sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Vampiros de cofres públicos não suportam a claridade.

Expostos à claridade do dia 7, porta-vozes de vampiros de cofres públicos se desfazem em cinzas como um drácula de cinema
Por Augusto Nunes

Quem acompanhou o ato de protesto na Avenida Paulista pôde contemplar uma reveladora amostra da novíssima geração de brasileiros ─ um fascinante universo que a imprensa não enxerga e os políticos de todos os partidos desconhecem.

A anunciação da primavera brasileira transferiu para o museu das antiguidades do século passado os que subestimam o poder de fogo da internet, os que duvidam do interesse dos moços por questões políticas e os que não acreditam na existência de militantes fora dos partidos.
(...)

Cinco ou seis militantes do PT apareceram com uma bandeira vermelha.
Como se recusaram a arriá-la, o pedaço de pano foi queimado ao som de duas palavras de ordem: Primeira: “Saí daí, otário: o movimento é apartidário”.
A segunda começava com o palavrão que rima com o fecho: “Nossa única bandeira é a bandeira do Brasil”.

As inscrições nas faixas e as mensagens gritadas em coro reafirmaram que os manifestantes não estão a serviço de ninguém.

Exigem a punição dos corruptos, pedem cadeia para os gatunos, fustigam a turma da ficha suja, recomendam que o dinheiro tungado seja investido em saúde e educação, recordam o escândalo do mensalão e informam que as vítimas do roubo em escala industrial são os pagadores de impostos.

Um movimento gerado pela ladroagem institucionalizada não conseguiria poupar por muito tempo os mentores da decomposição moral do Brasil.
Cedo ou tarde, ficaria evidente que não há como marchar contra a corrupção sem tropeçar nos arquitetos do aparelhamento da máquina estatal e no loteamento das verbas dos ministérios.

Lula não inventou a corrupção, mas foi ele quem transformou contratos de aluguel em instrumentos de poder.

Se há corruptos em todos os partidos, em nenhum lugar do mundo há tantos delinquentes por metro quadrado como num encontro do PT com a base alugada.
Em dois ou três meses, os jovens que lutam pela decência teriam de lancetar o tumor em sua fonte.

Foram poupados da opção inevitável pelo açodamento dos blogueiros estatizados e dos jornalistas federais, que vestiram imediatamente a carapuça e simplificaram as coisas.

“Nossos corruptos são bons companheiros”, berram nas entrelinhas os palavrórios raivosos que, enquanto tentam reduzir as dimensões dos atos de protesto, investem contra os fantasmas de sempre.


Um sacristão da seita maniqueísta já enxergou por trás da manifestação outra sórdida tentativa de derrubar o governo, tramada pela elite golpista, por granfinos quatrocentões e pelos loiros de olhos azuis.
Definitivamente, faltam neurônios e sobram neuroses a adoradores de divindades de araque que viraram cúmplices de corruptos juramentados.

Expostos ao Sete de Setembro ensolarado por manifestações que podem moldar um Brasil muito mais luminoso, os porta-vozes do país que parece um grande clube dos cafajestes foram reduzidos a cinzas como dráculas de cinema.
Vampiros de cofres públicos e suas velharias domesticadas não suportam a claridade.

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