sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Taliban ecológico

Reinaldo Azevedo define a estratégia que não deu certo, pois os candidatos adversários não cairam na armadilha.

"Se vocês prestarem bem atenção, Marina Silva, a candidata do PV à Presidência, com aquela sua voz de criança, seus xales telúricos e seu ar beato, é a candidata que mais bate nos adversários — em especial no tucano José Serra.
E os jornais e sites noticiosos lhe dão ampla cobertura porque ela integra aquele grupo dos políticos inimputáveis.
Como é a candidata supostamente sem mácula, então pode se comportar como uma espécie de ombudsman no processo político, dando pito em todo mundo. Tenha dó!


Ela participou ontem do debate da Globo.
Foi, de longe, a sua pior atuação.
Aproveita a sua imagem positiva para investir no obscurantismo.
Como boa parte do jornalismo vive sob o mito da falsa isenção — e ser isento é entendido como não se alinhar nem com Dilma nem com Serra —, então não se tem com ela a mesma severidade que se tem com os líderes das pesquisas, em especial com o tucano.
Quem quiser saber do que falo dê uma olhadinha na Folha Online.
Procure ali uma só notícia que seria ao menos “neutra” para Serra.
Nada!
É só pancadaria.
E a mais agressiva é desferida justamente por Marina, segundo quem “Serra desconstruiu a própria imagem e vai perder perdendo”, seja lá o que isso signifique em “marinês”, essa língua que muita gente acredita entender.

Marina está brava porque, a quantos tenham algo entre as orelhas, a sua absoluta falta do que dizer ficou clara.
Ela apostava na carnificina do confronto entre Dilma e Serra, hipótese em que poderia pontificar como a única vegetariana num jogo de lobos.
Olharia, então, para o telespectador e diria: “Vejam como eles são; como brigam entre si; como são sanguinolentos.
Eu não!
Estou fazendo propostas”.
Só que os outros dois decidiram não ser herbívoros, se é que vocês me entendem.
E nem era mesmo hora de arriscar.

O ataque a Serra, na forma como ela decidiu fazer, seria burro se não fosse uma tática.
Ora, se é preciso ter duas mulheres no segundo turno — e, nesse caso, o problema de Serra, então, estaria em ser homem, o que é boçal —, tal evento, na cabeça de Marina, só se realizaria se ela tirasse uma montanha de votos do tucano.

Marina não quer mais segundo turno coisa nenhuma!
Sua jogada agora é outra: tenta provocar uma forte migração de votos dele para ela, aproximando-se o máximo possível do tucano, o que faria dela uma “líder nacional” — restaria saber em torno de quais propósitos."

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