sexta-feira, 1 de agosto de 2014

MP PÕE FIM AOS PRIVILÉGIOS DE MILITANTES

Foto: Nãao é, Bene Barbosa?Ministério Público entra com ação civil pública contra privilégios concedidos por Haddad ao MTST, do coxinha radical Guilherme Boulos

Por Reinaldo Azevedo
Finalmente, um pouco de bom senso contra a irracionalidade. O Ministério Público Estadual entrou com uma ação civil pública contra a Prefeitura de São Paulo, conforme anunciou que faria, para pôr fim aos privilégios de que passou a gozar o tal MTST — Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto — na distribuição de moradias na cidade. O dito movimento, comandado pelo coxinha radical Guilherme Boulos, transformou-se numa espécie de gestor informal dos programas de moradia da cidade. Pior: a Prefeitura mantém em sigilo, contra a lei, o cadastro dos inscritos. A questão se transformou num jogo de compadres. Boulos e seus comandados ajudaram a fazer a campanha eleitoral do senhor Fernando Haddad, do PT, e Haddad, como paga, talvez, fez deles sócios preferenciais de sua gestão. É ilegal. É imoral. É discriminatório.
Como agem Boulos e seus sequazes? Segundo a lógica da tropa de assalto ao poder e ao Estado! Atropelam a administração e furam a fila dos inscritos. Na prática, essa gente privatizou os programas de moradia. Afirma em sua ação o promotor Mauricio Antônio Ribeiro Lopes: “Trata-se de privilegiar o absurdo dos absurdos! Aceitar-se o descontrole em nome de política rasa de privilégio a grupos em troca de votos ao invés de respeitar o direito de milhares”. É isso mesmo! O promotor vai além: “O que pretende na verdade o Movimento? Destinação privilegiada de áreas públicas ou particulares para edificação de moradia para os seus associados ou simpatizantes [...], com burla à lista de inscritos que esperam há anos pelo almejado sonho da casa própria”.
Mais uma vez, nada a corrigir. É exatamente isso o que está em curso. Boulos também é colunista da Folha, como sou. Em seu mais recente texto, ele decidiu me atacar e a meus leitores. Afirma que represento, imaginem vocês, um perigo porque começo a “juntar adeptos, movidos por ódio, preconceitos e mentiras”. Esse é o cara que comandou, por exemplo, uma invasão no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Uma invasão, na verdade, feita de barracas, não de pessoas. Ou por outra: os seus sem-teto eram uma farsa. Trata-se, enfim, de uma especialista em ódio, preconceitos e mentiras.
O promotor aponta o óbvio: a concessão de privilégios aos comandados do senhor Boulos agride o direito de terceiros e fere a Constituição. Escreve ele: “O que se vê do duelo entre Administração Pública e as consequências da luta política do MTST é a fragilização do direito de igualdade dos que aguardam em condições ordeiras, há anos, ser chamados para obtenção de financiamento habitacional”. Traduzindo: quem está tendo seus direitos agravados não são os ricos, os poderosos, como tentam fazer crer Boulos e seus apaniguados, mas os pobres.  É preciso, em suma, não confundir uma pessoa que não tem casa própria com um comandado do MTST. O primeiro é um pobre de verdade; o segundo é um militante político, que usa a pobreza para impor uma ideologia.
Numa patética entrevista concedida à Folha desta quinta, afirma o prefeito Fernando Haddad: “Cobra-se muito a revolução [em São Paulo] desde que não se mexa em nada. Isso é impossível. Como eu estou disposto a mudar a cidade, vou seguir a minha intuição de que existe uma chance de que a cidade descubra um destino para o qual ela está vocacionada. Essa cidade pode mais.”
É mesmo? Em primeiro lugar, quem é que está a cobrar a revolução? Que revolução é essa? Qual é seu conteúdo? Em segundo lugar, observo que essa historia de cidades ou países terem um “destino” e uma “vocação” é papo de políticos fascistoides, que se julgam ungidos pela história.
A conversa de Haddad ilustra muito bem, enfim, por que sua gestão é rejeitada por 47% dos paulistanos e aprovada por apenas 15%. Sua entrevista deixa entrever que há espaço para cair ainda mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário