domingo, 24 de outubro de 2010

Mara Gabrilli elogia ação judicial contra assessor de Lula

O Estado de São Paulo

"Era voz corrente na cidade que Gilberto Carvalho era o homem do carro preto, o cara da mala, que levava dinheiro da corrupção para o José Dirceu", disse ontem Mara Gabrilli, psicóloga, vereadora paulistana e deputada federal eleita pelo PSDB.

Quase nove anos depois do assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André, um sentimento de frustração a persegue.
Filha do empresário Luiz Alberto Gabrilli, do setor de transportes, e autora da denúncia ao Ministério Público Estadual sobre arrecadação de propinas que teriam financiado caixa 2 petista, Mara cobra punição a empresários e políticos.

Ontem, ela recebeu "com alento e esperança" a notícia sobre ação judicial aberta contra Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula.

"Meu pai ligava para o gabinete de Gilberto Carvalho para avisar que havia coisas erradas na administração Celso Daniel.
Mas o Gilberto debochava do meu pai."


Celso Daniel foi executado à bala em janeiro de 2002.
A polícia concluiu que ele foi vítima de sequestradores comuns, mas os promotores se convenceram de que o crime teve origem política - o prefeito quis barrar o enriquecimento de auxiliares e acabou sendo eliminado.

A ação que cita Carvalho foi instaurada pela juíza Ana Lúcia Xavier Goldman, de Santo André.
O assessor de Lula é acusado de improbidade administrativa.
Na ocasião, Carvalho exercia o cargo de secretário de Governo de Celso Daniel.

A testemunha principal da promotoria é o oftalmologista João Francisco Daniel, irmão de Celso.
Ele narra ter ouvido do próprio Carvalho a informação de que parte de dinheiro de propina era entregue a Dirceu, então presidente do PT.

Uma das vítimas da ação da quadrilha que teria se estabelecido na prefeitura é a família Gabrilli.
Por mais de quatro décadas, Luiz Alberto, pai de Mara, conduziu a Viação Expresso Guarará.
"Meu pai está com 75 anos, não fala, não anda e não come, mas está consciente. Quando a gente lembra aquele tempo de terror ele chora."

Tantas foram as pressões, e também as retaliações, que os Gabrilli deixaram a empresa.
"Todo mês o Sérgio Sombra (segurança de Celso Daniel) vinha ao escritório da empresa, jogava o revólver na mesa e exigia a caixinha.
Minha mãe dizia para papai: "Luiz, leva um gravador, registra essas conversas e vá à polícia."
Mas o meu pai tinha medo.
Era uma gente muito violenta.
O objetivo era acabar com a empresa porque uma vez nos recusamos a pagar a caixinha.
Acabaram com a saúde do meu pai."


O problema é que o Celso achava normal se o dinheiro de propina ia para financiamento das campanhas do PT.
Os fins justificavam os meios.
Foi Mara quem alertou o Ministério Público.
Em 2003, ela foi ao prédio residencial de Lula, em São Bernardo do Campo.
"Ele me recebeu por 40 minutos, eu contei tudo.
Mas nenhuma medida foi tomada."

Nenhum comentário:

Postar um comentário