quinta-feira, 10 de abril de 2014

SEITA DOS "SUJOS", PADRÃO PT DE JORNALISMO


Foto: Lula defende controle de conteúdo da imprensa em entrevista a blogs sujos e os convoca para a guerra
Por Reinaldo Azevedo
 

Quando a coisa aperta, então é o caso de chamar a rede de blogs que se orgulham, com justíssima razão, de ser chamados de “sujos”. É… Faz sentido! Tanto dinheiro público investido nesses patriotas, de forma direta ou triangulada (já explico)  tem de render alguma coisinha, não é? Ao menos uma entrevista chapa-branca. De resto, é sempre um conforto o Apedeuta falar com esses iluminados porque, por dever de ofício e fiel a quem paga a conta, eles são mais lulistas do que Lula, mais petistas do que Lula, mais governistas do Lula — mais realistas, em suma, do que o próprio rei, como vocês verão. Há até gente convicta entre eles, embora nunca gratuita, como na mais antiga profissão do mundo. Mas também há os que já foram antipetistas roxos — esse segundo grupo, não se enganem, tentará vender seus serviços aos tucanos ou aos peessebistas caso Dilma não seja reeleita. Como vocês verão, no caso do deputado André Vargas (PT-PR), fica claro que o chefão petista é mais duro do que as penas alugadas. Dá para entender os motivos: Vargas já foi o poderoso Secretário de Comunicação do PT e era um dos interlocutores dessa verdadeira quadrilha de iluministas. Adiante.

Lula dá a orientação. Para ele, trata-se de uma guerra e, para evitar a CPI, é preciso, para usar a sua expressão, “ir pra cima”. Com aquele desassombro de que só ele é capaz, afirmou: “A gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo”. De que “mentira” exatamente ele está a falar? O problema é outro: Lula não acredita é que possa existir a verdade: para ele, é tudo uma questão de guerra de versões. O mais forte vence. Ele se esquece de que foi a própria Dilma quem pulou, voluntariamente, no olho do furacão. Aliás, nos bastidores, ele próprio diz isso, numa linguagem que está mais para o ambiente sem censura da estiva do que para a nobreza dos salões.

E sobre André Vargas, o que tem a dizer? Isto: “Ele [André Vargas] é vice-presidente de uma instituição importante, que é a Câmara dos Deputados, e acho que quando você está em um cargo desse, você tem que ser exemplo. Espero que ele consiga convencer a sociedade e provar que não tem nada além da viagem de avião, porque, no final, quem paga o pato é o PT”. Embora, mais adiante, ele diga que o caso do avião “já é grave”, note-se que ele considera a questão menor. Como se fosse possível dissociar um presentinho de R$ 100 mil que um doleiro dá uma parlamentar dos favores que o dito-cujo presta ao financiador da prebenda. Mas esse é o mundo de Lula. Ele nunca teve dificuldades de justificar essas concessões. Ou não é verdade que, durante um bom tempo, quem cuidava de sua vida, digamos, financeira era seu compadre e advogado Roberto Teixeira? Assim, que mal há em Vargas ter o seu próprio Teixeira? Lula acha até desculpável.

NA ENTREVISTA, LULA NÃO FALA SOBRE DINHEIRO DE VARGAS NA CONTA DA DILMA

JORGE OLIVEIRA

O ex-presidente Lula inovou na maneira de falar à imprensa. Ele agora convoca os blogueiros oficiais – aqueles patrocinados pelas estatais – para falar à nação sobre os últimos escândalos do seu partido. Lula não queria ser importunado com perguntas inconvenientes sobre os últimos acontecimentos do PT que coloca na berlinda o deputado André Vargas, defensor radical do “Volta Lula”, envolvido numa sociedade rasteira e repugnante para um homem público com o doleiro Alberto Youssef em operações de lavagem de dinheiro.
Para quem quis amordaçar a liberdade de imprensa com um tal de conselho que restringiria a atuação livre da mídia, Lula até que foi coerente ao chamar os aliados chapas-brancas para uma coletiva. Evitou assim perguntas incomodas como a de que André Vargas foi muito bondoso com seus companheiros nas eleições de 2010. Além de arrecadar para a própria campanha, ele dividiu o precioso bolo das doações de 1 milhão de reais (é o que está registrado no TRE) com vários candidatos. Mas na divisão da grana já mostrava à época que não nutria muita simpatia com a candidata Dilma. Mandou-lhe apenas parcos 45 mil reais para a sua campanha.

Na entrevista, se questionado, Lula não teria explicações para esse ato fraternal de Vargas. Não teria também como explicar porque o doleiro  Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato, teria sido um dos convidados da comitiva de governo numa das viagens presidenciais à Cuba. Ora, se a atividade de Youssef é negociar dólar no paralelo não é difícil imaginar que a sua intenção seria a de vender a moeda no mercado negro no país dos Castro.  Pode-se deduzir também que os financiamentos do BNDES à Cuba, que têm cláusulas sigilosas, poderiam voltar ao Brasil em forma de ajuda de campanha. Aliás, essas denúncias foram feitas – e não investigadas – nas duas campanhas de Lula.
Não conheço político tão generoso com dinheiro como André Vargas. É inédito em campanha o que o deputado fez para ajudar companheiros do partido. Pelo que declarou à Justiça Eleitoral, Vargas contribuiu para a campanha de 32 candidatos. Imagine, sacou do seu bolsão de doações 900 mil reais e distribuiu aos amigos através do seu comitê de campanha. Desse total, doze candidatos eram do PT. Receberam 876 mil reais. Nesse “bolão”, a presidente Dilma recebeu apenas 45 mil.
Diante dessas revelações, agora dá para entender porque o deputado soltou a palavra de ordem, comum  a todos os petistas flagrados em associação com o crime: “Não cairei sozinho”. Vargas tentou chantagear a própria presidente, a quem ajudou na campanha, e seus parceiros de parlamento, lembrando-os do envolvimento com seu dinheiro de origem criminosa, como apurou a Polícia Federal.
Na entrevista aos blogueiros, Lula – que vestia uma guayabera dos revolucionários cubanos – não queria passar pelo constrangimento de responder que o dinheiro do doleiro chegou ao gabinete da presidente Dilma. Era esse modelo de entrevista que Lula imaginou quando atentou contra a liberdade de imprensa: jornalistas adestrados, perguntas previamente formuladas e jornais submissos às notícias oficiais. Dessa forma, os brasileiros jamais saberiam o que os petistas estão fazendo com o dinheiro público e porque quebraram a Petrobrás, que, mesmo diante das provas contundentes de corrupção, o ex-presidente teima em afirmar que tudo isso é coisa da oposição em época pré-eleitoral. O Brasil tem saudades do PT ético!

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