segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O INTELECTUAL E O ILETRADO

PAULO CASTELO BRANCO

Dizem por aí que um tal de Lula autorizou seus lacaios a procurar Fernando Henrique Cardoso para uma conversa sobre o futuro do Brasil.

O primeiro enviado especial deve ter batido com a cara na porta. Os demais talvez não tenham passado da portaria do prédio, onde o porteiro, ao saber da intenção do tal de Lula, deve ter oferecido um exemplar do " Diários da Presidência - 1995-1996" e recomendado que o tal de Lula, se tivesse disposição, verificasse nas páginas do volumoso exemplar, o que FHC, naqueles tempos, gravava sobre o ex-político que participara de grandes momentos da redemocratização do país.

A primeira menção a Lula é de uma conversa de FHC com o Francisco Weffort à época da formação do ministério: Disse Fernando Henrique - "Olha, Weffort, acho que seria muito importante nós mantermos uma relação muito fluida com o PT porque há problemas nacionais que nós temos que levar em conjunto" Weffort, respondeu: - " Você sabe, eu estou muito distanciado das posições do PT, já disse isso ao próprio Lula".

Pela conversa, é fácil notar que FHC, desde sempre, queria manter relação política com o então líder do Partido dos Trabalhadores que, derrotado, mantinha, por parte do presidente, prestígio.

Em seu relato sobre uma manifestação da Central de Movimentos Populares, capitaneada pela CUT, FHC faz o comentário da hora: " O Lula posando outra vez de herói nacional e, no "Estado de São Paulo", a fotografia dele na coluna da Cristiana Lôbo com uma frasezinha: " Ser professor de ciência política não significa saber política. Enfim, essa coisa deprimente, essa mediocridade que faz com que gente que não tem proposta para o país encontre acolhida na mídia. Bobagens ditas com ar de grande sabedoria. Enfim, o que podemos fazer? Nascemos aqui, vamos enfrentar o Brasil tal como é. O mundo é assim."

Pois é, como já disse nosso poeta Drummond, "Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse raimundo seria uma rima, não seria uma solução". As falas de FHC sobre o Brasil de hoje talvez fiquem para a posteridade, pois o ex-presidente ainda tem muito a publicar sobre o seu período de governo, o que, com certeza, irá desmascarar o causador do maior desastre político em tempos democráticos do Brasil. Como Fernando Henrique poderá conversar com Lula sem deixá-lo ouvir as gravações que fez sobre o operário que ficou rico, fazendo palestras sem nunca ter se dedicado à leitura e à reflexão?

O mal que Lula causa e causou ao Brasil, não só no momento atual, mas, especialmente quando se travestiu de deus e achou que havia criado o céu e a terra, é o ponto complexo de uma impossível conversa republicana.

A corja que o acompanhava e que hoje vive sob custódia judicial recebem do líder as melhores referências e homenagens como se fossem revolucionários em busca de novos tempos para o povo; de fato, o que os governos do Partido dos Trabalhadores ofereceu foi uma festa em que os convidados se empanturraram de comida e bebida e, no final, tiveram desarranjo intestinal e acabaram em coma. É assim que os eleitores do grande programa social se sentem; e não só eles, também os demais brasileiros, mesmo sem participar do banquete, ficaram doentes só de olhar o desatino praticado por Lula e Dilma.

A presidente, que imaginávamos afastada da corrupção e da roubalheira, se tornou refém do tresloucado Lula, e, agora, não pode nem renunciar à presidência, pois, se o fizer, e Lula for preso , certamente o seu mentor, para reduzir a sua suposta pena, aceitará uma proposta de delação premiada e carregará até as profundezas do pré-sal os seus mais fiéis companheiros, inclusive ela. O foro privilegiado é uma excrescência, mas, nesta hora, serve para prolongar um pouco mais o poder.

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