sábado, 21 de fevereiro de 2015

A ENGAVETADORA-GERAL DE CPI E A IMPUNIDADE

O desastre provocado pelo petismo — não por FHC, que está fora do poder há 13 anos — na Petrobras tem consequências também sociais e econômicas. Os males não se esgotam no terreno moral.





A entrevista indigna de Dilma Rousseff, a “engavetadora-geral de CPI“ — e, pois, de bandalheiras. Acreditem: a magricela tentou culpar FHC! Ou: “Presidente, antes te houvessem roto na batalha eleitoral que servires à Petrobras de mortalha”

Por Reinaldo Azevedo
A presidente Dilma Rousseff não falava com a imprensa havia 60 dias, o maior período de silêncio desde que assumiu o seu primeiro mandato, em janeiro de 2011. Antes tivesse continuado calada. Ao se manifestar, revelou as patranhas que se discutem em salas talvez nem tão iluminadas do Palácio do Planalto. Ela concedeu uma rápida entrevista depois de receber os novos embaixadores estrangeiros que atuarão no Brasil. Ignorando que o PT deu início ao 13º ano de poder, afirmou a governanta, que está bem mais magra, com os olhos fundos:
“Olhando os dados que vocês mesmos divulgam nos jornais, se, em 96 ou 97, tivessem investigado e tivessem, naquele momento, punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante quase 20 anos [atuando em esquema] de corrupção. A impunidade, e isso eu disse durante toda a minha campanha, a impunidade leva água para o moinho da corrupção”. Afirmou mais: “Não que antes não existia (sic), é que antes não tinha sido investigado e descoberto. Porque quando se investiga e descobre as raízes surgem. E quando surgem as raízes das questões você impede que aquilo se repita e que seja continuado”.
Trata-se de uma estratégia. Dilma se referia a um testemunho de Pedro Barusco, gerente de serviços e subordinado do petista Renato Duque, que afirmou ter começado a receber propina em 1997. Outro depoente, Augusto Mendonça, da Toyo Setal, disse que o suposto Clube das Empreiteiras teria sido criado em meados da década de 90.
Foi isso o que Dilma andou combinando com Lula, João Santana e José Eduardo Cardozo? Como estratégia de defesa é um lixo; como justificativa, é um ataque à inteligência dos brasileiros e também à decência. Nunca ninguém afirmou que o PT deu início à corrupção na Petrobras. O que está claro é que ela se institucionalizou com o PT no poder. Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró foram postos em seus respectivos cargos para atender às demandas daqueles que os nomearam. Costa e Alberto Youssef já deixaram claro que atuavam para um esquema político, em favor de um projeto de poder.
E se, em 2009, na condição de presidente do Conselho da Petrobras, ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma tivesse dado todo o seu apoio à CPI da Petrobras, em vez de contribuir para esmagá-la? Um dos alvos da investigação era o superfaturamento na refinaria de Abreu e Lima. A presidente voltou a falar que, no governo FHC, havia o “engavetador-geral da República”, referindo-se ao então procurador-geral Geraldo Brindeiro. Nota: o Ministério Público é um órgão autônomo.
Na condição de principal ministra do governo Lula e presidente do Conselho da Petrobras, ela atuou como uma Engavetadora-Geral da CPI — e, pois, das falcatruas já evidentes. Então vamos ver, de novo, o vídeo em que assegura que a contabilidade da Petrobras é um primor, atacando a CPI.


Não é só isso, não! Quando deu essa entrevista, ela já conhecia os rolos da refinaria de Pasadena, tanto é assim que o Conselho já havia decidido recorrer à Justiça americana para que a Petrobras não fosse obrigada a comprar a segunda metade da refinaria. Nestor Cerveró, apontado como o principal responsável pelo desastre, deixou a diretoria Internacional da Petrobras pouco depois. Já na Presidência da República, dona Dilma Rousseff o premiou com a direção financeira da BR Distribuidora, nomeando-o no dia 16 de junho de 2011. O homem ficou no cargo até 21 de março do ano passado, quando o caso Pasadena já estava fervendo. E é ela quem vem acusar o governo FHC e falar de engavetadores?
Ora, ora… Dilma está com medo. Percebe-se isso no ritmo de sua fala. Nem a pesada maquiagem esconde as olheiras. Cuidado, presidente, a fome é sempre uma má conselheira!
A estratégia do governo compreende também tranquilizar as empresas. A presidente reafirmou que todos serão devidamente punidos e coisa e tal, mas sem paralisar o Brasil. “Nós iremos tratar as empresas tentando principalmente considerar que é necessário criar emprego e gerar renda no Brasil. Isso não significa de maneira alguma ser conivente ou apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja. Doa a quem doer.” Isso depende da Justiça, não do Executivo.
Sim, é fato. Já há milhares de trabalhadores demitidos — o número ainda é incerto — como consequência das investigações. Empreiteiras deixaram de receber da Petrobras e, por sua vez, de pagar fornecedores. Existe um efeito cascata, que termina nos mais pobres. O desastre provocado pelo petismo — não por FHC, que está fora do poder há 13 anos — na Petrobras tem consequências também sociais e econômicas. Os males não se esgotam no terreno moral.
Ê Dilma! Parafraseando Castro Alves, antes te houvessem roto na batalha eleitoral que servires à Petrobras de mortalha!

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