sábado, 14 de julho de 2012

EVOLUÇÃO INTERROMPIDA




Abaixo, videos institucionais na época da fundação do Artesanato Solidário (1998).
Ruth Cardoso fala da importância dos projetos desenvolvidos para maximizar as potencialidades das regiões atingidas pela seca, e fez isso estimulando o talento para o artesanato.








O Comunidade Solidária foi extinto pelo governo Lula e, infelizmente, tivemos a volta do assistencialismo, tão combatido por Ruth Cardoso porque não promove o ser humano nem oferece condições dignas de trabalho e de oportunidades para as futuras gerações. Mesmo assim, as instituições criadas por Ruth deram continuidade aos programas. 

No âmbito nacional, entretanto, as ações que mobilizavam a sociedade em torno de causas concretas foram substituídas pelo culto ao poder que vem formando uma massa sem identidade, anestesiada pelo efeito da propaganda que vende ilusões, e pelo triunfalismo que desestimula o espirito solidário bem como anula a participação da sociedade na formação de opinião e nas tomadas de decisões. O que repercute e praticamente forma um pensamento único é o populismo que pauta a midia e "compra" consciências, é o apelo emocional que compromete a razão.

O que temos hoje no Brasil é a união de indivíduos e de grupos que se aliaram ao poder para satisfazer interesses próprios e, por credulidade ou falta de caráter, pregam o que reza a cartilha do partido que comanda o país e que tem a chave do cofre.
Isso tudo ofusca a realidade de tal jeito que as mazelas e misérias humanas deixaram de ser percebidas ou se tornaram banais.


Em um seminário de alto nível acadêmico, Ruth Cardoso soltou uma frase que os presentes não conseguiram realmente entender, segundo relato de um deles no livro que conta a história de sua vida: "O povo desunido jamais será vencido!" Ou seja, as vias de transformação em nossas sociedades segmentadas e multiculturais não surgem de uma centralidade do sujeito, seja ele qual for.

O que temos agora, já na segunda década do século XXI?
Os dados estão à disposição de qualquer cidadão interessado na verdade dos fatos.
Como explicar, então, que após uma década colhendo os frutos do Plano Real e surfando num crescimento mundial impressionante temos índices de desenvolvimento humano tão medíocres?


Se acompanhamos o desenvolvimento econômico - na lanterna, tanto é que mal sentimos os efeitos da atual crise como sentem os que tiveram grandes perdas  - regredimos consideravelmente no padrão de mentalidade que move a sociedade. Basta notar que o brasileiro não se envergonha nem se importa com o retrocesso em setores fundamentais, como saúde, educação, segurança, cultura e infra-estrutura, imposto ao país pelo governo no poder há uma década. 

Se o inconsciente coletivo foi dominado pela ideia de que uma mulher poderia ter a sensibilidade de mudar esse quadro, na prática e não apenas no discurso, isso seria verdadeiro se essa mulher tivesse o perfil de alguém como Ruth Cardoso. Os marqueteiros, porém, criam imagens que confundem até mesmo pessoas esclarecidas. Foi o que aconteceu na última eleição, gênios da propaganda transformaram uma desconhecida em personalidade e os créditos ficaram para o ex-presidente, que apenas impôs sua candidatura. 

O brasileiro precisa amadurecer muito para perceber quais lideranças, homens e mulheres, realmente têm condições de resgatar a herança perdida nesses últimos anos e de recuperar o caminho da dignidade de uma parcela da população que deu seus primeiros passos guiados pelas mãos de uma grande cidadã, Ruth Cardoso. 

Mais um pouco sobre a vida e a obra de Ruth Cardoso em entrevista ao programa Roda Viva:

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