segunda-feira, 25 de junho de 2012

'Brasiguaios' temem retaliação de Dilma ao Paraguai

DA BBC BRASIL


Na comprida mesa ocupada por imigrantes brasileiros numa churrascaria da capital paraguaia, Assunção, só um assunto gerava reações mais apaixonadas que o debate sobre quem venceria a final da Copa Libertadores: a perspectiva de que o Brasil adote sanções contra o Paraguai devido ao impeachment do presidente paraguaio Fernando Lugo, na sexta-feira.

Na tentativa de evitar a destituição de Lugo, a presidente Dilma Rousseff afirmara horas antes que havia "previsão de sanções" aos países que não cumprissem "os princípios que caracterizam uma democracia".
Disse ainda que a transgressão das regras democráticas poderia resultar na "não participação nos órgãos multilaterais", ou seja, na expulsão do Paraguai do Mercosul e da Unasul.

"Antes de falar bobagem, ela deveria pensar em quantos brasileiros moram aqui", diz o pecuarista paranaense Rui Rosa, que vive no Paraguai desde 1982.

Para o dono de churrascaria Valdinarte Cardoso, Fernando Lugo caiu rápido demais, o que compromete a imagem do Paraguai

Segundo ele, a fala da presidente reforçou entre os paraguaios a visão de que o Brasil age de forma imperialista com o vizinho, ditando-lhe o que é certo e o que é errado. 

"Cada comentário desses piora ainda mais nossa imagem", afirma.
"Quando cheguei aqui, os brasileiros eram bem vistos. Hoje, o paraguaio gosta mais dos argentinos do que de nós".

Apesar dos esforços de Dilma e de outros líderes sul-americanos, Lugo foi derrubado ao fim de um julgamento iniciado pelos parlamentares na quinta-feira.
(...)

Para Rosa, porém, o impeachment de Lugo foi benéfico para o Paraguai e para os "brasiguaios", como os imigrantes brasileiros são conhecidos por lá.

Segundo Rosa, Lugo aguçou a animosidade entre os grupos ao estimular invasões.
Além disso, ele afirma que o ex-presidente "criou um sentimento de que os brasileiros são ladrões de energia", referindo-se à renegociação do acordo de Itaipu conduzida por ele. 

As tratativas resultaram na triplicação do montante pago anualmente pelo Brasil ao Paraguai pela energia gerada na usina binacional.

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