quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Arte da Corrupção

Emendas que alimentaram esquema fraudulento tiveram salto de 2.351%
O Estado de São Paulo

O esquema de pagamento de verbas federais a entidades de fachada - que derrubou o senador Gim Argello (PTB-DF) da relatoria do Orçamento de 2011 após denúncia do Estado - é um verdadeiro hit entre os parlamentares.

O governo obteve sinais da farra, mas não conseguiu tampar o ralo.
A previsão de gastos em promoção de eventos para divulgação de turismo interno em 2010, que originalmente era de R$ 32,6 milhões, saltou para R$ 798,8 milhões após receber 577 emendas de parlamentares.

Coisa semelhante ocorreu com as verbas para outra ação, "fomento a projetos de arte e cultura".
A proposta de R$ 116,9 milhões foi turbinada para R$ 391,5 milhões, um aumento de 235%, graças a 258 emendas.

"Houve uma verdadeira febre dos parlamentares para fazer emendas nessas ações", disse o fundador e secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco.

Ele suspeita que a causa não é o inconformismo dos parlamentares com o descaso do Executivo em relação ao turismo interno e às manifestações culturais.

"Elas configuram um ralo por onde há uma corrupção bilionária relacionado a repasses de verbas via ONGs."

A verba reservada este ano para repasses a entidades sem fins lucrativos, nas quais se enquadram ONGs, atinge R$ 4,5 bilhões.
Nessa bolada, estão misturadas entidades sérias que de fato prestam serviços à sociedade e organizações de fachada para as quais são desviados recursos públicos.

A preferência pela promoção de festas para desviar dinheiro federal tem uma explicação.

"São despesas de caráter subjetivo.
Quanto custa um show?
Quanto custa uma festa?
Qual o valor correto para a iluminação, o som, o palco?"
questionou Castello Branco.

É diferente de uma obra, por exemplo, na qual há critérios objetivos para determinar se ela está ou não superfaturada.

Leiam mais sobre "A FARRA E O DESCONTROLE" que Lula implantou nas contas públicas no Editorial do Estadão

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