação e posse não vierem a ser derrubadas pela Justiça) se sua credibilidade é baixa, sesua capacidade de influir ou orientar é mínima.

O ex-presidente continua a ser exibido e falastrão como sempre, mas hoje seus interlocutores só lhe respondem com monossílabos. Ninguém mais quer se comprometer.

Um detalhe interessante nos diálogos gravados de Lula, ontem liberados pela Justiça é o óbvio desconfortode alguns interlocutores.

Na conversa com o ministro da Fazenda, por exemplo, Nelson Barbosa quase não fala, balbucia, faz hã-hãs, restringindo-se a meras formalidades.

Estando na mira do Poder Judiciário, qualquer interlocutor seu morrerá de cuidados, evitando falar ou se comprometer em qualquer coisa que depois possa ser considerado inadequado, indevido ou ilegal.

Que, então, poderá Lula oferecer aos aliados da base governista, se os integrantes de qualquer um desses partidos pode mudar de lado de uma hora para outra, denunciando vantagens ou outros benefícios oferecidos.

Essa debandada se acelera. O PRB de Marcos Pereira acaba de da base governista. O PMDB de Michel Temer está para fazer o mesmo, tendo sido o Vice-Presidente da República um dos notáveis ausentes à cerimônia de posse de Lula no Planalto, hoje cedo.

Ministros e outras autoridades graduadas do governo Lula-Dilma podem ir se preparando, pois daqui em diante suas dificuldades serão crescentes. Estarão sempre numa saia justa, quando do Planalto ligarem, chamando-os para uma conversa com o primeiro-ministro.

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