sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ANÁLISE HONESTA SOBRE ECONOMIA, SEM CONSIDERAR OS ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO

AZARADA

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Uma coisa a gente precisa admitir: a presidente Dilma é azarada. Bem ao contrário do sortudo presidente Lula.

É verdade que Dilma fez escolhas que se mostraram equivocadas, como a tentativa de crescer via consumo e as intervenções nos juros, nos preços, no sistema elétrico. Mas não é menos verdade que o ambiente foi desfavorável.

Se FHC, também azarado, havia padecido com as sucessivas crises dos emergentes (México 94, Coréia 97, Rússia 98), Lula assumiu a presidência em 2003, quando o mundo todo exibia um crescimento exuberante. E, especialmente, no momento de máxima aceleração da China, o que turbinou nossas exportações e trouxe uma enxurrada de dólares para o país. Pela primeira vez na história, o Brasil teve sobra de dólares.

Caiu do céu. Do céu internacional e do agronegócio, sempre tão hostilizado pelo PT. Pois foi o agronegócio que trouxe a maior parte dos dólares.

Lula também usufruiu dos benefícios da estabilização monetária, iniciada com o Real em 1994 e consolidada no início de seu governo, o que permitiu a volta do crédito, turbina do consumo.

Verdade que veio a crise financeira dos EUA (2009). Mas, como todos os demais emergentes, o Brasil estava mais preparado, em razão mesmo das reservas de dólares.

E se FHC havia sofrido com a maior seca da história, Lula ganhou períodos generosamente chuvosos. Verdade que houve enchentes e alagamentos, mas o apagão teria sido pior.

E por falar em azar, Dilma está apanhando uma seca parecida com a de FHC. A presidente também apanhou com os efeitos da crise financeira. Primeiro, pegou recessão nos países desenvolvidos e quando estes começaram a se levantar, os emergentes, e especialmente a China, desaceleraram. O comércio externo virou, dos superávits enormes, para um déficit real.

O Fed, banco central dos EUA, primeiro, inundou o mundo de dólares baratos, forçando a valorização das moedas emergentes; agora, está retirando dólares, forçando desvalorizações - e inflação.

Os efeitos da estabilização monetária e da volta do crédito se esgotaram. E os truques da era Lula, como a falsa capitalização da Petrobrás ou a equivocada aliança Sul-Sul, começaram a mostrar seus efeitos negativos.

O Brasil e os emergentes em geral, de queridinhos, viraram fonte de instabilidades.

Só falta Dilma perder a Copa.

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