domingo, 18 de setembro de 2011

AS VAIAS PARA HADDAD.


Uma semana depois de o Enem de 2010 ter mostrado uma acentuada queda no desempenho das 50 melhores escolas de São Paulo, a cidade na qual pretende candidatar-se a prefeito em 2012, o ministro da Educação, Fernando Haddad, foi vaiado na Faculdade de Educação da USP e se envolveu em bate-boca com estudantes que criticavam a situação de abandono de várias instituições federais de ensino superior.

A expansão das universidades federais é uma das bandeiras que Haddad pretende usar em sua campanha eleitoral e os estudantes que o vaiaram eram, justamente, supostos beneficiários de sua política.

Criadas com base mais em critérios de marketing político do que acadêmicos, tendo em vista a eleição presidencial de 2010, várias universidades federais foram inauguradas às pressas em instalações improvisadas, sem laboratórios e professores em número suficiente.

Por isso, os grupos e facções estudantis que não se deixaram cooptar pelo governo federal - que converteu a UNE numa entidade chapa branca, por meio de generosos repasses financeiros - definiram uma pauta de reivindicações e um cronograma de protestos contra Haddad.

Também acusam o ministro de não reivindicar um aumento mais expressivo do orçamento da educação.

Nesta década, o País tem investido, anualmente, 5% do PIB em ensino.
(...)

Com o objetivo de mudar o foco do noticiário, que destacava o quadro desolador em que se encontra o ensino médio, revelado pelo último Enem, Haddad agora defende o aumento do tempo de permanência dos alunos na escola, seja ampliando de 200 para 220 o número de dias do ano letivo, seja elevando a carga horária diária.
(...)

Esta tem sido a característica da gestão de Haddad à frente do MEC.
Ele agita bandeiras vistosas, que lhe permitem sonhar com voos políticos mais altos, mas que carecem de eficácia e desperdiçam recursos escassos em programas sem a necessária conexão entre si.

O ministro já defendeu a democratização do acesso ao ensino superior, sem tratar seriamente do ensino fundamental.
Ele defendeu propostas irrealistas, como a adoção do tempo integral no ensino básico, quando deveria cuidar de questões fundamentais, como melhorar a qualidade do ensino de português, matemática e ciências.
Endossou a introdução de filosofia e sociologia no ensino médio, sem que o País disponha de professores dessas disciplinas em número suficiente.
Estimulou a ampliação desenfreada de escolas técnicas, sem que a rede já existente tivesse recursos suficientes para atender às despesas de custeio.

E, ao tentar utilizar o Enem para unificar os vestibulares das universidades federais, desmoralizou esse mecanismo de avaliação.

A constrangedora vaia dos alunos da USP para Haddad não causa surpresa.
Ela é a reação natural a uma gestão errática, demagógica e, principalmente, inepta.

Íntegra no blog do Marco Sobreira

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