quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A REPÚBLICA DA VASSOURA

Guilherme Fiúza, ÉPOCA

O Brasil que aprova Dilma Rousseff quis esquecer Erenice Guerra. Quis esquecer a pessoa que Dilma preparou para comandar seu governo - e caiu antes da hora, ao transformar o Ministério da Casa Civil em bazar de interesses particulares.

O Brasil quis esquecer que Erenice era braço direito de Dilma, ou mais que isso, era o estilo Dilma de administração pública. De nada adiantou o esquecimento, porque o espírito está em Dilma - e, se não é Erenice, é Rosemary.

Chega a ser patético o sobressalto dos brasileiros com o escândalo na representação da Presidência da República em São Paulo. O gigante adormecido, decididamente, não presta atenção no filme.

Rosemary Noronha, chefe de gabinete de Dilma na capital paulista, protegida da presidente, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de José Dirceu, é apanhada com a boca na botija. O que fazia Rosemary? Exatamente o mesmo que Erenice. E também que Dirceu e mensaleiros associados: tráfico de influência. Uso do Palácio para a montagem de negócios privados.

A ficha ainda não caiu. O público continua meio confuso, já querendo aplaudir a presidente pela demissão da delinqüente. Chegará o dia em que Dilma demitirá solenemente a si mesma - e chegará aos 100% de aprovação popular.

Lula criou a representação da Presidência em São Paulo, e Dilma, então ministra-chefe da Casa Civil, nomeou Rosemary como chefe de gabinete.

Eleita presidente, Dilma manteve Rosemary no cargo. Alto zelo com a titular de um gabinete que, segundo o líder do governo no Senado, Eduardo Braga, "não é usado". Por que a proteção por tantos anos a uma funcionária de uma repartição que não serve para nada?

Aí está o engano. O tal gabinete era muito útil. Ali se fechavam excelentes negócios particulares. A venda de pareceres das agências reguladoras para empresários ampliou a função desses órgãos técnicos.

Como se sabe, eles foram criados no governo Fernando Henrique, para acabar com a interferência política dos ministérios nas decisões sobre infraestrutura.
No governo Lula, as agências se tornaram importantíssimas para abrigar companheiros e seus afilhados. Criadas para acabar com a politicagem, elas se tornaram a própria politicagem. Continuaram seguindo estritamente critérios técnicos - a técnica do cabide.

Leia a íntegra em A República da Vassoura

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